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BAÚ DOS MUNDIAIS

Em 1962, Brasil foi bicampeão ao som de Elza e no gingado de Garrincha

Texto traz história do bicampeonato mundial conquistado pelo Brasil no Chile

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Redação iBahia

04/10/2022 às 15:26 • Atualizada em 04/10/2022 às 16:13 - há XX semanas
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					Em 1962, Brasil foi bicampeão ao som de Elza e no gingado de Garrincha

O quarto texto da série 'Baú dos Mundiais', produzida pelo jornalista Paulo Cézar Gomes, da Bahia FM, traz a história do bicampeonato mundial conquistado pelo Brasil em 1962, no Chile. O título foi comandado por Garrincha, o "Mané" vindo do Botafogo.

Em cada episódio um tema será o foco. Coisas como: as grandes vitórias; as maiores rivalidades; os nossos maiores artilheiros e craques; quem foram os nossos técnicos campeões; os clubes que mais deram mais jogadores ao longo de todos esses tempos para o nosso selecionado; os jogadores baianos que vestiram à amarelinha nas copas; os jogos históricos; as nossas inesquecíveis vitórias e por que não, as nossas maiores dores.

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O Brasil foi para a Copa de 1962 no Chile cheio de empolgação e confiança. Tentar o bicampeonato não era tarefa tão difícil, já que iríamos para a disputa com praticamente a mesma formação que vencera na Suécia quatro anos antes.

Dos titulares da Copa passada, teríamos novamente o goleiro Gylmar; os laterais Djalma e Nilton Santos; o volante Zito; o meia Didi; o meia-atacante Pelé; o centroavante Vavá e o ponta Zagalo. Teríamos sim, uma nova dupla de zagueiros: saiam Bellini e Orlando e entravam Mauro e o baiano Zózimo. Por motivos de saúde, tivemos também uma mudança no comando da comissão técnica, Vicente Feola era substituído por Aymoré Moreira, que anos depois fixou residência em Salvador e treinou vários clubes baianos, como Vitória, Galícia, Bahia e Catuense, realizando sempre ótimos trabalhos.

Mas teríamos também ao longo da competição um outro grave desfalque. Maior até do que o da mudança do treinador. O nosso principal jogador – Pelé- se contundiu seriamente na segunda partida contra a Tchecoslováquia e não pode mais atuar naquela copa.

Mas aí, o destino nos deu uma grande força. O substituto do Rei, foi o habilidoso e rápido Amarildo jogador do Botafogo, que entrou muito bem na equipe. Fez gols, deu passes (hoje seriam assistências) para outros e se encaixou perfeitamente no esquema tático da equipe.

Pesou bastante para isso, o fator entrosamento, pois a seleção tinha como espinha dorsal, a base formada por uma verdadeira legião botafoguense composta pelos colegas de Amarildo de ‘estrela solitária’ Nilton Santos, Didi, Garrincha e Zagalo. Tudo fluiu perfeitamente. Amarildo entrou com fome de bola e sede por gols. Ganhou de Nelson Rodrigues um apelido perfeito: O Possesso! No olhar sábio do genial cronista, o cara não sentiu o peso de substituir Pelé e mais ainda: entrou endiabrado como se estivesse possuído por alguma força sobrenatural.

Na primeira fase pegamos um grupo forte com Tchecoslováquia, México e Espanha. Na estreia, batemos o México por 2x0, gols de Pelé e Zagalo. Depois, um 0x0 contra os tchecos. E na terceira partida contra a Espanha, começou a brilhar a estrela de Amarildo que marcou os dois gols da vitória por 2x1.

Nos classificamos na primeira posição com 5 pontos e na fase seguinte - as quartas-de-final - enfrentaríamos a forte e tradicional Inglaterra. Placar clássico da supremacia de uma equipe sobre a outra: 3x1. Show de Garrincha, que marcou dois e do centroavante pernambucano Vavá ex-Sport Recife e Vasco e que naquela copa, já pertencia ao Palmeiras.

As semifinais reservavam para o Brasil um duelo que seria uma verdadeira prova de fogo: uma épica batalha contra os donos da casa. O jogo foi no dia 13 de junho, no Estádio Nacional de Santiago. Não tomamos conhecimento dos anfitriões: 4x2, sem dó nem piedade! E de novo, show de Garrincha que marcou dois! Vavá, pra não ficar com inveja, meteu também duas bolas nas redes chilenas. De lavar a alma!

Se Amarildo era o ‘possesso’, Garrincha era o ‘apaixonado’. Vivendo um romance arrebatador com a cantora Elza Soares, na época uma das mais populares e consagradas artistas do Brasil, o craque estava jogando por ele, pela seleção, pelo título, por Pelé e pela paixão pela cantora de timbre vibrante, diferente, que se tornou uma das divas do samba e da música brasileira. Esse era o ‘doping’ de Mané, uma paixão fulminante.

Elza estava acompanhando a Copa in loco, como convidada. E foi lá, naquele lindo cenário com o frio gostoso que vinha das montanhas cobertas de gelo, que no sentindo contrário, o relacionamento esquentou. Houve uma polêmica danada, pois o craque da camisa 7, era casado com outra mulher – Nair – com quem tinha sete filhas. Mas na cabeça dele, tudo estava programado: ganhar a Copa e dar de presente para sua amada Elza. E assim se deu, viva o amor!

A final era contra a Tchecoslováquia com quem empatamos na fase de grupos. Garrincha não podia jogar. Fora expulso no jogo passado. Mas aí entraram em ação as chamadas “forças ocultas e poderosas”. O árbitro do jogo ‘sumiu do mapa’ junto com a súmula da partida que relatava o lance da expulsão, quando Garrincha revidou uma provocação do adversário e deu um “leve chute” no "bumbum do gringo’" O Mundo queria ver o maior jogador da Copa na sua grande festa final, no jogo que decidiria o título. A punição foi perdoada e o craque das pernas tortas entrou em campo. Coisas do futebol...

Mané não fez gol, mas foi fundamental na vitória de 3x1. A linda taça Jules Rimet ficaria mais quatro anos no Brasil. Nossos gols foram de Amarildo, Zito e Vavá. Brasil bicampeão mundial.

Se um dia tivemos a Copa de Maradona em 1986, no México, bem antes no Chile, tivemos a de Garrincha, escolhido inclusive pela FIFA como o craque daquele mundial.  O cara que jogou um futebol sob o encanto do amor, nos braços de Elza, do povo e da consagração.  

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