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MÚSICA

Emicida (SP) volta à Bahia para lançar seu novo disco

O rapper sensação do momento falou com o iBahia sobre fama, o trauma da perda do pai, os tempos difíceis na escola, seus ídolos da música e a polêmica com a imigração dos EUA. Confira!

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15/09/2011 às 19:00 • Atualizada em 30/08/2022 às 3:09 - há XX semanas
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Emicida ganhou um programa de black music na MTV, 'Sangue B'
“Herói da classe trabalhadora”, “marrento”, “revelação do rap nacional”, são algumas das classificações que tentam desvendar o homem por trás do rapper-sensação do momento, Emicida. Depois de dois anos sem se apresentar em terras baianas, o MC está de volta para lançar o seu mais novo trabalho, o EP ‘Doozicabraba e a Revolução Silenciosa’, produzido com a dupla norte-americana K-Salaam e Beatnick.A turnê baiana já tem três datas confirmadas e passará por Salvador e Vitória da Conquista. Nesta sexta (16), o cantor paulista se apresenta com o grupo baiano Versu2, às 22h, no Espaço Sunshine (ex-Idearium), em frente à igreja de Santana, na orla do Rio Vermelho. O ingresso na portaria fica por R$30. Em outubro, ele retorna à capital baiana, dia 11, para o Red Bull Funk-se; e se apresenta em Vitória da Conquista, dia 28, no Festival Suiça Bahiana (ver programação completa). ”Zica, Vai Lá”
Capa do EP 'Doozicabraba e a Revolução Silenciosa'
Comemorando cinco anos de carreira, Emicida que ficou conhecido por vencer inúmeras batalhas de MC, sendo considerado o melhor do Brasil no freestyle ou estilo livre, se consolidou no cenário nacional. O cantor virou sensação entre os jovens e uma referência em seu estilo. No dia 2 de setembro, o artista estreou como apresentador de TV no programa - só dele - ‘Sangue B’, na MTV, com foco na black music. Em 2009, esteve em Salvador lançando a festejada mix tape ‘Pra Quem Já Mordeu um Cachorro Até Que Eu Cheguei Longe’, que abriu as portas do Brasil e do mundo para a sua música. Em 2010, divulgou a segunda mixtape ‘Emicidio’. A pré-venda do disco ‘Doozicabraba e a Revolução Silenciosa’ já está disponível por R$5 , no site oficial. Para ouvir as dez faixas do EP, clique aqui. Entre as participações especiais estão nomes como MV Bill, Dom Pixote, Fabiana Cozza e Rael da Rima. Confira a entrevista com Emicida! iBahia - Em 2009, você esteve no Pelourinho divulgando a mix tape ‘Pra Quem Já Mordeu um Cachorro Até Que Eu Cheguei Longe’, que chamou a atenção da mídia nacional e abriu as portas para você, se não estou errada. De lá pra cá o que mudou na sua música e carreira? Acho que o estouro da mix tape fez as pessoas repensarem seus conceitos sobre o que estava acontecendo no rap. Este conceito por sua vez estava totalmente defasado, tudo foi pensado neste sentido realmente. Daí vem a importância de se ter um repertório vasto que passava por vários temas e diversos tipos de rap até, abrir um leque de coisas que estavam e estão florescendo no Brasil. A vendagem, o reconhecimento foi crucial para amplificar a expansão. Virei capa de vários portais, jornais de críticos muito bons, que eu já admirava, aquilo me deixou muito feliz, mas meu foco sempre foi construir na rua, algo sólido que fosse independente do reconhecimento da mídia, contando com o racismo vigente no país e no preconceito da imprensa em torno da música que fazemos. Nos focamos em construir algo que fosse livre e estivesse vivo estando nas capas dos jornais ou não. Graças a Deus isso não afetou minha música nem a maneira como vejo o mundo, muito pelo contrário, a liberdade fez com que eu pudesse amplificar meu pensamento e meu sentimento e consolidar a idéia de que se o mundo não vai ao gueto, então, o gueto deve invadir o mundo. Invadimos!
— Se o mundo não vai ao gueto, então o gueto deve invadir o mundo. Invadimos!
iBahia - Sua vida sempre foi marcada por grandes perdas, como você mesmo relata na faixa "Essa é pra você primo", e por muitas dificuldades. A arte tem lhe trazido uma nova perspectiva? Minha vida teve sofrimento, mas não me tornei refém dele, tenho uma imaginação fértil num ponto que beira o patológico, isso me fez ver o mundo com uma perspectiva mais positiva, esperançosa, criando o meu mundo, principalmente depois que meu pai morreu, que foi quando desenvolvi um silêncio próximo do autismo, um desejo de ficar sozinho e isso amplificou minha criatividade, até hoje considero a solidão um ingrediente valiosíssimo pro que faço...
Emicida e sua filhinha Estela
