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IZA conta já ter rejeitado campanhas com bons cachês

Cantora é a nova técnica do 'The Voice Brasil'

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Redação iBahia

28/07/2019 às 17:31 • Atualizada em 27/08/2022 às 6:09 - há XX semanas
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Três anos atrás, IZA — o nome artístico de Isabela Cristina Correia de Lima Lima é curto, direto e em caixa-alta mesmo — ocupava um lugar completamente diferente. Era uma aspirante a cantora, emplacando covers de hits de Beyoncé e Rihanna no YouTube. Não tinha sequer uma música para chamar de sua.
Foto: Reprodução | Instagram
Antes de 2016 terminar, porém, colocou sua primeira canção na praça, “Quem sabe sou eu”, e o jogo começou a virar. Hoje, a carioca de Olaria é uma potência da indústria fonográfica, com clipes que somam milhões de visualizações na web, show confirmado na próxima edição do Rock in Rio, programa no Multishow (“Música boa ao vivo”) e uma cadeira entre os técnicos da nova temporada do “The Voice Brasil”, que estreia na terça-feira, na TV Globo.
IZA estará ao lado dos medalhões Ivete Sangalo, Lulu Santos e Michel Teló. “Vejo essa situação como uma validação do meu trabalho, mostra que estou no caminho certo e que estou sendo respeitada. Para mim, sucesso é sinônimo de respeito. E eu tenho sentido isso”, diz a estrela pop, que substitui Carlinhos Brown na oitava edição do reality show. “Nunca tive coragem de me inscrever em uma competição musical. Fui convidada, inclusive, para participar do programa tempos atrás, mas não me achava pronta.
É preciso muito ímpeto para assumir seu sonho para outras pessoas.” Para Teló, a nova companheira de cadeira giratória é “uma grande artista”. “É também de uma humildade enorme. Suas músicas falam da força interior de cada um. Não importa onde você esteja, se trabalhar, acreditar e não desistir, as coisas irão acontecer. Ela é um exemplo disso”, acrescenta o cantor.
Dupla de IZA no Palco Sunset do Rock in Rio, na apresentação do dia 29 de setembro, Alcione também não esconde a sua admiração pelo talento da moça. “Será um prazer cantar com ela. Já dividimos a cena em diversos eventos, e esses encontros sempre foram maravilhosos. Fico encantada com a sua voz e com o seu carisma. Acho que vamos arrepiar na Cidade do Rock.”
Aos 28 anos, a cantora não se deslumbra com os artistas que passou a conviver nem com os números impressionantes que cercam seu trabalho. O vídeo da música “Pesadão”, uma parceria com Marcelo Falcão, foi reproduzido 243 milhões de vezes; “Ginga”, com o rapper Rincon Sapiência, 72 milhões; e “Dona de mim”, que dá título ao seu primeiro álbum, lançado em 2018, 85 milhões. “Entendo que esse é o caminho natural na carreira de um artista. Conforme as coisas vão dando certo, amplio a minha rede de fãs e, consequentemente, o interesse pelos meus vídeos. Acho lindo, mas não me preocupo com esses dados. É bobeira ficar se medindo por isso. Para mim, o importante é a receptividade do público e a consistência da minha carreira. Vivemos num mundo muito acelerado e faço questão de ir devagar. Preciso de tempo para maturar as ideias. Nesse meio, temos que andar com calma.”
Para ela, às vezes, pisar no freio é preciso. “Minha equipe entende meu ritmo. Eles sabem que não gosto de fazer dois shows em uma noite e que não consigo simplesmente entrar num estúdio e colocar a minha voz. Tenho a necessidade de me envolver em todo o processo”, comenta. “A cantora Maria Gadú falou algo que me marcou: ‘Só vivemos aquilo que queremos’. E eu vou viver exatamente como quero. É bom ficar em casa à toa, sem nada programado, fazer aquela faxina no armário, jogar conversa fora com a família. O artista necessita de ócio criativo.”
Depois do lançamento de seu último single “Brisa”, em abril deste ano, IZA anda planejando os próximos passos com toda a calma. “Tenho material gravado, umas dez músicas, e vontade de fazer um EP ou até um disco. Fechei parcerias com o produtor Bruno Martini (de “Hear me now”) e internacionais, que ainda não posso adiantar. Mas não é um movimento em direção ao mercado estrangeiro. Não é o momento. Mas é óbvio que não vou fechar as portas e recusar convites”, diz ela, que começou a cantar na infância ouvindo o álbum “I remember you”, de Brian McKnight, após um episódio trágico em Natal (RN), onde viveu com a família por alguns anos. “Choveu muito e a casa onde morávamos foi toda alagada. Perdemos tudo. Mas o meu pai estava viajando, com o porta-CDs, que acabou salvo. Foi assim que passei a ouvir música adulta. Stevie Wonder, Michael Jackson, Donna Summer...”
