Maio, mais especificamente o segundo final de semana do mês, é marcado pelo Dia das Mães. Filhos, sejam eles de sangue ou de coração, celebram a data em prol das grandes mulheres, que tanto os ensinam. Com o avanço da internet, termos como 'mãe de pet' e 'mãe de planta' se popularizaram e plantaram uma semente: mães de animais de estimação podem ser consideradas tão mães quanto às mães de seres humanos?
Em entrevista ao iBahia, a psicóloga Sara Sampaio trouxe uma visão psicossocial do vínculo 'maternal' criado com os bichinhos de estimação. Entenda essa relação e como ela atua em meio à sociedade:
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- Quando o assunto é saúde mental, quais são os benefícios de criar um pet?
Um dos primeiros pontos citados por Sara é sobre como o ócio é um verdadeiro inimigo da saúde mental. A partir daí entram os pets, já que eles tendem a trazer um senso de responsabilidade, demandas e, para além disso, proporcionam momentos de carinho e folia aos donos.
Dessa forma, entende-se que a vivência com os pets podem contribuir com a saúde mental do ser humano. "A relação com os pets pode melhorar os sintomas de depressão, ansiedade e estresse e até mesmo estimular a prática de atividades físicas, podendo contribuir com a melhora da saúde física e mental. De acordo com a ciência, pessoas que convivem com animais têm níveis mais altos de serotonina e dopamina, o que traz mais calma e bem-estar", afirmou a psicóloga.
- A partir do momento em que existe a relação entre 'mãe de pet' e seu respectivo animal de estimação, de qual forma esse vínculo pode influenciar no comportamento da 'mãe'?
Segundo a psicóloga Sara Sampaio, é necessário compreender que a humanização da relação com o pet pode, sim, trazer consequências negativas ao ser humano - a partir do momento que é excessiva. Dentre os fatores que podem vir a surgir através deste laço estão: isolamento social, estabelecer uma relação de dependência com o animal, projetar expectativas inexistentes e dificuldade em elaborar a perda.
- É possível suprir a carência de um outro ser humano, que neste caso teria o papel de filho, com um pet?
"Depende. Depende do que é procurado. Caso o pet esteja em um contexto em que a mulher já tenha decidido ou, de repente, por alguma situação não conseguiu gestar ou adotar uma criança, o pet traz um novo significado, como afeto, companhia, reciprocidade, lealdade, felicidade. Mas, ele não vai suprir a falta que aquela mãe projetou, sonhou, desejou", afirmou Sara, que ressaltou que o animalzinho auxiliaria essa mulher a ressignificar tal falta de uma forma diferente. Já para os casos de mulheres não têm vontade de ter filhos, sim, o pet preenche um espaço significativo.
- Pensando nas expectativas colocadas em um bichinho x colocadas em um ser humano, até que ponto essa relação entre 'mães de pet' e animais de estimação é saudável?
Independentemente de qual seja o tipo de vínculo estabelecido, é necessário limites e equilíbrio. Afinal, aquilo que excede pode representar uma forma de suprir a falta. "Pensando em falta x expectativas, colocadas na construção dessa relação, um dos motivos pelos quais nós sentimos tantos efeitos terapêuticos nessa relação com os animais, é que os animaizinhos atendem uma necessidade humana básica: o toque. Uma linguagem de amor muito presente na maioria das pessoas", complementou a profissional.
- Ponto de encontro: quando é indicada a interação entre animais e crianças? Tal relação ajuda no desenvolvimento cognitivo dos pequenos?
"Sim. O contato desde cedo dos pets com as crianças ajuda na socialização, construção para autoconfiança, autoestima, senso de responsabilidade e desenvolvimento cognitivo. Atividades na rotina familiar com os animais podem auxiliar as crianças do desenvolvimento. É uma troca muito bonita de cuidado, atenção, responsabilidade e companhia", concluiu a psicóloga Sara Sampaio.
Sob supervisão da repórter Mayra Lopes
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Victoria Dowling
Victoria Dowling
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