A cantora Pitty durante as gravações do álbum Chiaroscuro (2009), do marcante sucesso Me Adora. Livro aborda todas as fases do maior nome do rock’n’roll brasileiro no século 21 |
Como surgiu a ideia do livro? Originalmente, já era no formato de cronografia?
Eu estou com essa ideia e essa vontade há uns bons seis anos. Eu via livros de fotos de bandas gringas e ficava pensando por que ninguém fazia isso aqui. E sim, desde o começo a ideia era usar a linguagem fotográfica, mas a coisa de ser cronológico veio vindo à medida em que eu pensava sobre o projeto. E aí desde lá venho conversando com amigos fotógrafos, buscando uma editora que atendesse ao meu interesse de manter a arte e um preço justo, mas ter um alcance comercial legal, essas coisas. Optei por uma editora independente por causa disso. E finalmente esse ano consegui terminar e lançar.
Você pensou em algum livro de formato semelhante que você tenha visto e gostado?
É isso, me lembro de ter visto um dos Stones, um do Nirvana, ali pelo começo dos anos 2000. E outros de cinema, de arte, todos esses acabaram me dando vontade de fazer um também.
Qual o critério para a escolha das fotos, que vão da infância até a fase atual, já como um grande nome pop nacional?
Primeiro ,eu fiz um apanhadão geral, com todas as fotos que eu gostava das que eu tinha coletado. Aí peguei esse arquivo gigante e mandei pro editor, o Luiz Pimentel, que fez a primeira peneira. Foi importante ter esse olhar de fora. Ele escolheu momentos que eu talvez, por ser personagem, não escolhesse. E aí fomos peneirando juntos cada vez mais até chegar no resultado final.Leia também Valesca Popozuda apresenta nova música de trabalho Xangai volta a Salvador e se apresenta no Teatro Sesc Casa do Comércio
Hoje, você tem 36 anos. Olhando as fotos da fase inicial em Salvador, de bandas como Inkoma e Shes, o que lhe vem à cabeça? O que daquela Pitty underground permaneceu na cantora atual?
A base, o alicerce. As escolhas e posicionamento que adquiri com aquele aprendizado me moldaram até os dias de hoje. Continuo acreditando em autonomia, liberdade individual e no "doityourself". O que muda é o vocabulário, o ponto de vista, a abordagem; por causa do tempo e da vivência. E sou muito grata por tudo que rolou, pelos amigos que encontrei pelo caminho, por tudo que vivemos juntos naquela época.
Pitty na bateria da banda Shes no Hotel Pelourinho, em 1999. Na Bahia, ela também foi vocalista da Inkoma |
A garota Priscilla Novaes Leone, fofa, aos oito anos | Pitty aos nove anos, no final do curso de manequim |
É bem resolvido sim, mais hoje do que antes, inclusive. Acho que é aprender a fazer escolhas e arcar com as consequências delas. Não se vive sem concessão, mas é bom saber a hora de abrir mão e a hora de bater o pé e dizer não. Eu quero o mundo, desde que eu não tenha que deixar de ser quem eu sou para conquistá-lo. Porque aí não faria sentido, não é mesmo? Seria uma farsa. Esse é o tamanho. Eu quero tudo o que eu puder ter, sendo do jeito que eu sou.
Esse livro é um tipo de produto artístico que os fãs, em especial, adoram. Os seus fãs da primeira fase de sucesso, de 2003 e 2005, estão amadurecendo junto com você, ampliando seu leque de interesses na vida? Você tem feedback sobre isso?
Tenho um feedback bacana nos shows e com a internet. Mas nos shows da turnê nova, por exemplo, está muito incrível ver que só tem marmanjo e marmanja na plateia (risos). E sinceramente, a coisa flui melhor, a identificação, o diálogo. É muito mais verdadeiro hoje.
Pitty em momento de interação total comos fãs em show em Manaus, no Amazonas: ‘O palco é a catarse coletiva, é minha missa, é onde Baco está, é onde eu encontro o sagrado’ |
Acho que gravando e no palco. Porque na gravação é laboratório, é hora de pirar, pesquisar, experimentar timbres. E o palco é a catarse coletiva, é a minha missa, é onde Baco está, é onde eu encontro o sagrado.Matéria Original Correio 24h Com centenas de imagens e textos, Pitty conta a sua história em livro
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