A arte me fez ver outros lugares, me trouxe coisas boas e ruins, fui moldando minha maneira de ver o mundo, com base nas coisas boas e ruins que via, aprendendo sempre, tentei durante anos podar minha imaginação e a falta de atenção que os professores na escola achavam ser sinal de desleixo, coisa de mau aluno, mas não era, eu só não assimilava a forma como se formam os alunos, como se moldam as pessoas nas escolas, não sabia dizer que era isso, mas já visualizava isso como algo que não me acrescentava em nada. Eu queria saber de quadrinhos, garotas e música, na escola eu só podia falar de arte na rua. A aula de educação artística que me obrigava a olhar Van Gogh e aplaudir sem entender...mandei tudo se foder e voltei pro meu autismo. (risos)
— Depois que meu pai morreu, desenvolvi um silêncio próximo do autismo
iBahia - Imagino que você tenha conhecido muitos artistas que admirava ao longo desses cinco anos de carreira...quem você curtiu em ter conhecido e quem gostaria de gravar ou dividir o palco um dia? Conheci Arnaldo Antunes, cantei com ele, Elza Soares, Zeca Baleiro esta semana, Martinho da Vila, Racionais, MV Bill, Rappin´Hood, Skank, NX Zero, Cidade Negra, um monte de gente que eu conhecia pelo rádio apenas, fiquei muito feliz por isso... Falta bastante gente na minha lista como Chico Buarque, Djavan, Gilberto Gil, Jorge Ben... deixo que surja naturalmente essa oportunidade, sem forçar. Se um dia acontecer algo fico maravilhado, caso contrário, sigo junto a eles nos meus fones de ouvido... iBahia - Em abril deste ano, depois da 'pendenga' com a liberação do visto para entrar nos EUA, você se apresentou pela primeira vez no Coachella e gravou em Nova York o EP 'Doozicabraba e a Revolução Silenciosa’ com a dupla Beatnick e K-Salaam. Fale um pouco sobre essas experiências.Sinceramente? O procedimento para tirar vistos e fazer essa viagem foi uma merda, extrema falta de sensibilidade do Consulado ao nosso caso, a merda da imigração dos Estados Unidos deu um visto de três dias pra gente. Conclusão? Agora estamos com negócios pendentes fora do país e temos que passar por toda essa humilhação de implorar por atenção. Novamente, os caras estragaram quase tudo, atrasaram nosso show no Coachella, ridicularizaram minha equipe, foi desagradável mesmo! Para nossa sorte, tirando essa experiência o resto foi maravilhoso, conhecer as pessoas que conhecemos lá, ver o que vimos, enfim trabalhar com K-Salaam e Beatnick mó honra mesmo, puta aprendizado! Eles fizeram muito valer a pena, tenho que agradecer muito ao Creators Project, que é um lance da Intel com a vice, aliás sou extremamente grato a vice mundial e do Brasil, que foram extremamente atenciosos conosco e tiveram desde o início a sensibilidade para ver a grandeza do que estávamos construindo...
— Estamos com negócios pendentes fora do país e temos que passar por toda essa humilhação de implorar por atenção
iBahia - Sobre o movimento hip hop na Bahia... você tem contato com grupos e artistas de rap daqui? Quais?Conheço Daganja, Nova Saga, DJ Bandido, Versu2, Nouve, vários caras que acredito e que são soldados do Rap na Bahia, verdadeiros guerrilheiros que não deixam a cultura morrer na Bahia! iBahia - Como será a turnê por aqui? Está preparando algo diferente para as apresentações em Salvador e Vitória da Conquista? Quem te acompanha nas pickups?Dj Nyack vem comigo nas pick ups, cada dia mais nos tornamos um grupo de rap, formação clássica, DJ e MC, sem frescura! Diferente vai ser, tô querendo ir pra Salvador com o show completo faz dois anos quase, quero mesclar todos os repertórios e descer a pedrada, vai ser histórico.
— Tô querendo ir pra Salvador com o show completo faz dois anos quase, quero descer a pedrada, vai ser histórico
iBahia - Qual a sua avaliação sobre o cenário da black music no Brasil? Acha que gêneros como o rap, que tem grande influência da cultura norte-americana, tem espaço para crescer no mercado fonográfico brasileiro? Acho que temos um histórico muito bom, viemos de Pixinguinha e Tim Maia, Jorge Ben, Cassiano, do intuí hô, Cartola, precisamos construir algo a altura dos nossos mestres para fazer isto ser sólido e relevante, honrar quem veio antes, mostrar que temos raiz! Eu nem vejo o rap tanto como algo internacional não, Pierre Verger (fotógrafo) era francês e morreu baiano, a arte é de quem faz não do solo onde foi feita, a arte une o mundo, a política é quem separa! Não acho nosso mercado raivo em ousadia, empresários, selos, gravadoras, apostam em lugares comuns demais, não gostam de ter frio na barriga, nós seguimos independentes por que não se faz nada relevante sem sentir frio na barriga... Turnê - Emicida na Bahia
  • 16 de setembro – Emicida e Versu2, no espaço Sunshine, Rio Vermelho. R$25 (antecipado), R$30 (portaria)
  • 11 de outubro - Red Bull Funk-se (serviço não divulgado)
  • 29 de outubro – Festival Suíça Bahiana - Randômicos (BA) / Versu2 (BA) Talma & Gadelha (RN) Suinga (BA) / Canastra (RJ) / Pirigulino Babilake (BA) / Ladrões de Vinil (BA) / EMICIDA (SP). Clube D´Waller, Vitória da Conquista-BA. R$ 30 (meia) e R$60 (inteira).
Ouça a música 'Viva', faixa do EP Doozicabraba! Ouça a faixa 'Zica, Vai Lá' com participação de Evandro Fióti

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