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Luciana Vendramini relembra TOC: 'Fiquei 11 dias sem comer'

Respeitável público, aqui a eterna musa dos anos 80 conta sua história de superação

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Redação iBahia

04/11/2018 às 11:00 • Atualizada em 26/08/2022 às 20:40 - há XX semanas
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Foram quatro anos paralisada pelo Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC). Parou de comer, trabalhar, namorar... Como num trapézio, à beira de um salto mortal, Luciana Vendramini fez um verdadeiro malabarismo para equilibrar mente e corpo. E, como num passe de mágica, quebrou o preconceito contra a medicação, encarou de frente o tratamento e está com a doença controlada. Resgatou o tesão pela arte, abriu mão de uma carreira internacional, superou o suicídio de um ex-namorado, escreve, atua, produz...
É autora da série “Ela”, que foi exibida no canal TCM. E, agora, volta à Globo em “Espelho da vida”, após 14 anos afastada da emissora carioca. Na pele de Solange, uma atriz que se recusa a envelhecer, ela vive trocando farpas com a veterana Carmo (Vera Fischer) e se vê obrigada a contracenar com o ex-marido, Emiliano (Evandro Mesquita), que não suporta. O convite, irrecusável, partiu do diretor Pedro Vasconcelos, seu irmão em “Vamp” (1991).
— É engraçado porque novela no Brasil é Hollywood. Se você não está no ar, logo dizem que está sumida. Às vezes, até magoa, porque o ator rala tanto, faz tanta coisa, estuda... Mas é muito legal o público pedir. Nas minhas redes sociais, pediam muito para eu voltar. Estou amando! — festeja Luciana.
Foto: Foto Vinícius Mochizuki
Daria um livro a vida dessa artista de 47 anos, professora de catecismo e de balé até sair de Jaú (São Paulo) aos 16 para ser paquita da Xuxa. Ela posou nua, menor de idade, para a “Playboy” (1987); virou símbolo sexual do país; casou-se virgem aos 17 com o cantor Paulo Ricardo; largou a rentável carreira de modelo pela paixão pelo teatro... E vai dar livro mesmo, com previsão de lançamento para o ano que vem!
O espírito circense, tema deste ensaio de capa da Canal Extra, traduz a leveza, o colorido e o bom humor com que Luciana encara a vida hoje. Respeitável público, aqui a eterna musa dos anos 80 conta sua história de superação!
Na corda bamba
“Não é porque você é artista que não vai ter altos e baixos. A gente faz um trabalho que dura oito meses e depois acaba, sem saber o que vem pela frente. É uma realidade muito dura, que nos deixa frágil emocionalmente. Fazer novela é um paraíso. Você é contratada, tem sossego, qualidade de produção, mas, se não vai emendar em outra, tem que criar seu próprio trabalho. Isso desestabiliza. Mas, para mim, nem foi isso que desencadeou o TOC. O problema foi a precocidade, tudo ter acontecido muito rápido comigo”.
Nua aos 16
“Isso foi de uma audácia. Quando me chamaram, achei que fosse piada, eu era bem magrinha. Para mim, capa de ‘Playboy’ era Claudia Raia, Sonia Braga, Christiane Torloni, esses mulherões. Achava que ia ser um fiasco. Eu me iludi. Quando vim para o Rio de Janeiro, fiquei encantada com o ‘life style’ do carioca. Me achei moderníssima, mas era virgem, de sotaque caipira”.
Travada
“Só consegui fazer as fotos no terceiro dia. Eu me senti invadida. Na hora em que J.R. Duran (fotógrafo) falou ‘tira a camiseta’, eu disse ‘não!’. Pronto, parou tudo. Foi muito difícil. Foi um ensaio modesto, sem ousadias. Ficou essa coisa da ninfeta. E, de repente, abri um mercado de trabalho para meninas que não precisavam mais ser altas, exóticas”.
Zero glamour
“Hoje, vejo muita gente se deslumbrando fácil. Naquela época, quando saiu a revista, não imaginava que a repercussão fosse ser tão grande. Eu não podia sair às ruas. Não achei isso divertido. Tem muitos artistas que acham. Eu fiquei horrorizada. Em shopping, corriam atrás de mim. Ali, comecei a desenvolver o pânico. Não tive preparo para aquilo. Fiquei retraída, assustada com aquele tipo de assédio. Era como se as pessoas estivessem me vendo nua mesmo. Foi aí que eu passei a não ver mais graça na vida de modelo. Fui fazer teatro com Antunes Filho, depois ‘Vamp’ (1991), ‘Malhação’ (1995), ‘O Rei do Gado’ (1996)... Quando a novela terminou, eu tinha uma carreira brilhante, mas aí veio o TOC. A cabeça não segurou!”.
