O líder espírita Divaldo Franco foi enterrado nesta quinta-feira (15), em uma cerimônia marcada por aplausos e grande comoção de amigos, familiares e admiradores, no Cemitério Bosque da Paz, em Salvador. O médium morreu na noite de terça-feira (13), vítima de falência múltipla dos órgãos.

O sepultamento ocorreu por volta das 10h30. Entre as pessoas presentes estavam o cantor Carlinhos Brown e o prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil).
Leia também:
"Divaldo agora tenha uma nova missão, mas ele sempre foi luz e será. O que a gente agora roga é que tenhamos a oportunidade dele ainda reencarnar no nosso tempo, porque precisamos muito dessa luminosidade", disse Carlinhos Brown em entrevista à TV Bahia..
"Ele é muito querido e é o maior líder espiritual 'vivo', hoje. Olhe o que estou dizendo: 'vivo', porque Divaldo vive nos nossos conceitos e pensamentos. Viva esse espírito de luz", ressaltou o cantor baiano.
Para honrar um último pedido do religioso, o velório de Divaldo Franco foi realizado na quarta-feira (14), no ginásio de esportes da Mansão do Caminho, com o caixão fechado. A decisão foi tomada para preservar a imagem sorridente do médium na memória das pessoas com quem ele conviveu.
Divaldo, considerado um "pai" para as 685 pessoas acolhidas na Mansão do Caminho — instituição filantrópica que fundou em 1952 no bairro de Pau da Lima — foi homenageado por seus "filhos" e admiradores.

Antes de falecer, Divaldo havia solicitado uma despedida simples. Ele pediu que, ao invés de flores, os admiradores convertessem o dinheiro em doações para a instituição que fundou.
O médium lutava contra um câncer na bexiga desde novembro do ano passado. Ele foi internado duas vezes devido a problemas urinários e, em fevereiro, começou a ser acompanhado por um serviço de home care. Divaldo seguia em casa, na Mansão do Caminho, quando seu falecimento foi confirmado às 21h45 do dia 13 de maio.

Quem foi Divaldo Franco, líder espírita que morreu aos 98 anos em Salvador

Divaldo Franco nasceu em Feira de Santana e, desde os 4 anos, começou a manifestar os primeiros sinais de mediunidade. Aos 20 anos, psicografou sua primeira mensagem, dando início a uma trajetória que não pararia mais. Ao longo de sua vida, tornou-se autor de 263 livros mediúnicos, traduzidos para mais de 17 idiomas. Entre essas obras, 70 foram ditadas pelo espírito de Joanna de Ângelis, que o guiou espiritualmente durante toda a sua jornada.
Considerado um dos maiores líderes religiosos do Brasil, Divaldo foi frequentemente comparado a Chico Xavier, sendo visto como um de seus sucessores. Ele percorreu o mundo com mais de 20 mil palestras, levando a doutrina espírita e a mensagem de paz a diversas culturas. Em 2019, sua vida foi retratada no cinema, e ele se tornou um ícone da paz, sendo reconhecido mundialmente como o "Embaixador da Paz".
"Todos esperam que a paz venha dos governos, que decrete. Nunca se terá paz por decreto, é a transformação moral do indivíduo para a melhor. Quando o indivíduo se melhora, o mundo se torna mais feliz”, afirmou Divaldo Franco.
Seguidores da doutrina, artistas, clubes de futebol e autoridades lamentaram nas redes sociais a morte do médium.
Um dos maiores legados deixados por Divaldo Franco é a Mansão do Caminho, fundada em 1952. Hoje, o complexo educacional cuida de mais de 1,6 mil crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade e oferece, ainda, assistência médica, social e espiritual. São mais de 5 mil atendimentos todos os dias, levando acolhimento e serviço a quem precisa.

"Ele preparou o caminho e o caminho não parou com ele. Então, o bem não para. O bem é um longo caminho, e nós vamos continuar no bem, ampliando o nosso serviço e atendendo a comunidade toda”, disse Mário Sérgio Almeida, presidente da Mansão do Caminho.
O líder religioso não deixou filhos biológicos, mas ao longo de sua vida, acolheu e cuidou de 685 crianças, as quais considerava como seus filhos. Divaldo teve a guarda de muitos desses jovens, oferecendo amor, apoio e educação na Mansão do Caminho. Um exemplo disso é Edilson Pereira da Silva, que chegou à instituição com apenas 3 anos e, como tantos outros, cresceu sob os cuidados do médium, que se tornou uma figura paterna para ele e para muitas outras crianças. "Nós somos filhos do amor. Homens e mulheres que largaram suas vidas, seus afazeres, seus filhos, para cuidar dos filhos alheios. Nós somos privilegiados por ter esse homem que nos ama, nos amou por toda a vida”, afirmou o auxiliar administrativo.
"Desde muito cedo, eu abracei a doutrina espírita, e essa doutrina, que é uma religião da ciência, uma ciência da filosofia e a filosofia da religião preencheu a minha vida de tanta beleza, que eu compreendi a necessidade de repartir”, disse Divaldo Franco.

Naiana Ribeiro
Naiana Ribeiro
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
