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SALVADOR

Circular com bicicletas em Salvador: um desafio possível

Até 2014, a capital baiana deverá ter 227 Km de ciclovias. Saiba como iniciar a atividade

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20/09/2011 às 15:59 • Atualizada em 03/09/2022 às 8:24 - há XX semanas
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O uso da bicicleta como meio de transporte tem ganhado novos adeptos na capital baiana
As ladeiras, o calor, a violência nas ruas e no próprio trânsito, o péssimo estado de conservação de algumas vias públicas, a falta de respeito, as longas distâncias e a pouca extensão da ciclovia são fatores reais que, para muita gente, tornam quase impossível a utilização da bicicleta como forma de locomoção em Salvador. Algumas pessoas, entretanto, que vem circulando com esse meio de transporte, têm mostrado que a bicicleta não é somente um objeto de cobiça de algum futuro longínquo, mas uma prática viável no cotidiano atual. Cansados dos grandes congestionamentos, dos preços abusivos da tarifa do ônibus ou da gasolina ou apenas com disposição e gosto pelo ciclismo, essas pessoas têm fundado grupos, criado redes, trocado ideias, reunindo dicas e informações importantes e tirando efetivamente a bicicleta de dentro de casa para as ruas. Das atividades mais corriqueiras como ir à padaria ou ao trabalho até sair para bares numa sexta-feira à noite, tudo é feito sob as duas rodas, quase sempre sem ajuda de motor. Pensando nessa nova realidade, já visível nas ruas, o iBahia buscou algumas das principais informações para quem deseja testar a bicicleta pelas ruas da capital baiana. O começoCostuma-se dizer que as principais transformações numa sociedade acontecem com a própria mudança de comportamento dos indivíduos. Um novo começo e a novidade, quando não soam ameaçadoras, sempre criam algum tipo de receio ou mesmo curiosidade. Deixar de lado o carro na garagem ou o ônibus e subir numa bicicleta para dirigir-se a qualquer ponto de uma metrópole brasileira naturalmente é um processo que suscita alguns medos. Mas, entre os ciclistas, há quase um consenso sobre como criar coragem para ser introduzido nesse circuito. A designer Renata Soutomaior, 26 anos, conta que antes de começar com a própria bicicleta, o mais interessante é fazer alguns testes: "Começar com bikes emprestadas, testando os modelos, usando os acessórios adequados e fazendo distâncias mais curtas é a melhor maneira de iniciar o uso desse equipamento na cidade". Além de escolher dias e horários mais tranquilos, evitando os horários em que o trânsito está intenso nas principais vias, o iniciante pode e deve buscar pessoas com mais experiências para as primeira pedalas. Essa é a melhor maneira de ganhar confiança para os próximos passos. A bicicleta no dia a diaO estudante de agroecologia, Diego Scipione, 22 anos, passava diariamente mais de uma hora dentro do ônibus da Pituba até à faculdade, em São Lázaro. Depois de passar a viagem toda em pé - o coletivo estava quase sempre lotado-, o estudante ainda tinha que caminhar mais dez minutos até a universidade. No dia em que começou a usar a bicicleta, o tempo de Diego ficou otimizado: o máximo que gastava no trânsito passou a ser trinta minutos. "Eu estava perdendo muito tempo com uma coisa simples. Com a bicicleta, eu adquiri mais liberdade e controlava melhor o que eu queria fazer e por onde queria ir, buscando atalhos e tudo mais", conta Diego. Para ele, que fazia um percurso com tráfego intenso, um dos segredos para realizar com mais tranquilidade as atividades diárias era buscar vias alternativas às pistas e avenidas principais. "Infelizmente, quem usa a bike em horários mais complicados, sabe que os carros e os ônibus disputam, ao invés de compartilhar, o espaço. Daí buscar atalhos e outros caminhos é uma saída boa. Além, é claro, de ter muito cuidado com as ruas esburacadas, ter respeito, colocar uma luz na bike, usar o capacete, enfim". Riscos de assaltos Outra justificativa para não utilizar a bicicleta é a violência própria dos centro urbanos. Para muita gente, não andar de ônibus ou de carro necessariamente deixa a situação mais vulnerável e passível de sofrer algum tipo de abordagem. O professor de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia, Marcos Rodrigues, que desenvolve estudos na área de mobilidade, afirma, entretanto, que o risco é praticamente o mesmo: "A gente percebe que, em Salvador, a quantidade de assaltos a carros e a ônibus é algo bastante expressivo. Então, a noção de que a pessoa vai estar mais segura nesse veículos do que numa bicicleta pode ser ilusória". Diego lembra que é possível usar outras medidas preventivas: "Na hora de escolher, por exemplo, não comprar uma bicicleta com cores muito chamativas, evitar também circular sozinho pelas ciclovias e não pedalar por lugares desconhecidos". O calor e as ladeiras Uma reclamação comum é que as temperatura elevadas na capital baiana seriam um obstáculo considerável ao uso das bicicletas. Embora não se possa regular com o controle remoto de um ar-condicionado o frio ou calor que faz na cidade, algumas medidas podem ajudar a aliviar esse incômodo. O uso de roupas leves, como saias e vestidos para as mulheres ou camisetas para os homens, juntamente com protetor solar, boné/capacete, óculos escuros reduzem consideravelmente o impacto do circuito. Outra dica é levar, na mochila ou bolsa, uma toalha e/ou outra peça de roupa para trocar assim que chegar ao destino final. No caso das ladeiras, os motociclistas que não possuem motor no equipamento terão que fazer um pouco mais de esforço físico ou repetir o velho costume de descer e empurrar. Além disso, aprender a utilizar bem as marchas disponíveis também ajuda. Grupos Com o aumento dessa modalidade de transporte, diversos grupos foram surgindo no país. Em Salvador, um dos mais conhecido é Bicicletada Salvador/Massa Crítica. Com encontro mensais, a rede pretende, através das pedaladas, chamar a atenção para o uso de transportes alternativos e, ao mesmo tempo, conscientizar os motoristas e transeuntes sobre o uso das bicicletas. O próximo ato está marcado para o próximo dia 22, quinta-feira, a partir das 19h, no Dique do Tororó. Outro grupos conhecidos são os Amigos de Bike e o Meninas ao Vento, mais voltado para o intercâmbio de sugestões e dicas entre as mulheres. Perspectivas para 2014 A situação dos ciclistas pode melhorar muito num futuro próximo. Até o Mundial de 2014, Salvador poderá ser a cidade do país com mais quilômetros de ciclovia. A ideia é ampliar os atuais 20km, essencialmente concentrados na orla e em parques, para 227km. A principal proposta é capilarizar o percurso, levando-o para o centro e fazendo com que o soteropolitano possa incorporar esse hábito à prática cotidiana. Leia também: Moto não é transporte de criminoso e pode contribuir com a mobilidade urbana *Se você vive em Salvador e tem dificuldades em se locomover pela cidade, escreva-nos contando: [email protected]

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