O clássico Ligações Perigosas, escrito por Choderlos de Laclos (1741-1803) e filmado por Stephen Frears em 1989, ganha nova versão a partir do dia 4 de janeiro na Globo/TV Bahia. Na minissérie escrita por Manuela Dias com supervisão de texto de Duca Rachid, direção-geral de Vinícius Coimbra e direção de núcleo de Denise Saraceni, um homem e uma mulher estabelecem jogos de sedução sem qualquer compromisso com os envolvidos.
O casal em questão é formado pela viúva Isabel D’Ávila de Alencar (Patrícia Pillar) e pelo bon vivant Augusto de Valmont (Selton Mello). O trabalho marca o retorno, após quatro anos, do prestigiado ator à televisão aberta. O último projeto na TV, no entanto, foi como diretor da série Sessão de Terapia, exibida no GNT.
O personagem de Selton é amante de Isabel e se envolve com várias mulheres. Sua próxima vítima é Mariana (Marjorie Estiano), uma mulher casada e devota que passa uma temporada na Quinta de Consuêlo (Aracy Balabanian), tia de Augusto. Em entrevista ao CORREIO, Selton, 42 anos, fala sobre a nova série, elogia Marjorie Estiano e Patrícia Pillar, adianta seus planos e não descarta voltar a fazer novelas.
Em Ligações Perigosas, personagens de Patrícia Pillar e Selton Mello são amantes antigos (Foto: João Cotta/TV Globo) |
Você estava afastado da TV aberta há quatro anos. O que te fez voltar em Ligações Perigosas? O que tinha de diferente e irrecusável neste convite?
Meu último trabalho na televisão foi no GNT. Foram três anos dirigindo a série Sessão de Terapia. Quando me convidaram para interpretar o Valmont aceitei na hora. A minha geração pirou com a versão de Ligações Perigosas do Stephen Frears para o cinema. Os personagens são incríveis, clássicos, há tempos não me entusiasmava tanto com um trabalho.
Como compôs este personagem sedutor e de caráter duvidoso?
Li o roteiro e fui aos poucos entendendo a lógica do Augusto de Valmont. O texto da Manuela Dias é incrível, ela conseguiu transpor o clima da obra original, ambientada na França do século XVIII, para o Brasil dos anos 1920. Fizemos várias leituras com todo o elenco e a direção. Augusto de Valmont é um dos personagens mais incríveis de toda minha trajetória. Espero que o público receba o que fiz como um presente.
E contracenar com Patrícia Pillar e Marjorie Estiano, como está sendo?
Um prazer enorme. Nunca tinha contracenado com a Patrícia, nem com a Marjorie, e sempre admirei muito o trabalho delas. Foi um encontro muito feliz, muito proveitoso, a troca foi rica e saio do trabalho mais fã ainda delas.
Na nova série, o plano de Augusto é seduzir a devota Mariana, papel de Marjorie Estiano (Foto: Cauia Franco/TV Globo) |
Qual foi a maior dificuldade na concepção desse personagem e há algo em comum com ele?
Quando você se apaixona por um trabalho, essa dificuldade não existe. E foi o que aconteceu em Ligações. Não estava lá fazendo mais um trabalho, eu queria estar lá. Não tenho nada em comum com o Valmont, mas é um grande personagem, complexo, cheio de nuances e camadas. Perfeito para a minha idade e a maturidade que tenho agora.
Você topou também por ser série, algo mais curto? Ainda encararia um projeto maior como uma novela?
Não faço novelas há 15 anos, mas sempre estive envolvido com algum projeto, atuando e dirigindo no cinema, dirigindo na televisão... Gosto dessa mobilidade: dirigir quando quero dirigir, atuar quando quero atuar. A novela prende um pouco por ser um trabalho bem mais longo. Mas não descarto a possibilidade. Minha vida é muito dinâmica, mas quando aceito um trabalho, sempre estou inteiro, fazendo o que for.
Seu trabalho de diretor se destacou nos últimos anos. Isso mudou seu trabalho como ator de algum modo? É possível escolher a função que mais curte hoje ou as duas te dão prazeres diferentes?
Mudou, porque agora sei o trabalho que dá! Quando dirijo, tenho que pensar em tudo. Isso me deu a dimensão do todo, o que é muito legal. Mas também é ótimo atuar, porque me sinto mais leve, só tenho que pensar no meu trabalho. A diferença é que hoje tenho consciência de todos os problemas que existem por trás das câmeras.
O último trabalho de Selton na TV tinha sido na série A Mulher Invisível, com Débora Falabella e Luana Piovani(Foto: Estevam Avellar/TV Globo) |
As pessoas te cobravam o retorno à televisão?
Não chega a ser uma cobrança, mas algumas pessoas perguntam quando eu vou voltar, dizem que sentem falta de me ver na TV. Comecei na Globo em 1984, na novela Corpo a Corpo. Tinha 11 anos. Muita gente que trabalha comigo hoje me conheceu menino. Os estúdios eram o meu parque de diversões, foi ali que exercitei a minha imaginação e aprendi o meu ofício.
O que ou quem é a sua maior inspiração?
Continuar fazendo trabalhos que me motivem e me façam entregar para o público algo feito com o coração, como o Augusto de Valmont, de Ligações Perigosas. Minha inspiração maior? Meus pais. Eles são o público número um que pretendo comover ou divertir. São minha base, meus apoiadores e as pessoas mais importantes de minha vida.
Além de Ligações, algum novo projeto na TV ou cinema?
Estou trabalhando na edição do meu novo longa-metragem, que estreia em 2016. Chama-se O Filme da Minha Vida, baseado em um livro do autor chileno Antonio Skármeta, mesmo autor de O Carteiro e o Poeta. Eu dirigi e também atuei no filme, ao lado de Vincent Cassel, Johnny Massaro e Bruna Linzmeyer. E também tenho um filme para fazer com o Seu Jorge no ano que vem. Aproveito para mandar um grande abraço para o público da Bahia que sempre recebeu com muito carinho os meus trabalhos.
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