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Eduardo Dussek: humor sem ofensas |
Eduardo Dussek começou a carreira artística como pianista de peças de teatro aos quinze anos, quando estudava. Mais tarde passou a compor suas próprias canções e montou uma banda, que acabou chamando atenção de Gilberto Gil. A partir de 1978 já tinha algumas composições gravadas pela banda As Frenéticas ('Vesúvio'), Ney Matogrosso ('Seu tipo') e Maria Alcina ('Folia no Matagal', dois anos depois regravada por Ney Matogrosso) - todas em parceria com Luís Carlos Góis.
Veja também:Entrevista: músico de A Banda Mais Bonita da Cidade fala sobre show em Salvador, projetos e internet A marca de suas composições sempre foram a sátira e bom humor. Seu último álbum ‘É Show’, contou com a participação de Preta Gil na canção 'Politicamente Incorreta' e Ney Matogrosso na música 'Seu Tipo', gravada em 1979 pelo cantor. Em 1980, participou do festival MPB Shell da Rede Globo cantando apenas de cueca a debochada canção 'Nostradamus', que não se classificou mas ficou conhecida pelo público. Por essa época gravou o primeiro LP, 'Olhar Brasileiro'. Mas o estouro sucesso viria em 1982, quando flertou com o ainda incipiente pop-rock, no LP 'Cantando no Banheiro!', com 'Barrados no Baile' (com Luís Carlos Góis), 'Cabelos Negros' (Com Luiz Antonio de Cássio) e 'Rock da Cachorra' (Léo Jaime). Em sua segunda visita a Salvador neste ano, Dussek, que participa do Festival de Performance e Humor, nesta quinta-feira(22), às 21h, na Praça Pedro Archanjo, fala com exclusividade ao
iBahia sobre o 'politicamente correto', Gilberto Gil, o show em Salvador e o momento atual da carreira.
"Tenho admiração por todos os ícones baianos e cariocas da minha geração como Caetano, Tom Zé, Gilberto Gil, Martinho da Vila" |
iBahia - Gilberto Gil foi seu padrinho no início da carreira. Fale um pouco sobre essa amizade de longa data. Ainda mantém contato com Gil?
Eduardo Dussek - Tenho uma amizade de admiração por ele, aliás tenho por todos os ícones baianos e cariocas da minha geração como Caetano, Tom Zé, Gilberto Gil, Martinho da Vila. Especialmente o Gil tenho muito respeito pela música dele, um carinho muito grande, pois foi muito importante na minha carreira. Ele foi na minha casa assistir ao meu show e gostou muito da apresentação pelo profissionalismo, acabou topando ser meu padrinho.
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Eduardo Dussek se apresenta na Praça Pedro Archanjo, dia 22 |
iBahia - Você acha que essa era 'politicamente correto' acaba gerando uma autocensura no artista e no humor?
ED - Autocensura não. Os tempos mudaram as coisas ficaram difíceis para todo mundo. Hitler não tem mais graça nenhuma, nunca teve, mas antes você pegava o de direita, fazia comparações e as pessoas achavam engraçado. Eu uso o 'non sense', exponho o ridículo que tá no mundo, mas faço de uma maneira engraçada. Não vejo graça e nem necessidade de agredir a sociedade.
"Não vejo graça e nem necessidade de agredir a sociedade (com o humor)" |
iBahia - Recentemente, você participou no longa ‘Federal’ de Erik Castro. Existe algum projeto para atuar novamente no cinema ou na televisão? ED - Como ator não, mas como escritor tenho projetos para o futuro que ainda não posso revelar. Minha atuação recente foi no filme ‘Os Penetras’ que será lançado na próxima semana, onde interpreto o dono da festa em que o personagem de Marcelo Adnet penetra. Mas atuar em o ‘Federal’ foi muito bom, pois o personagem era muito violento, exigiu muita dedicação e depois ter o reconhecimento do Michael Mandson pela minha atuação, foi bacana.
iBahia - O seu álbum mais recente é o CD e DVD 'É Show', sua apresentação em Salvador será baseada neste novo trabalho? O que o público pode esperar? ED - Basicamente é a apresentação do ‘É Show’ com algumas variações. No DVD a apresentação é muito intimista, eu fico sentado, mas na apresentação em Salvador vou apresentar o stand up comedy, com algumas coisas que fiz na minha primeira apresentação no TCA, por volta do ano de 81 ou 82, onde eu contava texto e desembocava em música.
"Com certeza os baianos podem esperar muita alegria e muito humor" |
Então vai ter muita música, mas falarei de coisas como política, ecologia, violência e muitos outros temas. Com certeza os baianos podem esperar muita alegria e muito humor. Tanto na parte engraçada como na romântica. As pessoas saem do show falando que estão com a boca doendo de tanto rirem, até eu quando assisto o DVD dou muita risada. Sempre preparo alguma coisa especial para a Bahia, música como 'Rio Bahia', que fiz para Caetano, fará parte do repertório.
iBahia - O seu DVD conta com a participação de Ney Matogrosso e Preta Gil, por que reunir dois artistas tão diferentes?ED - Eles têm muita coisa a ver com o meu trabalho, são pessoas representativas, na realidade eu queria ter convidado mais pessoas, mas a gravadora só autorizou duas, então convidei o Ney que é uma espécie de mentor da minha geração, já gravou quase dez músicas minhas. E Preta Gil, pois tenho muita gratidão pela família Gil e como sou muito amigo da Sandra (mãe de Preta), muito mais dela do que de Gilberto Gil, convidei Preta até por reconhecer que ela é muito talentosa, é a rainha do carnaval do Rio de Janeiro, digo sempre que ela é a mistura de Emilinha Borba com Beyoncé.
Assista ao vídeo da participação de Preta Gil no DVD de Eduardo Dussek, na canção 'Politicamente Incorreta':[youtube 5A1NXA4_Sds]