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DIA DAS MÃES

Ativismo materno: conheça a história de Mariana, Larissa e da pequena Marina

Casal divide a dor e a delícia da maternidade e especialista Iris de Sá aborda como o conceito de maternar vem sendo descontruído ao longo dos últimos anos

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Mayra Lopes

08/05/2022 às 8:30 • Atualizada em 27/08/2022 às 16:27 - há XX semanas
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Qual o conceito de maternar?! Você já parou para pensar no quanto isso mudou ao longo dos anos e no quanto isso tem se tornado mais diverso e inclusivo?! Pois bem, foi pensando nisso que o iBahia resolveu trazer essa reflexão pra você, atrás da tela. O que é ser mãe pra você?!

Mas, o que mudou? E respondemos: o que muda e vem evoluindo a cada ano é como apresentamos esse maternar e a luta para exercer essa prática, que muitas vezes é negada na sociedade em que vivemos. Para a psicologia, a definição está alinhada ao que citamos aqui. De acordo com a psicopedagoga, professora do curso de psicologia da Uneb e terapeuta, Iris de Sá, maternar varia de cultura para cultura e por isso não se deve ter um conceito ou padrão pré-estabelecido.

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“O conceito de maternar varia de acordo com a concepção que determinado grupo tem de maternagem. A gente percebe uma mudança nos diferentes grupos familiares. A gente tinha aquele padrão de família, mãe, pai e tal e ao longo dos anos isso mudou. Hoje, a gente não tem uma família igual a outra família. Então, a gente pode pensar no cuidar, brincar e educar como a tríade mais importante no papel de maternar”, explicou a especialista.


				
					Ativismo materno: conheça a história de Mariana, Larissa e da pequena Marina
Foto: Acervo Pessoal

Dentro desse contexto, exemplos de diferentes tipos de família não faltam. E uma delas é resultado da união entre Mariana Leonesy, de 38 anos, e Larissa Porto, de 30 anos. O casal se conheceu em uma universidade baiana, se apaixonou e sempre teve em mente o desejo de serem mães e constituírem uma família.

"A gente sempre quis ser mãe. A gente estava muito em sintonia, tinha certeza do sentimento que uma tinha com a outra, a gente se empoderou em relação a nossa sexualidade, de se apresentar numa relação homoafetiva, de apresentar nossa gestação de uma maneira muito militante e pronto", explicou Larissa.

Pouco tempo depois, após um período de planejamento, Lari e Mari engravidaram. Foi através de uma inseminação artificial, com doador anônimo, que elas começaram a realizar o sonho da maternidade e a pensar no conceito de maternar. Marina, é uma linda e divertida criança, de apenas 2 anos. Exigente e carinhosa, não abre mão das mães juntas até na hora de dormir. Sempre uma, do lado da outra.
Os desafios eles existem socialmente, mas o casal evidencia em poucas palavras como comunicação, diversidade, afeto e consciência coletiva são componentes de uma fórmula (se é que existe fórmula para ser mãe) de sucesso.

"Eu sempre tive esse sonho, mas muitas vezes a gente pega levando em consideração o que se vive, principalmente na adolescência quando a gente se reconhece e se identifica. Eu acho que em muitos momentos, como foi no meu caso, a gente entra em crise. Em muitos momentos, a gente é muito direcionado para uma heteronormatividade. E depois, em um dado momento, você percebe que não tem que seguir um modelo. E que tem outros modelos", disse Mariana.

"A gente se dedica a essa maternidade, até nos aspectos mínimos. De tentar até conscientizar e de manter ao máximo o empoderamento, sabe? Na escola onde ela estuda, somos duas mães e somos respeitadas por isso. Mas a gente vem lutando nesse sentido, né?! Desde a nossa gestação, desde o nascimento de Marina: as duas vão estar na sala de parto, a gente fez o nosso papel. Quando é pai e mãe, o pai ajuda a mãe, no nosso caso não. Eu acho que conta muito, as duas fazerem, as duas estão ali atuando na mesma medida, não há uma diferença e Marina sente isso", explicou Larissa.


