Aos 24 anos, Gabriela Loran faz sua estreia na TV como a professora de dança Priscila, de "Malhação - Vidas Brasileiras". Na história, ela incentiva o personagem Leandro (Dhonata Augusto) a enfrentar os preconceitos e viver sua paixão pela dança: - O final da história é incrível, mas não posso contar. Vai acontecer uma desconstrução muito bonita da questão do gênero no que diz respeito à dança.
Gabriela é a primeira atriz transexual a aparecer em "Malhação". Ela se diz muito feliz por estar servindo de exemplo para jovens como ela: - Acho muito interessante que seja no horário em que os adolescentes estão assistindo. Eu, quando jovem, não tive essa referência. Quando a pessoa vê uma mulher trans e empoderada, ocupando um espaço de respeito, ela acredita que existe, sim, uma oportunidade. Estou tendo um feedback maravilhoso. Muitas meninas trans me escrevem, comemorando. Isso, para mim, como Gabriela e militante, não tem preço. Servir de referência para alguém como você é incrível.
Gabriela espera que surjam mais oportunidades para atores e atrizes transgêneros: - É muito importante que nós tenhamos chances. O filme da Daniela Vega (atriz do longa 'Uma mulher fantástica', premiado com o Oscar de melhor filme estrangeiro, e primeira mulher trans a participar da cerimônia) ganhou porque teve representatividade, ela estava presente. E, quando a pessoa está presente, a gente vê que ela existe. Estamos conquistando um espaço legal, mas não podemos nos acomodar, senão perderemos o pouco que alcançamos. Hoje, há diversas mulheres trans buscando espaço, mas a gente precisa de mais e mais. Porque eu posso ter sido a primeira a ocupar esse espaço de 'Malhação', mas não quero ser a única.
A atriz conta que adorou a experiência na TV: - Fiquei fascinada, não tinha noção do quão difícil é. Espero que surjam novos convites, porque pretendo continuar fazendo televisão.
Além da novela, Gabriela está em cartaz com a peça "InCômodos". No espetáculo, que trata dos desconfortos do universo feminino, ela é a única transexual entre 14 mulheres: - Ao final da apresentação, ressalto que o Brasil é o que mais mata transgêneros e travestis no mundo, ao mesmo tempo em que somos o país que mais consome pornografia com transexuais. E nesse momento as pessoas percebem que, entre as 14 mulheres, eu sou trans, o que não é dito em nenhum outro momento. É um experiência muito legal e tenho recebido um retorno ótimo.
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Redação iBahia
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