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MÚSICA

Entrevista: Marcelo Nova comemora 31 anos de carreira em Salvador

O maior nome do rock baiano, em atividade, bateu um papo com o iBahia sobre a sua atual fase, Camisa de Vênus e mercado fonográfico

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04/11/2011 às 8:00 • Atualizada em 10/09/2022 às 6:35 - há XX semanas
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Marceleza gravou o álbum ao vivo Hoje no Bolshoi, disponível em CD, DVD e Blu-Ray (primeiro do rock brasileiro nesse formato)
Crítico, satírico, polêmico, provocador, lenda do rock baiano. São muitos os adjetivos que tentam enquadrar o cantor, compositor e guitarrista Marcelo Nova, o eterno ícone da banda de punk-rock baiana Camisa de Vênus. Nessa sexta-feira (5), Marceleza desembarca em sua terra natal - acompanhado por Célio Glouster (bateria), Leandro Dalli (baixo) e Drake Nova (guitarra) -, para lançar seu mais novo trabalho, o DVD e CD duplo Hoje no Bolshoi, que marca três décadas de carreira, aos 61 de idade. O encontro marcado com os fãs acontece às 22h, no Groove Bar, com discotecagem do DJ Pinguim. Os ingressos antecipados estão à venda nos balcões Ticketmix, ao preço de R$ 30. Na portaria, vai custar R$40. Um nome que se confunde com a própria história do rock brasileiro, Marcelo Nova lança o primeiro Blu-Ray nacional do gênero. Este registro, gravado ao vivo, está ainda disponível nos formatos DVD e CD duplo. No repertório da turnê Hoje no Bolshoi, Marcelo apresenta canções do Camisa de Vênus, parcerias com Raul Seixas, sucessos da carreira solo e ainda faixas inéditas. Neste show, não devem faltar músicas como Eu Não Matei Joana D'Arc, Pastor João e a Igreja Invisível, Simca Chambord, Carpinteiro do Universo, A Balada do Perdedor, entre outros hits que marcaram época. Confira a entrevista: iBahia - No final dos anos 70, você tinha um programa de rádio chamado Rock Special, que trazia as novidades fresquinhas da música internacional para os fãs de rock e afins em Salvador. Como você enxerga essa abertura que a internet trouxe hoje em dia? Não existe mais aquela barreira entre o público, a arte e o artista...de ter que importar vinis... Minha última incursão nesse meio radiofônico foi em 2006, com o programa Rádio FX, numa parceria da Kiss FM com a FOX TV. Essa coisa da internet, não adianta todos os acessos disponíveis se a pessoa não sabe qual botão apertar, o que procurar, escutar.
Você é do tipo internauta assíduo?Não dou a mínima pra essa coisa de “tenho 15 mil seguidores”. Jesus Cristo tinha mais e olha no que deu? (risos). Tenho email, fecho shows através dele, mas peço pra minha equipe; não sei mandar um email! Até me falam: “mas é fácil”. E eu respondo: “Detesto coisas fáceis” (risos). Não tenho Facebook/Twitter. As pessoas entendem que o artista é um comunicador, mas eu não trabalho no SBT, não quero ficar batendo papo, explicando coisas. Deixo pra o rei (Roberto Carlos) querer ter um milhão de amigos, eu tenho uns três amigos contados e tá bom demais (risos). iBahia - Mudando um pouco de assunto...o Camisa de Vênus está de volta com outro vocalista (Scott). Como é a relação de vocês hoje em dia? Você sabia quando do retorno do Camisa?Há uns dois anos, Robério (Santana) tava em Salvador e me ligou dizendo que eles estavam querendo remontar o Camisa, e eu disse OK. O Camisa tem uma história própria, contanto que não manchem essa história...não sou contra. iBahia - Existe a possibilidade de uma participação do Camisa neste show, em Salvador?Eu não sei muito o que eles andam fazendo. Na verdade, o Camisa foi minha primeira banda. Eu envelheci, amadureci. Banda de rock é uma coisa atrelada a juventude, a uma ideia de adolescência. O Camisa foi importante pra mim, foi com ela que eu subi no palco pela primeira vez e ela me projetou nacionalmente.
— O Camisa foi importante pra mim, foi com ela que eu subi no palco pela primeira vez e ela me projetou nacionalmente
