A Semana Santa, que acontece entre os dias 24 e 30 de março, é um período que compõe o calendário religioso no Brasil e, apesar da origem cristã, faz parte culturalmente da vida do brasileiro. Esse aspecto cultural está ligado a uma série de questões, como a formação histórica do país e as tradições cristãs enraizadas no dia a dia das pessoas.
Apesar disso, a forma como diferentes religiões lidam com esse momento diverge e nem todas as linhas religiosas possuem ritos específicos para a Semana Santa. Entenda como algumas religiões encaram o período:
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Semana Santa para o Cristianismo
Para os cristãos, todos os dias da Semana Santa marcam um momento da trajetória de Jesus Cristo nos dias que antecedem sua morte e ressureição. As celebrações começam com o Domingo de Ramos, que marca a chegada de Cristo a Jerusalém.
Na Sexta-feira da Paixão, os cristãos revivem cada momento do julgamento, condenação e morte de Jesus Cristo. A palavra "paixão" marca o ato de amor de Cristo, que dá a vida para redimir os pecados da humanidade.
"Essa semana é um período de renovação, conversão e de acolher a misericórdia de Deus. [É um período] mesmo de mudança, é passar da Morte para a Vida", afirma o Padre Paulo Avelino, da Comunidade Cidade Santa, ao iBahia. Ele destacou ainda que o período é o mais importante para os cristãos.
Para além do rito litúrgico, a semana é marcada por algumas restrições. No dia da Paixão, por exemplo, é comum que os fieis pratiquem o jejum, para além das orações. No Sábado Santo, uma Vigília é feita para aguardar a Ressureição de Cristo, que se efetiva no Domingo de Páscoa.
Durante este período, o consumo de carne e frango também é proibido. A prática é milenar e faz parte dos ritos cristãos para a data desde a Idade Média.
Semana Santa para o Espiritismo
Apesar de ser uma religião cristã, o Espiritismo não possui nenhum rito específico para a Semana Santa. Esse comportamento não é específico para este período, uma vez que esta linha religiosa não adere nenhum tipo de rito, portanto não possui regras ou restrições durante o período.
Apesar disso, alguns espíritas costumam marcar a Sexta-feira Santa em homanagem ao sacrifício de Jesus Cristo, que também é reverenciado nesta religião.
"No espiritismo não há nenhum rito ou ritual referente a nenhuma data, evento ou prática porque ele se baseia naquilo que é passível de compreensão científica. Com relação a Semana Santa, espíritas, porque o Espiritismo é uma religião cristã, aderem a comemoração da Páscoa reunindo a família, sobretudo no domingo", explica Adenáuer Novais, diretor do Centro Espírita Harmonia.
Ainda segundo ele, o momento de encontro entre Jesus e Maria Madalena na ressureição é também reverenciado pelos espirítas, que consideram esse momento uma prova.
"A saga de Jesus, desde a prisão à crucificação, até ele ser visto por Madalena [é um] período reverencido pelo espírita por ser considerado uma prova da Vida após a Morte. Então, há esse respeito", finaliza Adenáuer.
Semana Santa para o Candomblé
A prática das religiões de matriz africana foi fortemente oprimida no Brasil e, por isso, os candomblecista tiveram adaptar seus ritos à lógica da colonização.
O sincretismo religioso foi uma alternativa de resistência encontrada pelos escravizados, que permaneceram cultuando suas divindades. Nesse sentido, a imagem de Oxalá, divindade celebrada nas sextas-feiras, era ligada a figura de Jesus Cristo no período da Semana Santa.
Apesar dessa ligação, tradicionalmente, toda sexta-feira é um dia especial no Candomblé, uma vez que se celebra o orixá mais velho e o maior de todos. Ou seja, para os candoblecistas toda sexta-feira é sagrada.
Neste dia, os candomblecistas usam branco como uma homenagem a Oxalá e uma forma de agradecer pelas boas energias recebidas.
Iamany Santos
Iamany Santos
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