A silenciosa sala de estar vai perdendo a sua quietude com a chegada, aos poucos, dos filhos de Marcello Antony. Lucas, Francisco e Stéphanie, os mais velhos, são os primeiros a aparecer, trazendo burburinho ao ambiente. Mas, quando Louis e o pequeno Lorenzo dão o ar da graça, o local ganha ares de festa. O último, caçula do clã, transforma em algazarra a reunião da família para a foto desta reportagem em homenagem ao Dia dos Pais. Não dá mais para saber quem são os filhos e quem são os enteados do intérprete de Edgar, um pai autoritário em “Malhação”. No meio da bagunça, o ator de 52 anos paira o olhar, suave e orgulhoso, sobre a prole:
— Não há distinção entre eles. Tenho dois filhos do meu primeiro casamento, que são adotivos. Há seis anos, casei com Carolina (Villar, chef de cozinha, de 38). Ela já tinha dois meninos e os assumi como meus em todos os sentidos. Depois, ainda tivemos um. Para mim, não tem diferença. E a interação é total. São mesmo irmãos — afirma Antony, pai de Francisco, de 14, e Stéphanie, de 17 — filhos da ex-mulher, a atriz Mônica Torres — ; padrasto de Lucas, de 16, e Louis, de 12, filhos de sua atual mulher, com quem ainda tem Lorenzo, de 5.
O discurso do paizão não é exagero. Entre abraços, risos e cosquinhas percebe-se a liga de toda a família. Francisco e Stéphanie moram com a mãe, mas frequentam muito a casa do ator. E, quando todos estão juntos, Lucas, Louis e Lorenzo não dormem em seus quartos: preferem se juntar aos irmãos e pernoitam os cinco na sala de TV. Antony não esconde que gerenciar tanta gente é complicado, mas não faria nada para esse furdunço ser diferente.
— Foi uma vontade minha. Eu quis, procurei isso, sempre desejei ter uma família do jeito que tenho. E sou privilegiado de estar trabalhando, podendo dar sustento a essa máquina, essa empresa (risos). O resto é ter confiança na vida, fé em Deus, acreditar no meu trabalho, rezar para ter saúde que as coisas acontecem — diz ele, que vai receber neste domingo especial um tratamento de rei: ao acordar, terá a seu dispor um big café da manhã preparado pelos cinco filhos.
A casa alvoroçada é uma espécie de música para os ouvidos desse pai. Tanto que quando o silêncio impera...
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— Fica estranho (risos). Isso acontece na parte da manhã, quando todos vão para o colégio. Com eles aqui, por mais que eu fique no quarto ou no escritório, a solicitação existe o tempo todo. Quando não tem, dá um estranhamento — diz Antony, que parece querer ter um time de vôlei, já que Carol e ele não riscaram da vida o desejo de mais um filho: — Ainda sinto vontade de ter mais um, mas não determinamos nada. Já temos tanta coisa com que nos preocupar em relação aos cinco...
A pluralidade que impera na casa do artista, no melhor estilo os-seus-os-meus-e-os-nossos, é bem a configuração das novas famílias, e isso não deixa de ser um salto na vivência de Antony, nascido nos anos 60.
— Nos anos 70, o divórcio era uó. Antigamente era assim: “Aquele ali tem pai divorciado”. Hoje em dia, a realidade é completamente outra: “Aquele ali tem pais casados” ou “O quê? Você não tem duas casas?”. É a diversidade da vida — filosofa.
Tão presente na vida dos meninos, o ator veste a carapuça do pai ausente quando dá vida a Edgar, em “Malhação”. Lica (Manoela Aliperti) e Clara (Isabella Scherer) sofrem nas mãos dele, um dono de colégio sem vocação para a educação.
— Não tenho nada a ver com ele. O cara é exatamente o oposto de mim. Talvez por isso esteja me divertindo tanto. Se vivesse esse personagem em outra época, sem a maturidade que tenho hoje, não perceberia isso. Edgar é um ser completamente enojado, ele é tudo o que uma pessoa não tem que ser. Eu o considero um dos meus melhores papéis na TV — elogia o ator, que protagonizou uma cena impactante: o tapa na cara de Lica, no meio do pátio, na frente dos alunos.
