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'Temos que dar tempo ao tempo', diz Adnet sobre Dani Calabresa

Separado desde abril do ano passado da atriz Dani Calabresa, Adnet não se sente à vontade para falar sobre o assunto, tão pessoal

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Redação iBahia

04/10/2018 às 12:59 • Atualizada em 30/08/2022 às 8:15 - há XX semanas
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Aos 37 anos, o humorista Marcelo Adnet faz sucesso com a série "Tutorial dos candidatos", no site do Globo. Nos vídeos, o imitador de políticos leva o povo às gargalhadas, mas guarda consigo algumas tristezas: "Por que Marielle teve de tomar tiros na cara?", questiona, indignado. Separado desde abril do ano passado da atriz Dani Calabresa, Adnet não se sente à vontade para falar sobre o assunto, tão pessoal: "Sou muito fã. Mas não interessa ao público se eu falo ou não com ela".
Foto: Reprodução | Instagram
Como montou suas imitações?
Busquei o que os candidatos têm de mais caricato. E acabei fazendo um resumo das propostas. Existe um trabalho jornalístico ali.
Quando começou a imitar?
Minhas primeiras imitações foram ligadas à política. Aos 7 anos, comecei a imitar o Lula e o Collor. Em 1989, gostava do Covas e pedi que minha mãe me levasse a uma passeata. No segundo turno, escolhi ser Lula.
Revela o seu voto?
Tenho minhas predileções, mas me sinto inseguro. É uma eleição difícil, que muda a cada dia. E minha função exige isenção.
Está otimista?
Há duas forças dentro de mim, uma é pessimista. Vivemos um momento de falas violentas. Porém, acho que o Brasil tem a capacidade de resiliência. Foi assim com a ditadura, com o confisco da poupança no período Collor... Os analistas políticos estão perdidos. Todos nós estamos. Ninguém sabe o que vai acontecer. O cenário é irreal: Lula preso, Bolsonaro esfaqueado... Por que Marielle teve de tomar tiros na cara? Isso é um recado de um setor que comanda o Rio de Janeiro. A violência se banalizou. Não aceitamos tiros na cara de uma mulher.
Imagina-se um dia na política?
Seria interessante, mas é perigoso pra cacete. Se combato a milícia, eles vão lá e me matam. A política está em mim desde meus 7 anos. Está no meu coração. Mas, imagina alguém ameaçar minha família...
Você se separou da atriz Dani Calabresa no ano passado. Ficaram amigos, depois de tudo o que aconteceu? (Marcelo Adnet foi flagrado por um paparazzo, trocando carinhos com uma mulher que ele jurou ser sua amiga)
Fomos casados por sete anos. A relação, ao todo, durou nove anos. A gente trabalhou junto depois, na Escolinha do Professor Raimundo. Fizemos juntos duas temporadas já, depois do divórcio. Sou muito fã dela, gosto muito. Torço muito por ela. É claro, a gente tem que ter um respeito, dar tempo ao tempo, tudo isso. Mas tenho uma admiração muito grande por ela.
Como assim, dar tempo ao tempo? Não existe amizade?
Isso é muito pessoal. Não interessa ao público se eu falo ou não com ela, o que eu faço ou não. Isso é um jornalismo que eu faço questão de deixar pra lá. Esse jornalismo de fofoca abriu um precedente para a gente atacar as pessoas e achar que tem o direito de criticar alguém por alguma escolha pessoal, por um traço da sua personalidade. Já houve uma ocasião em que o paparazzo falou que eu peguei três pessoas no Baixo Gávea, num dia em que eu não peguei ninguém. Não processei, mas deu uma grande confusão e resolvi deixar pra lá. Só que hoje, se eu digo "não fura o sinal vermelho", a pessoa diz: "Que moral você tem, se você pegou três no Baixo Gávea?" Isso é destruir a pessoa. É se aproveitar da visibilidade para abordar coisas do seu universo pessoal e tornar isso um constrangimento. Fico muito triste, pois não é só o meu nome. Existe outra pessoa.
Como se relaciona com as redes sociais?
Se eu abrir minha rede agora, vai ter um monte de xingamentos: "Você é um merda, um fracassado, um lixo. Você botou fogo no museu". Não me importo. Sou maduro. Mas o ser humano que lê mil vezes a mesma coisa acaba acreditando. Opinar sobre política gera um movimento de ataque.
O Brasil tem graça?
Tem muita graça. Mesmo dentro da desgraça, o brasileiro mantém o seu humor.
E o humorista tem depressão?
Sempre. O humorista é um deprimido. Tem que ser. Minha teoria é a do (nadador) César Cielo. Ele passa oito horas por dia nadando, treinando. Quando sai da piscina, alguém diz: "Bora pegar uma piscina?". Ele ama a piscina, mas precisa de um tempo longe dela. A gente, que trabalha com humor, precisa baixar a bola, se alimentar de alguma situação, para transformar esse algo em humor.

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