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MÚSICA

Festival Combina MPB tem sua noite mais política

Ao ouvir público gritar 'Fora, Temer', Gil respondeu: 'Não vai demorar'

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Redação iBahia

04/12/2017 às 16:06 • Atualizada em 31/08/2022 às 20:43 - há XX semanas
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Em seu último dia, o público finalmente compareceu em peso ao Festival Combina MPB, evento gratuito que reuniu 31 artistas de várias vertentes e gerações da música brasileira em Salvador de sexta-feira a domingo. Foi também uma noite com muitos momentos políticos e afirmativos, especialmente nos shows de Gilberto Gil e BaianaSystem.

Gil, que teve como convidada a cantora carioca Anitta no show de encerramento do festival, havia acabado de tocar "Pessoa Nefasta" para "exorcisar o baixo astral". As 40 mil pessoas presentes ao Estacionamento do Wet'N'Wild entenderam o recado da música e entoaram um poderoso "Fora Temer".

Foto: Reprodução


— Não vai demorar, não. Em outubro acaba — avisou, lembrando as eleições presidenciais de 2018. — Às vezes, a canção, a música, a literatura falam mais que qualquer slogan político. Temos no Brasil uma situação em que às vezes esses exorcismos são necessários — comentou.

Enquanto Gil se posicionou politicamente por meio da sutileza, especialmente na sequência iniciada com "Pessoa Nefasta" e seguida por "Realce" ("Não se impaciente / O que a gente sente, sente"), "Punk da Periferia" ("Aqui pra você!") e "Nos Barracos da Cidade" ("Gente estúpida / Gente hipócrita"), o BaianaSystem, acompanhado dos rappers Emicida e BNegão, foi bem mais explícito. O grupo, que não tocava em Salvador há seis meses, estava ansioso para "voltar para casa".

— Vamos mostrar porque aqui é diferente! — provocou o vocalista Russo Passapusso, logo no início da apresentação.

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Russo Passapusso durante show do BaianaSystem (Foto: Divulgação)


Nem precisava pedir. O público, que também parecia ansioso para rever os músicos e lotou o estacionamento do Wet'N'Wild desde cedo, respondeu à altura, numa vibração cúmplice com a banda, que subverte a lógica tradicional de shows de música e estabelece uma comunicação única com a plateia em números como "Lucro (Descomprimindo)", "Dia da Caça" e "Duas Cidades".

Com Emicida, e especialmente com BNegão, o tom ativista ganhou de vez o show. O rapper carioca atualizou sua "A Verdadeira Dança do Patinho" com citações aos sucessivos escândalos que pairam sobre a política brasileira. Mas Russo fez questão de lembrar que aquele era um "protesto do sorriso", intenção que também reverberou no show de Gil. Ao ouvir alguém da plateia berrar "Arrasa, Gil", o compositor decidiu responder:

— A gente não arrasa nada. Quem arrasa é bomba, é torpedo. A gente afaga, acaricia — brincou. — E também, aos 75 anos, se eu ainda tivesse pretensão de arrasar alguma coisa...

JOHNNY HOOKER E SINARA

LeJohnny Hooker e Daniela Mercury (Foto: Divulgação)

Entre a força bruta do BaianaSystem e a sabedoria de Gil, o cantor pernambucano Johnny Hooker recebeu o grupo As Bahias e A Cozinha Mineira e a cantora Daniela Mercury. A interpretação dramática de Hooker, defensor aberto da diversidade (musical e de gênero), combinou com a presença impactante das travestis Raquel Virgínia e Assucena Assucena, cantoras das Bahias, recebidas por ele com beijos no palco.

— Salve as travestis! — bradou Raquel Virgínia, de collant e meia arrastão, antes de cantar com Assucena "Jaqueta Amarela" e abrir espaço para Daniela Mercury, descrita por Hooker como "cantora incrível, bailarina, ativista... uma mulher f...". Juntos, cantaram "Você Não Entende Nada", de Caetano Veloso, e "Coração de Manteiga de Garrafa", composição nova do pernambucano, dedicada a Daniela.

Na abertura da noite, a banda carioca Sinara recebeu os artistas baianos Saulo Fernandes e Jau. Desconhecida em Salvador, o grupo recebeu os cantores baianos Saulo Fernandes e Jau num show leve e de astral elevado, que conseguiu prender a atenção do público.

Com três membros da família Gil na formação — os guitarristas João (filho de Nara Gil) e Francisco (filho de Preta Gil) e o baterista José (caçula de Gil) — e um vocalista talentoso, Luthuli Ayodele, o grupo mostrou composições próprias e deu suporte para Jau e, principalmente, Saulo levantarem a plateia, com sucessos "Rua 15", "Reggae do Porto" e "Raiz de Todo Bem".

ANITTA

A cantora carioca era uma das presenças mais aguardadas da noite. Com fãs à beira da histeria, Anitta subiu ao palco logo na terceira música do show de Gil, "Vamos Fugir". Voltou mais tarde para cantar "Qui Nem Jiló", de Luiz Gonzaga, "Esperando na Janela", de Targino Gondim, e o hit "Palco", de Gil. Nenhuma delas, porém, deu liga.

A despeito do amor incondicional dos fãs, a cantora parecia pouco à vontade no palco, e chegou a errar a letra de "Palco". A mistura funcionou melhor quando a banda de Gil tocou com ela o hit "Bang!". Para os fãs de Anitta, foi pouco. Para quem esperava uma atuação à altura do hype, uma decepção.

* Ricardo Calazans viajou a convite do festival


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