O Ministério Público de Pernambuco (MP-PE) solicitou, nesta segunda-feira (25), o arquivamento parcial da investigação da Operação Integration, que apura lavagem de dinheiro proveniente de jogos ilegais, envolvendo a advogada e influenciadora Deolane Bezerra e o cantor Gusttavo Lima. A informação foi divulgada pelo g1.
O MP-PE argumenta que a regulamentação das apostas esportivas online elimina os indícios de lavagem de dinheiro nesse segmento. No entanto, a investigação sobre lavagem de dinheiro relacionada ao jogo do bicho deve prosseguir, com a identificação de possíveis vínculos entre a empresa Esportes da Sorte e a banca Caminho da Sorte.
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O pedido foi assinado pela promotora Mariana Pessoa, em conformidade com a determinação judicial de oferecer denúncia, arquivar o caso ou solicitar novas diligências. Além disso, a investigação sobre a venda de uma aeronave por Gusttavo Lima às empresas Esportes da Sorte e Vai de Bet foi arquivada por falta de provas.
O Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJ-PE) ainda não se manifestou sobre os próximos passos do processo.
Segundo o MP, não foi encontrada correlação entre os valores da "Esportes da Sorte", que continua sendo investigada por lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bicho, e a empresa "Vai de Bet". O único vínculo entre as duas empresas, apurado até o momento, é a venda de uma aeronave por Gusttavo Lima ao dono da "Esportes da Sorte", que posteriormente a repassou à "Vai de Bet".
A promotora Mariana Pessoa também destacou que o Ministério Público aguarda a quebra dos sigilos bancário e fiscal da empresa Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos, que, conforme o inquérito, atua como intermediadora de pagamentos tanto da Esportes da Sorte quanto da Vai de Bet.
"A materialização dos indícios dessa mescla e, consequentemente, dos crimes de lavagem de dinheiro e associação criminosa dela decorrente, depende do resultado das quebras dos sigilos bancário e fiscal da Zelu Brasil Facilitadora de Pagamentos e de outras empresas e investigados, em relação aos quais o Ministério Público requisitou a realização dessa diligência", diz o texto do MP-PE.
Embora o MP-PE tenha indicado que a Operação Integration não identificou relação financeira entre as duas casas de apostas como justificativa para o pedido de arquivamento parcial da investigação, o órgão recomendou que os documentos que apuram operações suspeitas da "Vai de Bet" sejam encaminhados para as autoridades do Estado da Paraíba.
Entenda o que motivou pedido de prisão de Gusttavo Lima e Deolane Bezerra
A Polícia Civil de Pernambuco deflagrou no começo de setembro a Operação Integration, que culminou na emissão de 19 mandados de prisão e 24 mandados de busca e apreensão em cinco estados, incluindo os mandados de prisão para Deolane Bezerra e Gusttavo Lima.
No dia 23 de setembro, a Justiça de Pernambuco determinou a prisão do cantor Gusttavo Lima. A decisão faz parte da operação "Integration", a mesma que prendeu a advogada Deolane Bezerra, no início do mês, por suposta participação em um esquema de lavagem de dinheiro. Apesar disso, o sertanejo foi preso por uma ligação um pouco diferente da influenciadora.
Conforme a decisão judicial, Gusttavo Lima teria dado "guarida a foragidos", o que a defesa do cantor considera injusto. A Justiça considerou como "guarida" uma viagem que o cantor sertanejo fez com foragidos. Entre essas pessoas estão José André da Rocha Neto (dono da casa de apostas Vai de Bet) e Aislla Rocha dele, sua mulher e sócia, que viajaram à Grécia no início do mês com Gusttavo. Os dois estavam com mandado de prisão em aberto.
A viagem feita por Gusttavo com os dois foragidos foi para comemorar o aniversário dele, de 35 anos. A aeronave em que ele estava seguiu o trajeto: Goiânia - Atenas (Grécia) - Kavala (Grécia), conforme a decisão judicial. As informações são do Splash, Uol.
Ainda conforme a decisão da Justiça, a viagem de volta ao Brasil sugere que Rocha Neto e Aislla tenham ficado na Espanha ou na Grécia. O trajeto feito pela aeronave na volta foi Kavala (Grécia) - Atenas (Grécia) - Ilhas Canárias (Espanha) - Goiânia. O avião pousou no Aeroporto Internacional de Santa Genoveva, em Goiânia, no dia 8 de setembro, quatro dias após a deflagração da operação.
Na análise da juíza Andrea Calado da Cruz, que decretou a prisão de Gusttavo Lima, a ausência do casal de foragidos sugeria que ele tenham desembarcado na Grécia ou nas Ilhas Canárias, na Espanha. Segundo ela, a ausência do casal no voo foi o que levantou suspeitas.
"Curiosamente, José André e Aislla não estavam a bordo, o que indica de maneira contundente que optaram por permanecer na Europa para evitar a Justiça."
Além dessa viagem, a relação do sertanejo com os foragidos inclui movimentações financeiras suspeitas. Diante disso, a suspeita da participação do próprio Gusttavo no esquema também foi levantada. "A conexão de sua empresa com a rede de lavagem de dinheiro sugere um comprometimento que não pode ser ignorado", pontua a juíza.
No documento, a juíza afirmava ainda que Gusttavo "compromete a integridade do sistema judicial" e que ele "perpetua a impunidade em um contexto de grave criminalidade".
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Naiana Ribeiro
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