O corretivo na filha mexeu com Antony, que preferiu ler as cenas desta sequência mais perto da gravação. Avesso a castigos físicos, ele defende “uma palmadinha na bunda”:
— Mas isso até uma determinada idade. Depois, é muita conversa e mostrar o limite. Dizer “não” é muito difícil. Mas tem que se ter o entendimento de que isso faz parte da vida. É desta forma que eles vão crescer. Até porque os “nãos” que vão receber serão muito maiores — ensina o ator, que diz educar para o mundo: — Os adolescentes estão entrando numa época difícil, ainda mais na sociedade em que gente vive. Os valores morais têm que ficar bem claros.
Decidido a criar cidadãos de bem, o artista faz questão de ressaltar com os filhos a necessidade de pensar no próximo e olhar além do umbigo:
— Sabe aquele ditado “em terra de cego quem tem um olho é rei”? Nos dias de hoje digo que “em terra de ego, quem vê o outro é rei”. Por isso, reforço tanto: tem que ser educado, cumprimentar, pedir licença, dizer por favor... Coisas básicas que estão em falta hoje em dia.
O esforço vem dando resultado. Durante a entrevista e sessão de fotos para a Canal Extra, as orientações paternas foram seguidas à risca, deixando o papai orgulhoso:
— Vejo que a missão está sendo cumprida. Não tem manual do que é certo ou errado. Eu simplesmente me baseio no caminho do bem.
Como amor gera amor, os cinco não economizam elogios a Antony (veja os depoimentos espalhados pelas páginas). Ouvir tantas declarações carinhosas faz o ator viajar no tempo, mais precisamente há 14 anos, quando estreou no melhor papel de sua vida com a chegada de Francisco.
— Ele foi meu primeiro filho, e só entendi o verdadeiro valor do amor quando me tornei pai. Ele me mostrou muito o que é esse sentimento. Consequentemente, quando os outros vieram, cada um da sua forma, percebi que o amor não tem um caminho só, são vários viés. Eles me ensinam muito. Quando Francisco e Stéphanie chegaram, muita gente dizia: “Nossa, que bem que você está fazendo para essas crianças”. Mas, na verdade, eu é que me senti presenteado, amado. Foi como gasolina no fogo: se espalhou — afirma, emocionado.
Atento aos passos do quinteto, Antony é daqueles que gostam de colocar todos na cama, cobrir, levantar de madrugada para ver se estão com frio... E, por ter filhos de diferentes idades, não esconde a preocupação com os rumos que vão tomar.
— Tenho um de 5 anos que dorme 21h30, mas tenho um de 16 que vai para festa e volta às 3h30. Atualmente, com a cidade violenta do jeito que está, dá medo. Mas não dá para criá-los numa redoma. Converso bastante, mostro as coisas que estão acontecendo e peço que tenham cuidado — conta o ator, que não relaxa enquanto um dos meninos não volta para casa de alguma festa em segurança: — Não desligo, não tem jeito.
Consciente de que não há como parar o tempo, Antony sabe que os filhos vão viver a própria a vida. Mas, aos risos, diz que prefere pensar nisso mais para frente. E se comove ao afirmar que fica encantado com a inocência da sua turma.
— Eu fico pensando: “Caramba, eles vão sofrer ainda, enfrentar tantas dificuldades, não queria”. É uma coisa muito doida. Se fosse parar para pensar, seria melhor não ter, porque aí não haveria sofrimento algum. Mas não é minha natureza. Ser pai é tudo para mim. E encontro essa inocência mesmo nos maiores. Percebo que todos têm uma semente que plantei. Há um pouquinho de mim em cada um, no sentido do amor, do respeito...
O carinho dos filhos de Marcello
Stéphanie: "A gente não mora junto, mas ele sempre foi presente. Não tem distância. O que mais me encanta é sua persistência. Meu pai é um exemplo a ser seguido."
Francisco: "Uma das coisas que mais admiro é o esforço que ele faz para manter a família junta. Meu pai gosta mesmo de cuidar da gente."
Lucas: "Ele é brincalhão pra caramba. Me dá conselhos, sou muito aberto com ele. Sabe de todos os meus segredos, porque o considero meu pai."
Louis: "Acho ele legal demais. Sempre faz tudo para estarmos juntos, gosta de conversar, é carinhoso com a gente... Um pai nota 1000!"
Lorenzo: "Amo muito. Gosto do abraço dele, de vê-lo na novela. Sou fã do papai, mais do que meus irmãos e os cachorros."
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Redação iBahia
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