iBahia - Falando um pouco sobre seu novo projeto, você está lançando o CD/DVD Hoje no Boshoi que celebra seus 30 anos de carreira. Como surgiu a ideia de gravar lá no Bolshoi (famoso Pub de Goiânia)? A ideia foi do Rodrigo Carrilho, o proprietário. Toda vez que eu toco lá, o público responde muito bem. As apresentações o deixaram impressionado. O DVD foi gravado em 2010, esse ano já são 31 anos de carreira. Achei que era um momento bom pra registrar essa fase da minha carreira. iBahia - O DVD também chega em Blu-Ray. Já tem previsão de lançamento nesse formato?O CD duplo e o DVD já estão disponíveis em lojas e estará à venda no show no Groove, mas o Blu-Ray, devido às demandas de fim de ano na fábrica, ainda não tem uma data certa, mas sai ainda esse mês. iBahia - Fale um pouco sobre essa turnê...Tenho formatos diferentes para me apresentar: o “septeto” (voz + dois guitarristas + baterista + baixo + teclado + violoncelo), o “sexteto” (a mesma formação do septeto, sem o celo) e o quarteto (voz + duas guitarras – incluindo a de Marceleza, baixo e bateria). Estou muito feliz com este formato de quarteto, que é o que vou levar para Salvador. Nesse formato, sem tantas sonoridades no palco, eu tenho que estar mais concentrado na música, cantando e tocando. Eu sempre me preocupei muito com minhas letras, o quarteto me fez explorar mais o meu lado instrumentista. Não me lembro de ter ficado tão entusiasmado com um quarteto.
Cenas da gravação do DVD 'Hoje no Bolshoi'
iBahia - Imagino que neste show deva cantar sucessos da carreira. Tem música inédita no setlist? Depois de 17 CDs seria fácil fazer um repertório de sucessos de rádio, mas pra mim seria uma amostragem muito pequena, muito parcial. Eu fiz com os músicos um setlist de 45 músicas, de todos os períodos da minha carreira. Dessas 45 eu escolho umas 16/17 que entram em determinado show. Como esse DVD foi gravado ao vivo, só tem duas músicas inéditas. Mas não sei se vou tocá-las (risos). Essa liberdade é o que eu não quero perder, o que espero é fugir da previsibilidade. Eu não posso permitir que consiga me repetir a vida inteira. Eu gosto de estar na estrada. iBahia - Como é a sua relação com os jovens músicos da banda? A turma é toda jovem. Essa liberdade que falo, dou para os meus músicos. Tocamos juntos há dois anos, rola uma química no palco. O desafio é fazer as canções com novos tons e novos andamentos. Música pra mim é assim: você entra no estúdio com uma banda, por exemplo, e no momento em que vai gravando naquele jeito registra o que rolou ali. Mas nada tem forma definitiva. É como uma roupa que você troca os acessórios. iBahia - Em agosto, saiu uma pesquisa do Correio/Instituto Futura mostrando que o pagode (2º lugar) destronou o axé (4º lugar), que ficou atrás do samba (3º lugar) e da MPB (1º lugar). Como você avalia essa mudança? Eu me divertia com o axé mais do que qualquer coisa (risos). Mas o púbico em geral não tem discernimento para opinar. Tudo isso (sobre o resultado da pesquisa) está direcionado a quem interessa essa mudança. Por exemplo, nos anos 80/90 o Camisa de Vênus, a Legião Urbana, o Barão Vermelho, etc, nós éramos moda no Brasil. Foi transformado pela indústria como uma cena de contestação. Uma grande parte do público é como um cabrito (risos), e você que é jornalista sabe disso, não tem muito senso crítico, querem pertencer a um grupo. Elas querem ser “in”. Existem outras pessoas para as quais a música é vital, que mergulham no universo sonoro, procuram algo que lhes parece mais consistente. Mas para muitos a música é o que ele ouve no rádio, indo pro trabalho.
— Quem destruiu a indústria foi a própria indústria, não foi a pirataria
iBahia - Como você vê esse novo momento da indústria fonográfica, que passa por uma crise na era da informação e da pirataria digital?Eu percebo que através dos tempos a indústria está semi-falida. Mas quem destruiu a indústria foi a própria indústria, não foi a pirataria, foram os lucros exorbitantes, eles não pagavam aos artistas corretamente, assim como os artistas se submetiam por interesse. iBahia - Você segue em carreira solo independente? Há quase dez anos eu produzo meu trabalho e pago meus músicos. Sou associado à Unimar Music, que está responsável pela distribuição deste DVD e do CD. Se você chegar numa loja, meu CD duplo novo ao vivo no Bolshoi está sendo vendido a R$25, ou seja, cada CD sai por R$12,50. Um produto tão bem acabado (que eu não abro mão), eu consigo fazer chegar às prateleiras a esse preço, porque uma multinacional não consegue? SERVIÇO:MARCELO NOVA LANÇA ‘HOJE NO BOLSHOI’ Discotecagem: DJ Pinguim Sexta-feira, 04 de novembro de 2011, às 22h Groove Bar [Rua Marques de Leão, 351, Barra. Tel.: (71) 3267-5124] Quanto: R$ 30 [1º lote] | R$ 40 [portaria] Pontos de venda: Balcões Ticketmix nos shoppings Barra, Iguatemi, Salvador e Paralela. Classificação: 18 anos

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