				
					Ativismo materno: conheça a história de Mariana, Larissa e da pequena Marina
Foto: Acervo Pessoal

Funções e papéis
Hoje, gerar uma criança é uma fala que abraça a adoção, a gravidez, o acolhimento e muitas outras formas de maternar. Mas, em contrapartida, ter uma maternidade responsável é um ponto em comum principalmente no campo social, que exige e julga determinados comportamentos femininos com base no que, hoje, está sendo desconstruído.

Sobre a pressão social estabelecida sobre as mulheres, Iris foi clara e trouxe inúmeros contextos importantes que merecem destaque.

“Eu diria que existe uma pressão social pra mulher ser mãe, mas também existe uma cobrança da mulher com ela mesma. E a nossa sociedade tem muito essa coisa romântica em torno da maternidade. Ela romantiza a maternidade e isso fica como uma coisa que é só da mulher e ela não pode reclamar”, começou Iris.

“Então, há uma cobrança social e até tem essa ideia de que faz parte da realização da mulher ser mãe. E isso também é um mito, né? É um mito. Uma maternidade responsável ela requer também que a mulher se realize em outras coisas. Que tem uma parte da vida dela que é cuidar dos filhos, das filhas, enfim. E a outra parte que é realizar a vida dela pessoal, se ela quiser ser feliz, que o filho seja feliz, ela deve ser feliz”, detalhou.

Para o casal Mari e Lari, esse vínculo materno – quando desejado - é importante também na representação política que isso tem na sociedade.O termo gerar, para elas, precisa ser desmitificado.
“Essa coisa do gerar não passa. Pra mim, ser mãe não é gerar, sabe?! Ser mãe é atuar nisso, é um ato político, é um ato social de amor”, enfatizou Larissa.

"É um vínculo afetivo de cuidado, de carinho, de práticas diárias, que a gente se faz mesmo no dia a dia da nossa relação. E isso é muito interessante dentro da vida de Marina, porque a gente teve direitos iguais com licença maternidade, depois com a pandemia que criou um vínculo ainda mais próximo, isso se constituiu uma forma muito importante. Isso é uma marca”, explicou Mari.


				
					Ativismo materno: conheça a história de Mariana, Larissa e da pequena Marina
Foto: Acervo Pessoal

A dor e a delícia de ser mãe
Ser mãe é algo único. Muitos até falam da magia entorno dessa pratica que é diária, e muitas vezes exaustiva. Educar e amar incondicionalmente uma pessoa, que de certa forma levará o seu legado ou representará sua passagem no planeta, é de extrema responsabilidade. Mas, é possível sim! E como dizem as pessoas por aí, no final tudo dá certo e está tudo bem!

Quando apresentado esse contexto atrelado a essa atividade, lembrando da pergunta citada no início do texto: O que é ser mãe? Elas emocionadas, responderam:

“Antes de eu ser mãe, eu já era especialista. Já trabalhava com criança, trabalhava com famílias. E eu tinha uma coisa ideal, assim, de maternidade, sabe? Falava pras mães como elas tinham que agir, achava coisas absurdas que as mães faziam, né? E, no meu caso, a experiência da maternidade me tornou em uma pessoa muito mais empática e muito mais solidária. E muitas vezes as mães quando desabafam que não sabem o que fazer. Eu tenho a tranquilidade de dizer, poxa, eu imagino, eu faço ideia porque eu também sou mãe”, começou Iris.

“Se eu fosse definir a maternidade, levando em consideração a idade que Marininha tem, eu acho que é pegar na mão, colocar no colo, identificar o que quer, tentar reconhecer cada sinal que ela emite e amar”, detalhou Mariana.

A esposa dela, Larissa, complementou. “A gente só sabe o que é ser mãe, quando é mãe. A gente idealiza tanta coisa, né?! E aí, eu vejo hoje que ser mãe é atuar todos os dias. É educar de maneira afetiva, explicar o que é um não, é militar todos os dias, e ser mais todos os dias, ser todos os dias e buscar esse lugar de conforto onde Marina possa voltar quando quiser”, disse.

E pra você?!
Feliz Dia das Mães!

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