Foto: Reprodução/Instagram
Primeiros Sintomas
“Andando de bicicleta na Lagoa, na última semana de ‘O Rei do Gado’, feliz da vida, realizada, travei do nada. Me bateu um medo paralisante, uma coisa horrorosa. Fiquei três horas em cima da bicicleta, sem conseguir me mexer. O TOC te atropela, estilhaça a vida. Fui obstinada porque não admitia aquela situação horrível na qual me encontrava”.
Fundo do Poço
“Eu não aceitava remédio, era naturalista, tinha medo de me dopar. Cheguei ao fundo do poço por ter esse preconceito. Fiquei incomunicável. Levava horas para sair, ficava dando voltas no quarteirão, abria e fechava a porta do carro várias vezes... Aquilo me cansava e me dava uma irritação, eu chorava muito. Então, fui eliminando coisas que me desgastavam emocionalmente. Até que um dia passei 26 horas na calçada, no mesmo lugar, sem conseguir entrar no meu próprio lar. Depois, não saí de casa por um ano e meio”.
Salvação
“Nossa mente é poderosa. Se ela não está boa, nada na vida vai prosperar. Eu perdi tudo. Não tive relacionamento, vivi num celibato por quatro anos. Minha família passou perrengue. Minha irmã foi quem salvou minha vida. O que ela fez por mim, ninguém faria. Ela dormia no banheiro, enquanto eu passava dez horas no banho. Fiquei 11 dias sem comer, parei de menstruar por um ano. Aí aceitei o remédio. Já estava morta! Pesava 39kg. Dois meses depois, aconteceu a coisa mais maravilhosa: os remédios fizeram efeito”.
Ajuda do Rei Roberto Carlos
“Eu já estava bem quando começamos a conversar. Ele tem muito humor. Já eu, sofria. Ficamos amigos, trocamos informações. Foi bom porque o lado tranquilo e a fé dele me resgataram também”.
No exterior, não
“Resolvi tirar um ano sabático. Conheci Dave Shayman, que era produtor, começamos a namorar e fomos morar em Nova York. Fiz alguns trabalhos lá, e ele estava produzindo Britney Spears na época. Tive muita sorte. Um agente me procurou, fiz teste para um filme com Salma Hayek. Esse agente queria que eu ficasse. Se eu tivesse 18 anos teria ficado, mas eu já estava com 33. A vida lá é gostosa na capa da ‘Vanity fair’, mas não tem a alegria daqui. Fiquei dois anos fora, até que comecei a sentir falta da minha família. Queria qualidade de vida e de trabalho aqui”.
Fim do último namoro
“Estamos separados há um mês (ela e o psicanalista Francisco Borges). Ele é uma pessoa maravilhosa, estamos ótimos. Mas vivo, sim, muito bem comigo. Cheguei a um momento da vida em que eu me basto. Amo morar sozinha”.
Ex-maridos
“A única coisa que me deixa mal quando penso nos meus ex é o fato de Dave ter ido embora. Ele era bipolar e se matou. A gente tinha se separado há apenas um mês. Foi um grande amigo. Senti culpa, mas superei com a ajuda da terapia”.
Trabalhar com o Ex
“Não teria problema. Estou madura, crescida, fortalecida, não sou mais aquela menina virgem, ingênua. Trabalhar com Paulo (Ricardo), por exemplo, seria legal. Ele teve os percalços dele também. É artista e sofre das mesmas coisas que eu, da instabilidade, dos sonhos de querer fazer determinado trabalho...”.
Simbolo Sexual
“Nunca entendi. Não acredito. Minha alma envelheceu muito, vivi mil vidas. Nesse hiato do TOC, desci ao inferno. Mas acho que minha genética ajuda. Não bebo, não fumo. Há dias em que me acho bonita, em outros, o espantalho da horta. A gente vai conhecendo nosso corpo. Tinha vergonha do meu peito grande. Bailarina não pode ter peitão, então eu enfaixava. Pensei em tirar, mas sou medrosa. Nunca fiz cirurgia plástica, nem sei se farei. Hoje, sou feliz com meus peitões!”.
Envelhecer
“Não é um problema. Tenho 47 anos e escuto que estou bem, não sei como acontece. Já fui muito julgada por tudo, pelo TOC, quando posei nua, quando quis ter um ano sabático. As pessoas não admitem que o artista tem esse direito. Cansei, quis ser uma zé-ninguém, andar despenteada. Tem uma cobrança forte para estar bonita, magra. A gente vive num país em que envelhecer é pecado. Minhas ambições mudaram muito depois dos 30. Claro que eu tive esse perrengue, que me fez amadurecer. Quase morri muitas vezes. Então, hoje tudo é muito prazeroso. Quero me lambuzar!”.

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