icone de busca
iBahia Portal de notícias
CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE
Salvador

Polícia investiga escavação em 'espaço sagrado' usado por terreiros

Escavações, que seriam feitas com o intuito de construir imóveis no local, começaram em novembro de 2024, no bairro de Fazenda Grande 4, em Salvador

foto autor

Naiana Ribeiro

02/01/2025 às 18:25 • Atualizada em 02/01/2025 às 18:43 - há XX semanas
Google News iBahia no Google News

A Polícia Civil (PC) está investigando uma denúncia sobre escavações em uma área considerada "espaço sagrado" por 17 terreiros de religiões de matrizes africanas, localizada no bairro Fazenda Grande do Retiro 4, em Salvador.


				
					Polícia investiga escavação em 'espaço sagrado' usado por terreiros
Polícia investiga escavação em 'espaço sagrado' usado por terreiros. ​Foto: Arquivo Pessoal

De acordo com informações da PC, a denúncia foi feita pelo presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (AFA), Leonel Monteiro, no dia 18 de dezembro de 2024. As escavações, que teriam como objetivo a construção de imóveis no local, começaram em 2019, mas foram interrompidas após a reação da comunidade. No entanto, em novembro de 2024, os maquinários retornaram ao local e as escavações foram retomadas.

CONTINUA APÓS A PUBLICIDADE

Leia também:

"Nós já fizemos algumas oitivas e estamos colhendo algumas informações para entendermos como aconteceu, quem foi que praticou essa ação na região e identificar que crime ocorreu", explicou o delegado Ricardo Amorim, coordenador de ações do Departamento de Proteção à Mulher, Cidadania e Pessoas Vulneráveis (DPMCV).


				
					Polícia investiga escavação em 'espaço sagrado' usado por terreiros
Polícia investiga escavação em 'espaço sagrado' usado por terreiros. ​Foto: Arquivo Pessoal

Segundo a denúncia feita por Leonel Monteiro, a situação provoca o risco de desabamento dos terreiros e destruição de assentamentos e objetos sagrados.

Ainda não se sabe quem está por trás da obra. A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder) confirmou que não realizou intervenções na Rua Heráclito. Por sua vez, a Secretaria de Desenvolvimento e Urbanismo de Salvador (Sedur) informou que enviou equipes de fiscalização ao local para verificar a situação.

"Queremos identificar quem são os responsáveis por esse desmatamento, essa ação desastrosa, que deixam famílias e templos religiosos na beira de abismos. Dezessete dos 30 terreiros que estão no entorno da área já foram afetados diretamente", denunciou o presidente da AFA, Leonel Monteiro.

"O corte do terreno foi muito severo. Não precisa ser técnico para entender que isso é uma tragédia anunciada, porque se cair fortes chuvas por aqui, pode vir tudo abaixo", afirmou.


				
					Polícia investiga escavação em 'espaço sagrado' usado por terreiros
Polícia investiga escavação em 'espaço sagrado' usado por terreiros. ​Foto: Arquivo Pessoal

Polícia realiza diligências na área

A Polícia Militar da Bahia (PM-BA), por meio da Ronda de Defesa à Liberdade Religiosa (Omnira), responsável por ações de combate à intolerância religiosa e delitos ligados aos terreiros de matriz africana na capital baiana, afirmou que tem realizado diligências na área para garantir a segurança e tranquilidade da comunidade.

A PM explicou que a atuação da corporação é "limitada" ao escopo de garantir a ordem pública e atender às solicitações emergenciais recebidas.

Destacou ainda que a investigação de responsabilidades sobre a utilização de máquinas e danos a propriedades, além das questões envolvendo os 17 terreiros afetados, são de competência de outros órgãos, como o Ministério Público da Bahia (MP-BA).

Procurado pela reportagem, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) informou que a Promotoria de Justiça Especializada de Combate ao Racismo e à Intolerância Religiosa tomou conhecimento dos fatos nesta quinta-feira e irá instaurar um procedimento para apurá-los.

A Defesa Civil de Salvador (Codesal) também confirmou que a denúncia sobre os riscos de desabamento dos terreiros e a destruição de assentamentos e objetos sagrados foi encaminhada ao setor de vistorias.

Após as denúncias feitas pelos moradores e pela AFA, o diretor do Coletivo de Entidades Negras (CEN), Marcos Resende, solicitou agilidade nas investigações.

"Imagine que ontem, no Brasil, as pessoas pediram vida longa e prosperidade para Iemanjá. É o mesmo país onde a cada 16 horas um terreiro é queimado ou invadido por pessoas que não respeitam a diversidade religiosa", reclamou Marcos.

Quem também se posicionou sobre o assunto foi a diretora da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, Luzi Borges.

"Recebemos a denúncia desse absurdo que está acontecendo em Cajazeiras. Vamos nos reunir para encontrar melhores soluções com os governos estadual e municipal, além do Ministério Público e Defensoria".

Veja abaixo a lista dos terreiros que se dizem prejudicados com as obras:

  • Unzo de Intekê;
  • Ilê Axé Sufician Unide;
  • Unzo Bamburucema Tale de Umzambe;
  • Manso Gomgobira Mukalizambe;
  • Unzo Kya Zumba;
  • Ilê Axé Ogum Onire Omi;
  • Ilê Axé Ibá Irùmalé Ibi Okan;
  • Ilê Axé Ibá Omim Omô Ogum;
  • Ilê Asé Neji Omo Tosi Ati Jegbê;
  • Ilê Ode L B MIM Axé Erile;
  • Unzo Kassanguanje Mukongo;
  • Ilê Axê Omin Keloyá;
  • Ilê Axé Elegbá Deseoromin;
  • Hunkpame Jegbê Kwe;
  • Ilê Axé Omindeua;
  • Ilê de Dona Denise.
foto autor
AUTOR

Naiana Ribeiro

AUTOR

Naiana Ribeiro

Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!

Acesse a comunidade
Acesse nossa comunidade do whatsapp, clique abaixo!

Tags:

Mais em Religião