A Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô) irá homenagear Raul Seixas na edição deste ano. A informação foi divulgada pela organização nesta terça-feira (27). O evento acontecerá entre 7 e 11 de agosto, no Pelourinho, Centro Histórico de Salvador.
O objetivo da homenagem é revelar, especialmente para as novas gerações, o quanto a literatura contribuiu com o talento do artista, libertando a mente dele para criar letras e harmonias únicas e criativas. Considerado o pai do rock brasileiro, Raul Seixas (1945–1989) era poeta, cantor, compositor, produtor e multi-instrumentista.
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Durante a adolescência, o baiano maluco beleza passava horas na vasta biblioteca do pai, repleta de clássicos da literatura. Entre as grandes paixões, estavam a filosofia e livros de ficção.
Raul Seixas adorava escrever contos, poesias e histórias em quadrinhos. Pensava em ser escritor, citava Jorge Amado como referência, como consta em depoimento no livro Raul Seixas: Uma antologia (1992), de Sylvio Passos e Toninho Buda.
“Eu queria ser escritor, feito Jorge Amado, vivendo de meus livros, escrevendo o dia todo, com uma camisa branca aberta no peito e cigarro caindo do lado”, disse.
Como escritor, compôs grandes poesias, depois transformadas em canções que conquistaram o povo brasileiro. Raul Seixas teve uma carreira curta, que durou apenas 26 anos, mas os 17 álbuns que lançou definiram o rock nacional.
Homenagem
A Flipelô sempre homenageia pessoas que tenham alguma relação com o universo amadiano. Entre as justificativas para a escolha deste ano apresentadas por Ângela Fraga, diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado, é que Raul Seixas, assim como Amado, foi buscar na cultura popular o tempero de suas obras.
Importante destacar que ele pegou o rock de Elvis Presley e misturou aos ritmos dançantes nordestinos, como o baião e o xaxado.
"Também igual a Jorge Amado, questionou as desigualdades sociais vigentes. Raul Seixas defendia uma sociedade alternativa, o que o levou a virar alvo da ditadura militar. Teve sua obra censurada, foi perseguido e exilado", acrescentou Ângela em nota.
"Mas nada disso diminuiu a força da sua obra, que segue viva e atual. Raul Seixas é um dos maiores artistas brasileiros. É referência às velhas e novas gerações. Suas palavras, como as de Jorge Amado, são contemporâneas, definem o Brasil de hoje: um país que segue em uma 'metamorfose ambulante'. E é essa obra potente do Maluco Beleza que a FLIPELÔ vai debater e reverenciar", finalizou.
Alan Oliveira
Alan Oliveira
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