O britânico Joe Wolchover, conhecido como Gringo Baiano, viralizou nas redes sociais nas últimas semanas ao mostrar que fala português fluentemente com o sotaque característico da Bahia.
Filho de um britânico com uma baiana, o influenciador mostra que a expressão "o fruto não cai longe da árvore" está mais que certa e que o sangue baiano acabou falando mais alto.
Leia também:
Nas redes sociais, onde foi descoberto pelos internautas, apenas um vídeo dele com o pai já ultrapassou 7,9 milhões de views. No Instagram, 421 mil seguidores acompanham o dia a dia de Joe Wolchover.
No videocast iBahia Entrevista, o Gringo Baiano contou detalhes do aprendizado sobre a Bahia ao longo dos anos, o que mais gosta no estado, planos para o futuro e até um momento traumático, quando experimentou sarapatel pela primeira vez.
"Eu nasci em Londres, e aí com dois anos a gente veio morar aqui, até os quatro. Eu era muito novo, mas para mim, a minha consciência nasceu aí. Nessa idade eu nasci, comecei a existir, então minhas primeiras memórias foram no Brasil mesmo, eu falava inglês e português na época, mas eu tinha preferência pelo português, eu não gostava de falar inglês", conta.
"E aí com quatro anos a gente voltou para Londres. Minha mãe queria uma educação melhor para a gente, mais segurança e a gente foi lá. Foi muito triste. Eu não gostava de morar lá, eu sempre quis voltar", completa Joe.
Quando está em Salvador, o influenciador fica com familiares e aproveita para criar conteúdos. Um cenário bem diferente de quando estava em Londres sonhando com o retorno para a Bahia.
"A gente ficava passando as férias aqui, São João, Natal e com 13 anos, eu fiz um intercâmbio. Falei para minha mãe. 'Ó, mãe, eu quero morar no Brasil. Eu sei que vocês não podem morar lá, mas pelo menos me deixa' aí então passei seis meses aqui, meu português melhorou muito né? Nessa época aí na pandemia, eu passei um ano [em Salvador], que foi quando realmente eu virei um baiano de verdade, eu consegui me considerar, sabe? E é isso, hoje em dia meu português é quase igual ao meu inglês, o que não era antes", diz.
Joe Wolchover está em um período de recesso na faculdade de antropologia, em Londres, e possui previsão de retorno para outubro, quando estudará o último ano do curso.
"Vou ter que voltar para o meu último semestre que vai ser de outubro até março, e aí tô livre pra ir para onde eu quiser, mas eu acho que eu pretendo ficar em um vai e volta, eu acho que o personagem gringo baiano não pode só estar aqui. Acho que eu tenho que ficar realmente assim", comenta ele.
Gringo Baiano viveu trauma com sarapatel
De origem portuguesa, o sarapatel ganhou uma versão brasileira e é sucesso em regiões como Piauí e Bahia. Com vísceras de porco, cabrito ou borrego, o prato é amado e odiado na mesma proporção por muitas pessoas. Na lista de quem é contra a iguaria, entra o Gringo Baiano.
Na entrevista ao videocast, Joe relatou ter sido enganado por um amigo ao experimentar o prato pela primeira vez. Desde então, ele é um dos poucos que ele não gostou.
"Eu não gosto de sarapatel, mas dizem que depende, que às vezes fica com o ranço de sangue, aí fica meio ruim. Não gostei, meu amigo falou que era macarrão com queijo, aí eu tomei um susto porque é aquele gosto de intestino. Pensei que tava podre, mas não estava, era o sarapatel mesmo [risos]. Mas de resto eu gosto de tudo", relata.
Já na culinária inglesa, Joe revelou não ter muito além do "fish n' chips", que é um peixe frito envolvido em polme e acompanhando com batatas fritas.
"Culinária inglesa não é aquela coisa, né? Tem o "fish n' chips" e de resto comemos a comida do mundo, indiana, que é muito popular lá, chinesa, japonesa, italiana", comenta.
Golpe na Barra e futuro na internet
Como todo turista, mesmo tendo sangue baiano, Joe Wolchover passou pelo "golpe da pintura", quando ambulantes pintam os desavisados com os traços tradicionais da Timbalada.
Da primeira vez, em 2020, ele acabou tendo que pagar R$70, enquanto na segunda vez, que ocorreu recentemente, uma amiga teve que desembolsar cerca de R$150.
"A gente tava lá no Farol da Barra e os caras 'não, não, deixa, deixa aí que é só para só para divulgar', aí eu falei 'ah, tá bom, então só para divulgar, não vou pagar nada, pode pintar' e aí os outros dois estavam lá sendo pintados, mas eles não tinham organizado de ser só por divulgação e acabaram cobrando R$ 70 para cada pessoa e quem pagou foi meu tio porque eu estava sem cartão e sem Pix", relata.
"E mais recentemente eu fui no Pelourinho com minha amiga que é do Paraná e mais ou menos foi a mesma coisa, eles são muito espertos falando. Eles me reconheceram, mas falaram que não iriam cobrar preço de blogueiro. Eu 'viajei um pouco', tava olhando para as coisas, aí minha amiga tá sendo pintada no braço e cobrara, R$150 nela. Mas eu já não caio mais, eu 'tenho alergia', 'não posso não', 'não tenho dinheiro' [risos]", completa.
Por fim, Joe Wolchover relatou que não pretende seguir uma carreira como influenciador, mas deseja estabilidade financeira para no futuro criar conteúdo no Youtube.
"Sonho de gravar para o YouTube e eu acho que isso seria a meta, porque aí eu posso monetizar meus vídeos sem ter que fazer 'publis', é só gravar meus vídeos e eu vou ganhar em cima disso e é isso. Às vezes eu quero ficar o dia inteiro sem usar meu celular e sendo influenciador não pode porque perde o engajamento e tudo é muito volátil", revela.
"Mas é isso, eu pretendo aumentar meu nível de conteúdo e quem sabe Netflix, TV, coisa de apresentador. O que vier a gente tá aí topando, né?", finaliza.
Lucas Mascarenhas
Lucas Mascarenhas
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!