Quem tem fé, vai a pé. Os 6,5km que separam a Basílica Nossa Senhora da Conceição da Praia, no Comércio, e a Basílica Santuário Senhor do Bonfim, na Colina Sagrada, na Cidade Baixa, em Salvador, foi marcada por demonstrações de fé do povo baiano na tradicional Lavagem do Bonfim.
Da Colina Sagrada, dentro da Basílica, Padre Edson abençoou os fiéis durante a homilia, e pediu que o ano que se inicia seja de amor e solidariedade.
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"2024 deve ser de integração, grandes descobertas, solidariedade e conscientização de caminharmos juntos. Independente da religião é importante praticar o mandamento do amor. O amor é a bússola que vai nos guiar", disse aos presentes.
No ano em que é celebrado os 270 anos da Basílica, os fiéis lotaram as ruas com pedidos de renovação e agradecimento, na tradição que passou de pais para filho. É o caso de Paulo Assis, que caminhou ao lado da filha mais velha, Marcele. Ao todo são 50 anos de Lavagem do Bonfim.
"É sagrado. Desde os meus 15 anos. Nasci no Bonfim, nasci na Sagrada Família, e a Igreja do Bonfim é a minha Igreja de devoção", disse ao iBahia. "Hoje é só agradecer, pedidos eu já fiz ao longo da minha vida, hoje é só agradecer".
Paulo Assis também relembrou os milagres que já foram concedidos durante a vida e agradece pelas bênçãos recebidas.
"Quando eu passei no vestibular. Quando eu tinha 8 anos e quase morri, cortei o braço e fui pra Sagrada Família entre a vida e a morte. Tive um problema na cirurgia mas graças a Deus estou aqui", contou.
Quem também entregou ao Senhor do Bonfim a fé na cura de problemas de saúde foi Dona Maria Quitéria, que fez todo o percurso com Nossa Senhora nas mãos.
"Vim de Maragogipe pra aqui pra Salvador em 1983, e aí eu comecei a acompanhar o Senhor do Bonfim. Eu só faço agradecer porque em 2000 eu tive um câncer do intestino. Em 2004 um tive câncer no fígado, Nossa Senhora apareceu pra mim e mostrou em sonho", declarou ao Portal.
Emocionada, ela falou sobre a relação que tem com Nossa Senhora e a fé que tem na caminhada que fez todos os anos, desde 1983.
"Aí me perguntam: 'por que onde você vai você leva Nossa Senhora?'. Porque quem não tem Nossa Senhora como mãe, não tem ninguém na vida. [...] Eu só tenho a agradecer, nada a reclamar. O Senhor do Bonfim, é o filho. Então, onde a mãe está, o filho está. E onde o filho está, os filhos estão", declarou. "A minha fé é pura".
Dona Rosita Muniz Couto, de 71 anos, também foi até a Basílica Santuário Nossa Senhora da Conceição da Praia para renovar os agradecimentos.
"Fé. Como se fosse uma renovação de agradecimento. Renovação de vida, de esperança, de conquistas. De poder o que eu quero para ajudar o próximo", afirmou ao iBahia.
'Bonfim do abanador'
Além da fé, quem também foi amigo fiel dos baianos que estão na Lavagem foi o leque. O artigo se juntou às fitinhas do Bonfim como os mais procurados, em meio ao forte calor que faz na cidade. Para aguentar os 6,5 km foi preciso muito abanador e também se refrescar nos pontos de umidificadores.
Além disso, a prefeitura de Salvador instalou oito bebedouros com seis torneiras em pontos estratégicos da caminhada. A iniciativa inédita, assim como a distribuição de mais de 30 mil copos de água feita pelos Bombeiros, além do protetor solar e carros-pipa durante o trajeto
Famosos no meio da multidão
Os famosos também marcaram presença na festa. Sophie Charlotte fez o trajeto à pé ao lado do povo e contou ao iBahia que é a terceira vez que participa da Lavagem.
"Terceira vez na Lavagem, uma festa linda, eu amo a cidade. Foi um presente que eu ganhei", disse ao Portal.
Roberto Bonfim e Regina Casé também fizeram o percurso. O ator foi fotografado ainda no começo do trajeto. Já Regina, que está em Salvador desde o Réveillon, publicou registros nas redes sociais.
'Cardápio' da Lavagem
E claro que depois da 'paletada', é preciso renovar as energias com o cardápio já tradicional da Lavagem do Bonfim.
A feijoada é aquela que não pode faltar na data. Ao longo do percurso, não faltaram pontos para parar e bater "aquele feijão" para continuar a caminhada. Acarajé, churrasquinho, queijo coalho e o famoso dogão também estão entre as comidas mais vendidas.
Apesar do foco inter-religioso, não falta aquela cervejinha, a caipiroska (que também pode ser chamada de caipifruta) e drinks especiais que também são comercializados ao longo do percurso. Mingau e água de coco? Também tem...Isso sem contar no sorvete para refrescar e até um cafezinho para despertar quem levantou cedo para a caminhada.
AUTOR
Nathália Amorim
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Nathália Amorim
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