Ter 20 anos de carreira foi essencial para o sétimo trabalho-solo do rapper Marcelo D2, 45. O disco de inéditas Nada Pode Me Parar (EMI) traz 15 faixas com letras, na sua maioria, bastante pessoais. São discursos com menos cotidiano e muito mais temas que relembram bons momentos da vida do carioca, a paixão dele pelo Rio de Janeiro e seu modo de pensar a vida.
“Este é o mais autobiográfico dos meus discos. Mais pelo momento tão legal que estou passando, de liberdade artística e financeira. Eu vivia a madrugada, hoje eu tenho quatro filhos. O discurso vai também muito por aí...”, explica o músico, ao definir o trabalho como “mais boêmio e menos rueiro”.
Diferente dos últimos trabalhos produzidos em carreira-solo por D2, Nada Pode Me Parar traz muito pouco de samba. Agora, após encerrar uma turnê de 15 shows com a antiga banda de rock Planet Hemp, o rapper retorna às influências de hip hop do início da carreira. “Acho que continua bastante rua, mas mais musical que o meu anterior. Eu vou mais fundo para encontrar uma música própria, uma música minha”, revela.
Foram dois anos dedicados a ter ideias e produzir o trabalho. “Esse foi o grande diferencial deste disco. Eu andei de lá pra cá com minha mochila e acabei tendo uma visão maior do mundo. Foi um processo muito saboroso e produtivo”.
Não houve uma base criativa para compor o trabalho. Além da casa alugada por ele em Florianópolis para os dias de descanso entre um show e outro, D2 compôs e criou melodias nas cidades por onde se apresentou e no Electric Lady Studios de Nova York, estúdio criado por Jimi Hendrix (1942-1970) e no qual já gravaram os maiores nomes da música internacional.
CriaçãoE mesmo não considerando o mais importante na composição da obra ter à disposição a estrutura do reconhecido estúdio, o cantor assume que a vibe de estar num lugar desse é inspirador: “Tudo isso acaba influenciando. Tocar nos instrumentos do cara é bastante interessante...”, afirma.
Foi nos EUA que D2 convidou o soul man americano Aloe Blacc para participar da faixa Danger Zone. “Encontrei com ele num restaurante e falei que tinha feito uma música que era a cara dele. No mesmo dia ele foi para o estúdio e gravou comigo”, conta. O disco traz o vocal de outros americanos, como Joya Bravo, na música Feeling Good, e do grupo de rap Pac Div, em Livre.
Do Brasil, D2 conta ter chamado a “molecada mais nova” que anda em sua casa. Da nova geração do hip hop estão Akira Presidente e o MC Batoré, do popular coletivo nacional Cone Crew, além do rapper Shock e de seu filho mais velho, Stephan AKA Sain, ambos do grupo Start.
Stephan teve uma participação ainda maior na produção, tendo ajudado na composição de algumas músicas e gravado as vozes que faltaram durante a gravação. “Ele foi o maior parceiro deste disco. É legal ter um filho que divide tudo contigo e vive o que eu vivo. Stephan adora dar pitaco e eu gosto do que ele fala. Ele tem essa intimidade”, revela.
O álbum surge com um projeto paralelo bastante ambicioso. Cada uma das 15 faixas tem um videoclipe, todos já gravados e com direção da americana Gandja Monteiro. “Isso também influenciou bastante no processo criativo do disco. Quando escrevia a música eu já imaginava a imagem. Era como um roteiro de filme”, conta D2.
Dois já foram lançados no YouTube. O primeiro foi o clipe da música Eu Já Sabia. Com a participação de Hélio Bentes e Stephan AKA Sain, o trabalho concorreu ao prêmio VMB 2012 como clipe do ano. O outro, da faixa Eu Tenho o Poder, tem participação da dupla americana Cookin’ Soul.
O próximo clipe a ser divulgado será o da música Está Chegando a Hora (Abre Alas), que tem na melodia trechos da canção Abre Alas, de Ivan Lins. As imagens foram gravadas durante os carnavais do Rio de Janeiro e Recife. Os demais serão lançados aos poucos na internet.
Loja e Filme“Quero que a galera escute o disco e veja os vídeos para assimilar o som e cantar junto nos shows”, explica D2. Por esse motivo, o rapper montou uma loja na Galeria Ouro Fino, em São Paulo. Além de poder ouvir o disco e assistir aos clipes, a loja terá espaço para compra de bonés, camisetas, botons, shapes de skate e fones de ouvido com a marca Nada Pode Me Parar. D2 promete, ainda, visitar o espaço três vezes por semana para conversar com os fãs.
No segundo semestre, quando todos já estiverem com as músicas na ponta da língua, começa a turnê de lançamento do novo trabalho. A agenda de shows ainda não está confirmada, mas D2 diz querer tocar na Bahia. “Eu adoro a Bahia. Tenho muitos amigos e adoro as praias. Um dos lugares que mais gosto do mundo é o sul da Bahia”, conta.
Em paralelo à turnê, o rapper estará gravando o filme Meu Tempo É Agora, do cineasta Johnny Araújo, que conta a história de sua amizade com o primeiro parceiro, o rapper Skunk, fundador do Planet, que morreu em 1994.
Matéria original: Correio 24h
Com dez anos de carreira-solo, Marcelo D2 faz álbum mais pessoal
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