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Autor de 'Amores Roubados' explica por que mudou o final da trama

"Foi uma escolha difícil, muito pensada, conversada, refletida, que me tirou algumas noites de sono", disse

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20/01/2014 às 13:58 • Atualizada em 27/08/2022 às 9:25 - há XX semanas
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George Moura, autor da minissérie 'Amores Roubados' explicou por que decidiu alterar o final do livro 'A Emparedada da Rua Nova', no qual se baseou para escrever a trama. A mudança provocou alguma polêmica entre os espectadores que acompanharam a série, cujo décimo e último capítulo foi exibido na noite da última sexta-feira (17). "Foi uma escolha difícil, muito pensada, conversada, refletida, que me tirou algumas noites de sono. No original do maravilhoso livro de Carneiro Vilela, a questão central é a moral do século 19. Antônia fica grávida de Leandro e não pode aparecer assim para a sociedade; grávida e sem um marido para casar. Jaime então propõe à filha que ela faça um casamento de conveniência com João, no original, seu primo legítimo. Era muito comum nessa época casamento entre primos. João aceita a proposta, mas Antônia se rebela. Diante disso, Jaime, para manter as aparências na tradicional sociedade recifense, toma uma atitude extrema. Ele empareda a filha viva e grávida dentro de um cômodo da própria casa. Esse caráter moral da punição já não faz sentido em pleno século 21", comenta. "Diante desta constatação foi preciso repensar o desfecho desse folhetim do século 19 para uma minissérie que se passa e é vista no século 21. Acredito que a maior punição para Jaime, nos dias de hoje, é que toda a sua riqueza, construída com afinco ao longo da vida, seja herdada pelo filho de um homem que ele matou. Quer punição maior do que esta para um homem que dedicou a vida para construir um império de dinheiro e poder? E ainda mais: as mulheres hoje estão cada dia mais fortes. Antônia e Isabel, cada uma a seu modo, conseguem se solevar no final. E Leandro, amor verdadeiro de Antônia, renasce, à margem do rio São Francisco, em forma de um filho. O rio, com sua água pura, além de fazer o sertão frutificar, leva tudo, até as grandes mágoas. Como diz o poeta Ferreira Gullar: 'O que passou, passou. Jamais acenderá, de novo, o lume que apagou' ", finalizou.

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