Falta pouco para o inverno, no dia 20 de junho. A chegada gera diversas dúvidas sobre como será a estação mais fria do ano na Bahia. E a resposta é: tudo dentro da normalidade, mas com temperaturas mais baixas, podendo chegar a menos de 10 °C em alguns municípios. Este é o resumo do que deve ser o cenário do inverno na Bahia, que segue até 22 de setembro, em 2024.
Uma elevada amplitude térmica, com temperaturas muito baixas durante a madrugada e início dia, deve atingir principalmente as áreas da região Centro-Oeste devido à diminuição das chuvas e baixa umidade relativa do ar. É o que aponta a meteorologista Cláudia Valéria, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), em entrevista ao iBahia. Os dados são do prognóstico trimestral referente aos meses de junho a agosto deste ano.
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"Das regiões Centro-Oeste, já é um período que começa a secar. Ou seja, a gente já tem até umidade mais baixa, ausência de chuvas. Essa condição persiste. Ainda não é o pior momento, o momento mais seco da região Centro-Oeste, porque isso ocorre mais lá para setembro, mas durante o inverno já é uma condição mais seca, o que por essa ausência de chuvas e baixa umidade relativa do ar acaba evidenciando uma elevada amplitude térmica nessas áreas, temperaturas muito baixas durante a madrugada e início dia, justamente porque o inverno é o nosso período mais frio, e temperaturas altas à tarde", explica.
Ainda segundo a especialista, uma das características do inverno é justamente evidenciar as diferenças entre as temperaturas mínima e máxima na maior parte do estado. De acordo com a previsão do Inmet, algumas cidades baianas podem ter temperaturas negativas.
"O que temos de diferencial são as temperaturas mais baixas em todo o estado e nas regiões serranas, no oeste do estado, principalmente em regiões como Luís Eduardo Magalhães, Vitória da Conquista, Piatã. Comumente a gente tem, durante esta estação, alguns dias específicos em que essa temperatura fica, inclusive, abaixo de 10 graus. Isso é recorrente. Todos os anos a gente tem características do inverno nessas regiões e essas temperaturas mais baixas", salienta, em entrevista ao Portal.
A prova disso é que, de 1990 até este ano, a menor temperatura registrada no estado foi 5,1 °C em Vitória da Conquista, no dia 29 de junho de 2022, dois anos atrás. Mas, ainda assim, a condição é considerada normal e dentro do padrão para a Bahia.
As chuvas vão continuar no inverno?
Depois de um mês de abril chuvoso e atípico para o período e um mês de maio até então inconstante, surge a dúvida se no inverno o "cacau" vai continuar caindo no estado.
Segundo Cláudia Valéria, há a continuidade das chuvas pelo menos até o mês de julho com certa frequência e mais localizada na faixa leste do estado e na faixa litorânea. No caso de Salvador, a tendência é que o clima continue instável, sempre com alguma ocorrência de chuva, intercalando com períodos de sol.
"A chuva não é de grande intensidade. É essa chuvinha chata, persistente, aqueles dias nublados, mas sempre intercalando com ocorrências de sol. Ocorre uma redução das chuvas, porque o nosso período chuvoso é outono e não inverno. Ela se estende um pouco no início do inverno, mas já com característica de ir reduzindo ao longo dos meses", destacou.
Salvador no inverno e os preparativos para estação
É o que ressalta também Sosthenes Macêdo, diretor-geral da Defesa Civil de Salvador (Codesal). Ao iBahia, ele destaca que o inverno em Salvador e na Bahia como um todo não é o período de maior acumulado pluviométrico.
"O inverno é chuvoso no sudeste. Inverno na Bahia, em Salvador, não é o período de maior acumulado pluviométrico. O maior período de acumulado pluviométrico na nossa capital se dá entre os meses de março e junho, no outono", afirma.
Segundo Sosthenes, o inverno não é "tão danoso" com relação aos efeitos da chuva como o outono. No entanto, os extremos climáticos podem causar mudanças no comportamento das chuvas na cidade.
"É importante trazer para a discussão que os extremos climáticos têm apresentado uma série de mudanças no comportamento das chuvas na nossa cidade. Por exemplo, o mês de fevereiro é o mês historicamente conhecido pelo sol, praia, é verão. Mas o fevereiro de 2024, que tem por média história 98 mm, nós tivemos 298 mm. Três vezes o que foi previsto para todo o mês de fevereiro", conta ao Portal.
Foi o que aconteceu também no mês de abril, quando a capital baiana foi atingida por fortes chuvas que causaram alagamentos e deslizamentos, e fizeram as 14 sirenes de emergência serem acionadas. "Nós tivemos, em 2024, 821,7 mm, três vezes o que era previsto. [...] Nós tivemos 212 mm em 24 horas", pontua sobre as alterações do clima.
Sothenes Macêdo ressaltou que a cidade está se preparando para a chegada do inverno, apesar de não ter nenhuma mudança prevista até então.
"A nossa ideia é construir uma cidade mais resiliente, não só com as contenções de encostas, executadas pela Prefeitura, por meio da Seinfra; não só a geomanta, que já são mais de 300 instaladas pela Codesal, mas também com nosso Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Salvador, o Cemadec. [...] Embora o inverno tenha essa mística de ser o período mais chuvoso, não é o que ocorre em Salvador. Mas, independente de ser outono, verão ou primavera, a Prefeitura de Salvador, por meio da Defesa Civil, vem se preparando para garantir a segurança dos soteropolitanos", finaliza.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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