A chuva intensa que caiu em diversas partes da Bahia nesta terça-feira (13) provocando a morte de um trabalhador rural atingido por um raio em Casa Nova, no norte do estado, trouxe novamente o alerta para os baianos sobre o perigo das descargas elétricas. Na capital, a frente fria, que provocou alagamento de diversas avenidas, deslizamento de terra e desabamento de muro, também chamou a atenção pelo espetáculo assustador dos raios. Esta descarga elétrica poderosa é produzida pelo contato entre nuvens de chuva ou entre uma destas nuvens e a terra. O raio é visível a olho nu e possue trajetória com ramificações irregulares até o solo. A sua queda gera um clarão conhecido popularmente como relâmpago e uma onda sonora, o trovão. Para evitar transtornos ou incidentes mais graves, a melhor orientação é se proteger. De acordo com o professor do Instituto de Física da Universidade Federal da Bahia, Alberto Brum Novaes, as descargas podem se tornar mais perigosas quando o indivíduo está em áreas abertas, sem prédios e sem nenhum para-raios por perto. Mesmo no caso de Salvador, que conta com uma certa estrutura para este tipo de situação, os riscos não devem ser ignorados. Procurado pela reportagem, o professor deu algumas orientações e esclareceu alguns mitos sobre a "trovoada". Confira! Lugares não aconselháveis"Diante de um temporal, especialmente formado pelas nuvens cumulonimbus, é altamente recomendável não ficar exposto em áreas abertas, livres, em campinas, colinas e em lugares altos. Isso porque, nestas situações, ocorre o fenômeno chamado poder das pontas. As cargas elétricas se concentram nas pontas e não existindo prédios, abrigos, enfim, a própria pessoa é a ponta que conduzirá a descarga. Além disso, também não se deve ficar na praia, dentro ou fora da água, ou debaixo de árvores, já que a madeira verde é extremamente condutora". O carro é um lugar seguro"O carro seria um ótimo exemplo da chamada gaiola de Faraday - um experimento conduzido por Michael Faraday para demonstrar que uma superfície condutora eletrizada possui campo elétrico nulo em seu interior. Ele é uma caixa de ferro puro e se um raio cair sobre o carro, a descarga será distribuída pela superfície e chegará ao chão pelos pneus. Além disso, os próprios pneus são isolantes. Desta maneira, o carro é um lugar seguro. Assim como os prédios que são como um "caixão" de concreto e de ferro. A descarga se propagará pela superfície destes condutores. Por isso, são lugares ideais para se proteger". O mito de cobrir a televisão e espelhos com panos"Para muita gente esta crença de que cobrir a televisão e espelhos com panos poderá resultar numa proteção. Não é verdade. Não tem nenhuma influência cobrir a televisão, o computador ou o que seja. Até porque o vidro é um isolante. Apesar disso, é recomendável que sejam desligados da tomada os aparelhos. O relâmpago pode cair na rede pública e dar um pico de descarga, provocando a queima dos equipamentos. A rede pública de eletricidade já tem o para-raio no próprio sistema, mas às vezes a descarga é tão grande que provoca problemas. Casas de barro e barracos"Mesmo com os experimentos da gaiola de Faraday e suas constatações, é preciso saber que nas casas de barro ou nos barracos o problema é mesmo a estrutura. A descarga poderá atingir a superfície e ser distribuída, mas a estrutura da casa, por ser mais simples, poderá não resistir à corrente que passará. Avião e raios"Os aviões são equipamentos muito seguros no que se refere à proteção de raios. Não há problemas maiores se o avião for atingido por raios. O avião tem proteção, tem blindagem elétrica e é justamente por isso que não vemos aviões cair por esse motivo. Às vezes, o raio corta o avião e continua sua trajetória até o solo sem interferir na aeronave. [youtube P2LbdKxCVww] Celular pode oferecer riscos"Nunca houve nenhum registro ou incidente mais grave, mas o uso do celular em espaços públicos durante um temporal destes pode ser um fator de risco. celular tem um certo perigo porque possui um antena, com emissão de ondas. O melhor é desligar o celular e falar num lugar seguro. Campos de futebol "Nos grandes estádios, os para-raios cumprem a função de proteger o local. Apesar disso, em diversas partes as pessoas costumam jogar futebol em campos abertos, mais livres e, por consequência, mais suscetíveis aos raios. Se a pessoa for tomada de surpresa no meio do temporal e não tiver onde se abrigar, ficar de cócoras, como se fosse um muçulmano fazendo uma oração, diminui os riscos. Usar botas ou calçados de plásticos também podem ajudar, especialmente se o raio atinge no campo e a descarga se distribui pela superfície". Primeiros socorros"Se uma pessoa for atingida por um raio e conseguir sobreviver, os primeiros socorros podem ser feitos normalmente. A descarga não passará de uma pessoa para a outra". O raio cai duas vezes no mesmo lugar "É bom ficar atento porque o dito popular, neste caso, não tem validade. Um raio pode sim cair duas, três, quatro vezes no mesmo lugar. O que acontece é que as nuvens estão em movimento e isso faz com que não a descarga geralmente não atinja o mesmo ponto. Rede de eletricidade"O risco sempre existe, embora as cidades tenham proteção. O ideal mesmo é que toda a distruibuição seja feita por rede subterrânea. Desta forma, teríamos a proteção completa. É caro, mas é o que possibilitaria a maior segurança das pessoas.
As nuvens cumulonimbus atingiram Salvador nesta terça-feira e provocaram a queda de raios |
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