A cantora Gal Costa faria 78 anos nesta terça-feira (26), se estivesse viva. Uma das grandes divas da música brasileira, a artista baiana, falecida em novembro de 2022, deixou sua marca pela voz cristalina e pela infinita capacidade de se reinventar, da música de protesto ao pop radiofônico, das interpretações de clássicos até a conexão com novos nomes da MPB.
Em uma carreira repleta de grandes momentos, torna-se até difícil escolher alguns para compor uma homenagem. Mas o iBahia topou o desafio e separou três fases da carreira de Gal para você relembrar.
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A "porta-voz" de Caetano e Gil
No pós-tropicalismo, entre 1969 e 1972, Gal foi a responsável por levar ao público muitas das canções de Caetano Veloso e Gilberto Gil. Os tempos eram difíceis: o Ato Institucional Nº5 (AI-5) havia sido decretado em dezembro de 1968, tornando a ditadura militar ainda mais rígida. Perseguidos pelo regime, Caetano e Gil exilaram-se em Londres, na Inglaterra.
Segundo o pesquisador Renato Contente, autor do livro "Não Se Assuste, Pessoa! As personas políticas de Gal Costa e Elis Regina na Ditadura Militar", Gal costumava visitar Caetano e Gil na cidade britânica. "De lá, trazia caixas de som modernas (...) roupas exóticas e fitas cassete com registros de canções-recado para gravar no Brasil", escreve o autor. São dessa época álbuns como "Legal" e "Fa-tal: Gal a todo vapor", com repertório combativo e politicamente engajado.
A dona de hits campeões de audiência
No fim da década de 70, Gal Costa foi deixando de lado o discurso político para se concentrar em ser uma artista "das massas". Houve uma mudança de sonoridade, com arranjos mais orientados para o pop e muitas vezes formatados pelo maestro Lincoln Olivetti, o dono da "fórmula do sucesso" daquela época.
A estratégia deu certo: os álbuns gravados por ela na primeira metade dos anos 80 trouxeram hits que até hoje tocam nas rádios. É o caso de "Sorte" (Celso Fonseca e Ronaldo Bastos), "Um Dia de Domingo" (Michael Sullivan e Paulo Massadas), "Chuva de Prata" (Ed Wilson e Ronaldo Bastos), e "Festa do Interior" (Moraes Moreira e Abel Silva).
A cantora ligada nas novidades
Outra marca da carreira de Gal Costa é a busca pelo novo. Em álbuns como "Recanto" (2005) e "Estratosférica" (2015), a cantora embarcou em experimentações sonoras, com uso de instrumentos eletrônicos e registros de canções de novos compositores. Um dos exemplos é "Quando Você Olha Pra Ela", de Mallu Magalhães.
No álbum "A Pele do Futuro" (2018), Gal também abriu uma parceria que pode ser considerada inusitada, ao dividir os vocais com Marília Mendonça (1995-2021) em uma faixa de autoria da artista sertaneja: "Cuidando de Longe".
Julli Rodrigues
Julli Rodrigues
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