|
---|
Carlos Henrique Straatmann, o CH |
Cabelos longos e lisos, contrabaixo em mãos e uma bagagem musical diversa, acumulada nos seus 19 anos de carreira. Personalidade sensível e multicultural, o baixista CH Straatmann - que surpreendeu os fãs ao anunciar sua saída da Retrofoguetes, que já estava sem Morotó Slim, após o desfile do Carnaval de Salvador -, está lançando seu novo projeto nesta quinta-feira, em Salvador.
Veja também: Entrevista: vocalistas do É o Tchan criticam Carnaval e analisam carreira Meses após o anúncio, CH mostra uma nova faceta para o público com seu mais recente trabalho: o disco 'Efecto Vertigo'. O primeiro trabalho solo do artista ressalta o diálogo entre o contrabaixo e a percussão. As melodias dão suporte para os dois instrumentos, em um trabalho autoral que flerta com a música tradicional latina e africana, e as traduz para a contemporaneidade. Com este projeto, ele se propõe a mergulhar cada vez mais fundo no universo rítmico tocando diversos instrumentos: violões, baixo acústico e baixo elétrico, além de assinar a composição dos temas e a co-produção. A produção será lançada nesta quinta (16), a partir das 22h, na Commons Studio Bar (Rio Vermelho). No show, CH estará acompanhado de um seleto time de amigos: o trombonista Hugo Sanbone (maestro fundador da Sanbone Pagode Orquestra), o guitarrista e produtor musical Jorge Solovera e o trio de percussionistas Yago Avelar (Orquestra de Pandeiros Itapuã), Ícaro Sá (Orkestra Rumpilezz) e Jaime Nascimento (Orkestra Rumpilezz). O violonista Cássio Nobre (Viola de Arame), que participa em duas faixas do CD, é o convidado especial da noite. O evento ainda conta com a discotecagem da DJ Jerus Nasdaq (CAN/BRA). Em entrevista ao
iBahia, o baixista conta tudo sobre o processo de produção do disco e do show e fala sobre a saída da Retrofoguetes. Leia:
iBahia - Como foi o processo de montagem do show? CH - A ideia era traduzir para o palco o que foi feito no disco, mas com mais espaço de improvisação para os músicos. Convidei músicos que tinham alguma identificação com a linguagem e temos ensaiado desde então. Existe também identificação artística minha com o trabalho que esses músicos vêm desempenhando.
iBahia - Como foi o processo de escolha dos convidados? CH - Hugo Sanbone tem um belíssimo trabalho com a Orquestra Sanbone de Pagode. Tocamos juntos na Orquestra de Pandeiros de Itapuã e antes disso, havíamos gravado juntos em um disco, anos atrás. Entreguei um disco e ele gostou. Então, fiz o convite. Convidei o percussionista Yago Avelar, após tocar com ele na Orquestra de Pandeiros de Itapuã. Gosto do seu trabalho, um músico versátil e bastante talentoso. Outro percussionista que estará conosco é Ícaro Sá, da Orkestra Rumpilezz. Ótimo músico e que também abraçou o projeto de forma muito bacana. Cássio Nobre é meu amigo e parceiro de composições há muitos anos e já realizamos muitos trabalhos juntos. É uma grande influência na minha formação musical e nunca deixo de aprender com ele. Cássio gravou viola de 10 cordas no disco. Jorge Solovera é o cara que apostou no projeto, produziu o disco comigo e me ajudou a concretizar as ideias que tive para 'Efecto Vertigo'. Um músico de altíssimo nível também.
"A separação foi tranquila dentro do que foi possível" (CH Straatmann) |
iBahia - Como você construiu o conceito do disco 'Efecto Vertigo'? CH - Queria fazer um disco que valorizasse a sessão rítmica, o casamento entre o contrabaixo e a percussão. Tenho gostado muito de tocar apenas com percussionistas, e a música latina proporciona isso como poucos tipos de música conseguem. A partir disso comecei a compor e pré-produzir os temas. Apresentei-os para o percussionista Rudson Daniel (responsável por todas as percussões do disco) e para o produtor Jorge Solovera. A ideia era utilizarmos bastante sala na captação dos instrumentos percussivos. E o disco seria essencialmente construído com instrumentos acústicos.
iBahia - Quando começou a sua paixão pelos ritmos latino-americanos? CH - Quem nasce na Bahia, de uma forma ou de outra, acaba absorvendo muito da nossa cultura percussiva. Aqui se ouve bastante os ritmos latinos, os músicos sempre dão um jeito de colocar essas influências em gravações, shows, etc. Isso pode ser percebido claramente em gravações de Gerônimo, Luiz Caldas, Brown e tantos outros. No jazz local também. Comecei a escutar com mais frequência, depois que começamos a explorar isso no Retrofoguetes. A partir daí, só se intensificou.
"Quem nasce na Bahia acaba absorvendo muito da nossa cultura percussiva" |
iBahia - Quais são as suas inspirações musicais? CH - Os músicos que nos cercam, aqueles que você tem contato, tocando ou assistindo, sempre acabam sendo uma influencia na sua arte. Ouço coisas muito diversas e do mundo inteiro. Para esse projeto, ouvi muito Israel Cachao, Cuban Roots, Manuel Galbán, Oscar D´leon, Cachaito e percussionistas como Giovani Hidalgo, Tito Puentes, Guem, Mongo Santamaria. Ouvi muita coisa além deles...
|
---|
Com novo visual, CH Straatmann lança álbum de música latina |
iBahia - Por que você saiu da Retrofoguetes? A separação foi tranquila? Como os outros integrantes reagiram quando você comunicou que iria deixar o grupo? CH - Caminhos divergentes, objetivos de vida, etc. A separação foi tranquila dentro do que foi possível. A vida prossegue, estão todos tocando com seus projetos, cada qual cuidando dos seus ciclos.
iBahia - Você completou 19 anos de carreira. Se arrepende de alguma coisa ao longo desse tempo? CH - Não. A música é uma grande motivação em minha vida. Continuo aprendendo...
iBahia - Além do show, você já pensa algum novo projeto? Pode adiantar alguma coisa? CH - Quando comecei a fazer 'Efecto Vertigo', já estava pensando no segundo disco. Então, já comecei a compor para o próximo, que deve contar com a presença de mais músicos, mas é só o que posso adiantar por enquanto. Porém, antes disso, pretendo circular com esse show por algumas capitais, e cumprir a agenda de 'Efecto Vertigo'. Veja gravações dos bastidores do disco Efecto Vertigo: [youtube Lq7Bn5aNRP4]