Nesta terça-feira (9), o Brasil perdeu uma das maiores cantoras e compositoras. Rita Lee tratava um câncer, mas não resistiu aos 75 anos. A musa do rock brasileiro ganhou notoriedade durante o Movimento Tropicalista, quando era vocalista da banda Os Mutantes.
O grupo foi lançado em 1966 e contava com o baixista e vocalista Arnaldo Baptista, o guitarrista e vocalista Sérgio Dias, o baterista Dinho Leme e o baixista Liminha. Juntos, eles lançaram dois álbuns icônicos chamados “A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado”, em 1970; e "Jardim Elétrico”, em 1971.
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Em meio a divergências criativas e uma relação atribulada com Arnaldo Baptista, com quem foi casada durante os anos de 1968 e 1972, Rita Lee foi expulsa da banda.
Em uma entrevista a Bruna Lombardi, em 1992, ela chegou a falar sobre o assunto. “Teve um final meio trágico, esquisito e injusto. A verdade é que éramos todos muito loucos. Muita gente pirava", pontuou ela.
A cantora deu mais detalhes da sua expulsão no livro “Rita Lee: uma autobiografia”, lançado em 2016 pela Globo Livros. A saída dela fdo grupo foi intensa.
"Chego ao ensaio e me deparo com um clima tenso/denso. Até que o Arnaldo quebra o gelo, toma a palavra e me comunica (...): ‘A gente resolveu que a partir de agora você está fora dos Mutantes porque nós resolvemos seguir na linha progressiva-virtuose e você não tem calibre como instrumentista.’ Em vez de me atirar de joelhos chorando e pedindo perdão por ter nascido mulher, fiz a silenciosa elegante. Me retirei da sala em clima dramático, fiz a mala, peguei Danny (sua cadelinha) e adiós. No meio da estradinha da Cantareira a caminho de São Paulo, parei no acostamento e chorei, gritei, descabelei, xinguei feito louca”, relatou.
E quando Rita Lee iniciou na carreira solo?
O primeiro álbum solo de Rita Lee foi gravado em 1970, o “Build Up”. Com toda a repercussão positiva, ela deu início ao segundo projeto chamado “Hoje é o Primeiro Dia do Resto de Sua Vida” e por irônia, ele também foi gravado com os Mutantes, em 1972.
O grupo já tinha lançado um disco de inéditas em maio, mas o todo poderoso da gravadora Philips na época, André Midani, não se sentia estimulado em investir nos Mutantes. Para o executivo, a aposta mais assertiva era focar no carisma de Rita Lee do que investir em mais um disco do grupo. Desta forma, o álbum foi lançado em outubro com o autorretrato de Rita Lee na capa e a voz dela.
“Depois do ‘Build up’, por contrato, eu ainda devia um segundo disco solo. O plano defendido por Mick (empresário do grupo) era se livrar daquele peso o quanto antes. O nome do meu segundo disco solo, gravado nas coxas, chega a ser profético às avessas, levando em conta que foi o último com os três Mutas (Mutantes) originais. Com a banda visivelmente desandando, abri mão do repertório, tipo ‘toma que o filho é teu.’ A mim só coube o autorretrato na capa, que desenhei viajando de ácido enquanto olhava a minha cara no espelho”, contou a cantora em seu livro.
Redação iBahia
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