Após 10 anos, quase 90% da BA ainda não têm transporte por aplicativo

Pedir um carro de transporte por aplicativo para ir ao trabalho, passar por uma consulta médica ou voltar de uma festa é algo comum para quem mora nas grandes cidades e está acostumado com a mobilidade oferecida pelo serviço. No entanto, essa é uma realidade distante para quem está no interior da Bahia.

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Um levantamento feito pelo iBahia mostra que, dos 417 municípios que compõem o estado, pelo menos 358 não possuem operação de transporte por aplicativo.

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Especialista aponta fatores econômicos e sociais

Para o professor Armando Branco, que é arquiteto e urbanista com especialização em planejamento de transportes, a falta das grandes plataformas no interior do estado está diretamente relacionada a fatores econômicos e sociais.

De acordo com o especialista, teoricamente, nos estudos de mobilidade, o transporte público coletivo é priorizado. Com isso, a alta demanda pelos aplicativos de transporte reflete deficiência desta função urbana.

No entanto, no caso de cidades menores, apesar dos problemas encontrados nestes serviços públicos, não há escala de demanda que mantenha a atividade das plataformas com rentabilidade.

Ou seja, para o professor Armando Branco, não há público suficiente para atrair e segurar grandes empresas de transporte por aplicativo nessas regiões.

"Não podemos ver o aplicativo como solução mesmo porque há uma realidade socioeconômica em grande parte da população que não pode custear este modal de transporte. Será sempre específico para quem pode pagar".

Nem mesmo a alta atividade turística de algumas dessas cidades justificaria o desenvolvimento do setor, conforme sinalizou o especialista.

"Na cidade grande, há várias alternativas para deslocamento, inclusive privativo das empresas de turismo. Nas pequenas, como nas grandes também, o bom turista gosta de caminhar, que é a melhor forma para conhecer e internalizar o lugar de visita. Logo, não vejo que o modal de aplicativo influencia significativamente o turismo, mesmo considerando uma boa parte dessas pessoas com bom poder aquisitivo".

O que dizem as duas principais plataformas do estado

Uber

Em contato com o iBahia, a assessoria da Uber pontuou que a empresa tem um "formato específico" de nomear municípios, e que, muitas vezes, embora não apareça no site o nome da cidade, ela atua normalmente naquele local e está presente na maioria das cidades brasileiras, "o que inclui a maioria das cidades baianas".

A plataforma também explicou que não é possível fazer um recorte estadual, mas ressaltou dados apresentados no final de maio sobre a operação nos últimos 10 anos, desde que começou a operar no país, às vésperas da Copa do Mundo.

Segundo a Uber, 125 milhões de brasileiros já utilizaram o aplicativo pelo menos uma vez (o que corresponde a aproximadamente 80% da população adulta do país). Somando todas as viagens, são mais de 11 bilhões de corridas já realizadas no Brasil desde 2014.

A empresa afirma também que 5 milhões de brasileiros geraram renda com a plataforma em algum momento e mais de R$ 140 bilhões foram repassados aos motoristas e entregadores parceiros.

99

Já a 99 reforçou em nota enviada ao portal que está presente em mais de 50 cidades baianas, incluindo grandes centros urbanos, como Salvador, Feira de Santana e Vitória da Conquista.

Segundo a empresa, para além dos carros, a 99Moto tem "desempenhado um papel crucial em atender as necessidades de mobilidade da população, fornecendo uma fonte de renda confiável para milhares de motociclistas".

Em Salvador, conforme pontuou a plataforma, foi registrado um aumento de mais de 60% no número de corridas diárias no último ano, "destacando a preferência dos usuários pela agilidade e custo-benefício das motos".

A 99 apresentou também o resultado de uma pesquisa encomendada pela empresa para a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Ela mostra que as viagens de moto da plataforma geraram um impacto total para a Bahia de mais de R$ 695 milhões em produção, R$ 359 milhões em Produto Interno Bruto (PIB), R$ 150 milhões na renda das famílias, R$ 24 milhões em impostos indiretos e mais de 7 mil empregos.

De acordo com a empresa, o impacto econômico é equivalente a 0,04% do PIB estadual em 2023 e é comparável ao PIB de 2021 do município de Caravelas, que fica no extremo sul baiano. O impacto total sobre empregos, conforme pontuou a plataforma, é maior que a população em 2022 de Maetinga, no sudoeste.

A 99 ainda especificou que, para Salvador, o impacto total das viagens de moto foi de mais de R$ 269 milhões em produção, R$ 139 milhões em PIB, R$ 58 milhões na renda das famílias, R$ 9 milhões em impostos indiretos e mais de 3 mil empregos.

"Neste sentido, a 99 está atenta às particularidades de cada região e trabalha para expandir o seu serviço, atendendo de maneira completa a população, valorizando a autonomia dos motoristas parceiros e respeitando suas decisões em relação às áreas onde escolhem operar, reiterando o suporte e confiança necessários para o desempenho da atividade", finalizou.