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O diretor de "Quincas Berro D'Água", que estreou na sexta (21), conversou com o iBahia

Sérgio Machado fala sobre a mais nova adaptação de um livro de Jorge Amado para o cinema

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23/05/2010 às 18:51 • Atualizada em 29/08/2022 às 17:05 - há XX semanas
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sergio-machadoA Bahia quente, sensual e de traço ambíguo presente nas obras de Jorge Amado foi a mesma retratada no filme "Cidade Baixa" (2006), dirigido pelo cineasta baiano Sérgio Machado. Não à toa, crítica e público trataram logo de associar as narrativas e os temas dos dois baianos. Agora, com a adaptação para o cinema de "Quincas Berro d’Água", uma das obras mais marcantes da literatura de Jorge Amado, a associação é inevitável.

"Quincas" traz no elenco nomes como Paulo José (vivendo o personagem título), Marieta Severo, Mariana Ximenes, Vladimir Brichta, além de Luis Miranda e Frank Menezes, bastante conhecidos do público baiano. Sobre a expectativa em relação ao novo trabalho e a experiência de conduzir uma adaptação daquela que é considerada a obra-prima de Jorge Amado, o diretor Sérgio Machado conversou com o iBahia.com.

Está satisfeito com seu trabalho em "Quincas"? É sempre complicado avaliar um trabalho com qual estamos envolvidos até o pescoço. É muita parcialidade. E é tudo muito recente, acho que ainda não tenho o distanciamento necessário para avaliar o que fiz. Mas a recepção do público tem sido boa. E a da crítica também, só li coisas boas. Talvez esse seja um indicativo de que, se não acertei completamente, também não cometi um erro muito grande. Acha que conseguiu imprimir uma autoria - mesmo retratando uma história fortemente atrelada ao Jorge Amado? Veja, embora esse seja o meu filme com maior orçamento, maior lançamento e mais personagens, eu acredito que seja também o meu trabalho mais pessoal. A minha história com a literatura e a pessoa do Jorge [Amado] é bem antiga. Ele assistiu a um filme meu, o curta "Troca de Cabeças", gostou e enviou, junto com uma carta de recomendação, ao Walter [Salles]. Foi aí que tudo começou. Tenho uma relação muito forte com o Jorge. E, agora em Quincas, que é uma adaptação de uma obra dele, acho que essa admiração não prejudica, não cega. Pelo contrário, faz com que eu esteja ainda mais próximo do universo que estou retratando. E isso deixa o filme mais verdadeiro, mais pessoal. Você conseguiu chegar a Cannes com "Cidade Baixa". Já está pensando em uma carreira internacional para "Quincas"?No início, pensei em inscrever Quincas também no Festival de Cannes. Mas não deu, demoramos bastante na pós-produção do filme. O período de inscrição para Cannes passou e ainda não tínhamos o filme totalmente pronto. Agora, estou pensando no festival de Veneza, que acontece em setembro. Mas estou otimista com uma carreira internacional para o filme. Quincas é uma co-produção entre Brasil e França e eles, os franceses, estão bastante otimistas com as possibilidades do filme. Como foi dirigir Paulo José? Paulo é um ator que acostuma mal um diretor. Você, simplesmente, não precisa fazer esforço para conduzi-lo. Ele sabe o caminho. É um grande ator. Quando trabalhei com Fernanda Montenegro, a sensação foi a mesma. São atores especiais, realmente diferenciados. O Paulo topava tudo em cena. A gente gastou um bom dinheiro para fazer os bonecos [dublês] e ele não usou, fez as cenas. Chegou a ficar pendurado na estátua da Praça Castro Alves. Essa garra, a aplicação, o talento fazem com que eu tenha vontade de colocar o Paulo em pote e guardá-lo para, assim que for fazer um filme, ele permanecer a meu alcance. Recentemente, visitei o set do novo filme de Selton Mello e vi o Paulo trabalhando, vestido de palhaço. Fiquei com inveja do Selton. O Paulo é um ator brilhante e foi o grande triunfo de Quincas. É verdade que durante as gravações você gostou tanto de trabalhar com o computador que seu próximo projeto será em forma de animação? Sim, é verdade. Já estou trabalhando na adaptação de "A Arca de Noé", de Vinicius de Moraes, que pretendo levar ao cinema no formato de animação. Sabe, durante a filmagem de Quincas, tive alguns desafios de produção e precisei recorrer bastante ao computador. Fiz muito storyboard no computador antes de rodar as cenas. Acho que acabei pegando o gosto pela coisa. A possibilidade de trabalhar com a tecnologia faz a gente perder as amarras, os limites. Isso é muito bom, dá pra deixar a imaginação correr solta.

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