A rotina de gravação dos programas “The Voice Brasil” e “Música boa ao vivo” acabou facilitando a logística de IZA. Como os estúdios ficam perto de sua casa, na Barra da Tijuca, ela não precisa se desdobrar em mil para estar com o marido, o produtor musical Sérgio Santos. Casados desde dezembro, eles ainda estão em clima de lua de mel. “O Sérgio me completa muito, compreende minha dinâmica de vida, e eu a dele. É uma delícia. Quando namorávamos, os encontros eram complicados e corridos. Sob o mesmo teto, as coisas estão mais simples. Sei que a qualquer instante estaremos juntos”, derrete-se a cantora, entregando que conheceu o companheiro no trabalho e que foi ela que tomou a iniciativa: “Quando percebi que tinha me apaixonado, terminei o meu antigo relacionamento e chamei o Sérgio para conversar. Levei o maior toco, ele achou que era brincadeira. Após um papo sério, deixamos rolar.”
IZA jura que não fala de música o tempo todo com o marido. “Conseguimos separar as coisas. Sérgio não é apenas meu produtor. Ele colabora com diversos artistas, graças a Deus. Marco na agenda se quero fazer uma canção com ele.” Segundo a cantora, a parceria profissional é pontual. “Não estamos 100% do tempo juntos. Sérgio me acompanha no estúdio e ponto. Nós nos damos muito bem e não gravaria com ele caso não fosse o melhor engenheiro de som que conheço. Isso é bem claro: trabalho é trabalho. Fico feliz em conseguir unir labuta e amor.”
Filhos fazem parte dos planos do casal. “Quero ser mãe nova, só não vou cravar uma data porque os desejos podem mudar. Vamos aproveitar um pouquinho nossa vidinha”, comenta a cantora. “Sérgio e eu adoramos cozinhar, lavar a louça agarradinhos.”
O casamento fez IZA se reaproximar do pai, o militar Djalma Leite Lima, que saiu de casa quando ela tinha 25 anos, num período conturbado da família. “Ele acabou entrando comigo na igreja, eu o convidei”, conta. “Fiquei magoada ao vê-lo deixar minha mãe. Não era criança, mas não interessa. Você quer tomar partido, saber quem errou. Hoje, casada, enxergo essa história de um modo diferente. Papai e eu estamos constantemente em contato. Se me apresento em Manaus, onde ele reside, nos encontramos.”
Com a mãe, a professora Isabel Cristina Lima, IZA sempre foi apegada. “O período de maior desgaste foi na saída da adolescência, entrada da juventude. Era muita festa, muita balada. Às vezes, eu segurava a menina. Quando não a deixava sair, ela fazia uma carinha feia, mas depois passava. Mesmo nessa época, éramos conectadas”, lembra dona Isabel. “O maior ensinamento que dou para a minha filha é: nunca se esqueça das suas origens e de quem você é. E não ‘empreste’ a sua voz para aquilo que não for para torná-la uma pessoa melhor.”
E IZA parece ter aprendido bem a lição. Formada em Publicidade pela PUC-Rio, ela afirma que rejeitou campanhas — com bons cachês — por acreditar que as marcas não estavam alinhadas com o seu discuso empoderado. “Não é um peso ser uma referência para as garotas negras. Na verdade, é uma responsabilidade. Não posso ignorar o lugar em que estou. É importante dar valor, me policio muito nas escolhas que faço. Digo não para certas propostas porque penso no meu público. É fundamental ser coerente. E olha que é fácil se perder pelo caminho. O mundo logo lhe mostra quando você dá valor para as coisas erradas. Do que adianta ganhar uma fortuna se quem me acompanha não vai aprovar? Preciso pensar em longevidade.”
A cantora se enxerga como uma espécie de missionária. “É de extrema importância que eu não me cale se me perguntam sobre racismo. Essas meninas se sentem representadas por mim”, diz ela, que era a única negra do colégio onde estudava. Aos 12, resolveu alisar o cabelo para tentar “se encaixar nos padrões” e só conheceu sua real estrutura capilar aos 20. “Não vamos andar para trás na questão racial. Podemos dar uma paralisada, nos reorganizarmos, mas não iremos retroceder. Não dá para relativizar, mas teve gente que sofreu muito mais do que eu. O cenário já foi pior.”
Espelho para toda uma geração, IZA encarna a diva só neste ensaio fotográfico. O título, ela descarta. “É um termo pesado. Eu me sinto maravilhosa e linda”, resume. “Isso aqui não é meu. As pessoas querem me ver hoje, mas não sei como será o amanhã. Por isso, me concentro no que realmente é relevante: a música. Prefiro manter uma distância providencial de todo o resto. Não sei o que a vida me reserva. O deslumbre faz você se achar superior aos outros. Menos, gente, bem menos.”

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