Quando o filme "Divertida Mente" chegou aos cinemas em 2015, a animação logo se tornou um sucesso ao redor do mundo, entre crianças, mas também entre adultos. Isso porque o desenho traz como temático um assunto que atravessa todos os humanos: as emoções.
Quem dera pudéssemos controlar o que sentimos. Ou, quem sabe, tivéssemos acesso à nossa "central de controle", como o filme carinhosamente chama. Mas, as nossas emoções são um pouco mais involuntárias, e estão diretamente relacionadas ao que chamamos de "ciências das emoções".
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"A ciência das emoções é a parte do estudo da psicologia cognitiva que vai perceber quais são as nossas reações às emoções do nosso corpo, ou seja, neurotransmissores e o que é liberado. Como é que nosso cérebro, nosso sistema cognitivo, reage às emoções", explica o psicólogo e professor da Universidade Estadual Do Sudoeste Da Bahia (Uesb), Elias Mascarenhas.
Em "Divertida Mente" — que ganhou um novo longa de continuação na última quinta-feira (20) — a pequena Riley está na fase da adolescência, formando a personalidade e descobrindo o mundo e desenvolvendo as percepções sobre ele. Quando ela vê sua vida mudar, as emoções também mudam.
"As emoções fazem parte do nosso senso de percepção. Diretamente, por elas estarem colaterais ao comportamento humano, precisamos compreendê-las o mais a fundo possível, para saber sobre nossa subjetividade, para saber como se dão nossas escolhas, e ter uma melhor percepção de si mesma, da nossa conduta", acrescenta o psicólogo clínico George Barbosa.
Dentro do universo das emoções de 'Divertida Mente'
Todas as emoções são importantes, até aquelas que por vezes parecem ser vilãs. Na verdade, essas últimas cumprem um papel social na vida humana e são indispensáveis para o funcionamento do sistema.
"É impossível a gente viver sem emoção. As emoções são respostas biológicas e químicas e também desencadeiam respostas psicológicas. São inatas. Então, todos nós nascemos com as emoções", explica Elias Mascarenhas.
Segundo o especialista, as emoções são importantes para a sobrevivência e adaptação social. É a partir delas que é possível viver em sociedade, com respostas mais empáticas, afetivas, criando vínculos e entendendo os limites sociais. Mas tudo desperta emoção?
No primeiro "Divertida Mente", enquanto Riley cresce, ela vai tendo reações à aquilo que está ao seu redor. Comendo vegetais, quando está conhecendo os alimentos. Ou tendo explosões de felicidade, em momentos de alegria com a família, ou tendo raiva quando se estressava com algo. O jogo das emoções, como explica o psicólogo e professor, é quase como uma tríade: situação, emoção, comportamento.
"As emoções estão ligadas às situações do dia a dia. Acontece uma situação, que geralmente vai despertar uma emoção, gerar na gente um pensamento e um comportamento. É como se fosse uma tríade. Acontece a situação, automaticamente a gente se emociona, a emoção vem, a gente vai ter um pensamento em decorrência daquilo e também um comportamento, como um eixo que vai se retroalimentando", contextualiza.
E tudo isso, claro, é individual. As emoções e reações são diferentes para cada um dos indivíduos, mas todos sempre refletirão algum tipo de emoção a elas. Como Riley, cada um tem sua própria central de controle.
"Uma emoção pode ser despertada por qualquer situação geradora e cada situação é diferente para o indivíduo. Então, por exemplo, não existe uma situação específica que gera uma emoção específica, mas cada um de nós, diante de uma situação, teremos emoções. Por exemplo, ao fazer uma prova, ao recebermos um presente de alguém que a gente gosta, ao estarmos em perigo... então, qualquer situação que aconteça na nossa vida, a gente vai desencadear alguma emoção", continua.
Isso justifica porque todas têm um papel. Por exemplo, se só sentíssemos a felicidade, perderíamos o senso de várias outras emoções. Sem o medo, não há temor. Sem o nojo, jamais saberíamos o que é um alimento podre ou estragado. Até mesmo a ansiedade e a tristeza, que por vezes atormentam o psicológico, cumprem um papel no desenvolvimento.
"Muitas vezes a gente fala da ansiedade, que a gente quer se livrar da ansiedade, mas é impossível se livrar das emoções. As emoções são importantes estratégias de desenvolvimento humano. Então, por exemplo, sem o medo, a gente provavelmente se colocaria mais em risco e perderia a vida. Sem a alegria, a gente não celebraria as coisas. Sem a tristeza a gente não elaboraria o luto, não entenderia as perdas, que são importantes para ter a perspectiva social. Então, todas as emoções são extremamente importantes e todas têm sua função, sempre vamos precisar delas", completa.
A importância das emoções na formação da personalidade humana
Uma dos pontos que a narrativa de "Divertida Mente" destaca é também a importância das emoções na formação da personalidade enquanto o ser humano se desenvolve. Riley reage às mudanças e começa a moldar comportamentos.
"As emoções são extremamente importantes para a formação da nossa personalidade, justamente por esse caráter social, para que a gente se adapte a sociedade e consiga fazer trocas", destaca o psicólogo Elias Mascarenhas.
O psicólogo clínico George Barbosa acrescenta que as emoções "são tão rápidas quanto os pensamentos" e são mutáveis.
"Depende realmente dos estímulos. No painel das emoções sempre vai estar tendo uma transmutação. Em algum momento a alegria vai estar no controle, em outro vai ser a inveja, a raiva e está tudo certo. A inteligência emocional vem a partir daí. Sabermos lidar com as emoções", analisa.
E, ao falar sobre emoções, não podemos esquecer: elas estarão em todos os momentos da vida humana. Da infância à terceira idade.
"As emoções marcam os melhores e os piores momentos da nossa vida. Então, todos os momentos da nossa vida que são significativos eles vêm carregados de emoções", finaliza o psicólogo e professor da UESB, Elias Mascarenhas.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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