Depois de quase 30 anos de carreira e muitos “nãos” para diretores e produtores que queriam colocá-la nua em cena, Luana Piovani agora aceitou tirar a roupa num filme. E não só: topou também aparecer numa cena de sexo a três no longa-metragem “Maior que o mundo”, que estreia na quinta-feira.
Por mais que possa parecer um tanto erótico, a atriz, de 45 anos, abriu essa exceção justamente por achar que a proposta do diretor, Beto Marquez, não tinha nada a ver com as abordagens fetichizadas que ela esbarrara no passado.
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No roteiro, Luana vive a bissexual Mina, “uma dessas paulistanas do baixo Augusta, com franja modernex e sobrancelhas descoloridas”, amiga do protagonista Cabeto (Eriberto Leão). Escritor de um sucesso só, ele plagia um diário e precisa lidar com a fúria do autor original e as consequências desse crime.
— A ideia do filme não quer vender corpos bonitos e sexo, entendeu? Sou uma personagem que não tem nada a ver com sensualidade. O sexo era apenas um pedaço da história. Achei que cabia ali. Eu estava feliz com o todo e me senti segura — diz Luana, que até esta entrevista nunca tinha ouvido falar em “coordenadora de intimidade”, figura hoje muito comum nos sets dos Estados Unidos para estabelecer protocolos de segurança e bem-estar em cenas de nudez e sexo e coibir abusos.
—Entendo as americanas quererem isso, porque americano é foda, né? Homem branco já é insuportável. Homem branco americano acha que é o dono do mundo. Então, imagina os poderosos de Hollywood?
Coisas do ‘Brasilzão’
Gravado em 2018, antes de a atriz se mudar para Portugal, “Maior do mundo” sai só agora por causa das dinâmicas do cinema brasileiro, diz a paulistana, que chega a sua cidade natal hoje para uma pré-estreia exclusiva para convidados.
— A gente tem dinheiro para fazer o filme, mas não tem dinheiro para montar. Tem dinheiro para montar, mas não tem para lançar. Finalmente, tem dinheiro para lançar, mas o distribuidor não confia tanto, prefere o blockbuster. Assim vai, né? Chama Brasilzão.
O filme também traz o último trabalho de Fernanda Young como atriz, três anos depois de sua morte. Ela participa do longa como uma uma apresentadora de TV. O convite foi feito pela produtora Tatiana Quintella, a quem Luana chama de “patroa” por terem trabalhado em projetos anteriores, inclusive no reality show “Luana é de lua”, do E! Entertainment, que a atriz promete retomar no ano que vem.
Há três anos na Europa, a brasileira diz não sentir saudade alguma de trabalhar na TV daqui, embora espere convites para mais papéis no cinema nacional. Enquanto isso, dedica-se a sua primeira novela portuguesa, “Segredo”, na emissora Sic, em que interpreta a médica brasileira Vanda.
Apesar de não ser fã de projetos muito longos (no Brasil, a última novela foi o remake de “Guerra dos sexos”, em 2012), ela viu a necessidade de se entregar a uma produção nesses moldes para ficar ainda mais conhecida pelos portugueses. O objetivo final é conseguir ser bem-sucedida no futuro com teatro,sua maior paixão artística.
— Fazer várias minisséries foi bacana. Mas, como no Brasil, a maior audiência é a novela. Estou projetando ficar aqui ainda por muito tempo. Então, preciso criar meu público. Assim, consigo esticar para a minha peça,um projeto de stand-up aqui em Portugal — diz ela, que conversou com O GLOBO na semana passada, numa noite após as gravações do dia.
Roda viva
Luana ainda mantém contato estreito com o Brasil pelas redes sociais, onde é altamente ativa. Abastece diariamente seus quase cinco milhões de seguidores no Instagram com diversos Stories (os perrengues das gravações são o tema da vez).
Luana se entende hoje também como uma influenciadora digital (”Hoje em dia todo mundo é”, diz) e vê semelhanças da chiadeira dos atores com a presença dessas figuras da internet no meio artístico com seu início em “Sex appeal”, em 1993.
—Comecei a minha carreira como modelo e, na minha época, tinha essa lenda de que os atores não gostavam da nossa chegada. Hoje, os modelos, no caso, são os influenciadores. A vida acaba se repetindo.
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Agência O Globo
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