Em alguns momentos, Dalton Vigh é atropelado pelas próprias palavras. Uma sucessão de grunhidos costuma preparar suas falas, como se os pensamentos estivessem em combustão antes de alcançar a boca. É assim, por exemplo, quando conclui que está triste e feliz ao mesmo tempo. A animação de interpretar o Raposo de 'Liberdade, liberdade', pai adotivo da protagonista, Joaquina (Andreia Horta), convive com a dificuldade em dar atenção para a atriz Camila Czerkes, sua mulher, grávida de dois meninos, em São Paulo — ela já está no sexto mês de gestação.
"Acompanho a evolução da barriga por fotos e vídeos. Ainda não caiu a ficha. Acho que isso só vai acontecer na hora em que eu vir os bebês e desmaiar", brinca o pai de primeira viagem, que, todos os fins de semana, embarca do Rio, onde é gravada a trama das 11, para a capital paulista: "Falo muito com a barriga, para ver se meus filhos esperam a data certa de nascer e não tenham vontade de vir antes ao mundo, principalmente se eu ainda estiver gravando a novela", comenta.
Foto: João Cotta/Divulgação |
A alegria pelos novos papéis, fora e dentro da ficção, justifica-se. Um rápido retorno ao passado põe o artista em personagens parecidos, sem surpresas — tanto em 'Fina Estampa' (2011), 'Salve Jorge' (2012) e 'I love Paraisópolis' (2015), ele interpretou homens ricos e, por vezes, apáticos. Dalton sabe disso. Os trajes novos, de agora, não poderiam surgir em tempo melhor: em 'Liberdade, liberdade', Raposo é um sujeito paternal, protetor dos desfavorecidos — nos próximos capítulos, ele adotará mais uma criança, o pequeno Caju (Gabriel Palhares).
"Começo a desconfiar que Raposo é canceriano, como eu (risos)! Foi uma feliz coincidência", comemora, acrescentando: "Graças a Deus, esse trabalho é diferente de tudo o que fiz. Já vinha esperando isso há muito tempo. Nos últimos anos, acabei interpretando personagens sem importância para a trama principal. Com alguns, fiquei frustrado, porque não correspondiam ao que foi apresentado para mim. Em 'Fina estampa', briguei demais com o papel. O sujeito era sem ação, evitante. Assim realmente não sei fazer. É, aliás, o que todo ator não deveria fazer. Não ligo para o fato de ser protagonista. O importante, na verdade, é ser interessante".
Foto: Divulgação |
Sobre o futuro profissional, Dalton não traça metas planejadas. Após o término do atual folhetim, o ator se dedicará exclusivamente à paternidade. Em relação a esse ofício, não há qualquer dúvida.
"Sempre achei que havia o momento certo para os filhos surgirem, porque engloba muita coisa, desde a situação financeira até o relacionamento com a parceira. Só agora juntou tudo", ressalta o paulista que, em julho, completará 52 anos: "Nunca pensei: 'Olha, vou ser pai só com 51'. A vida vai indo, sabe? Na hora que bateu a vontade, bateu. E foi quando conheci Camila! Mas sempre tive curiosidade em desempenhar essa função de pai. As preocupações já mudaram: tudo agora é em relação aos gêmeos (risos). Os nomes, por enquanto, são F1 e F2, os termos que aparecem nos exames. Já estamos até pensando em ter uma menina, mais para frente".
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Redação iBahia
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