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Tabus, Tretas e Troças

Tifanny faz história e é primeira atleta trans campeã da Superliga

Conquista é fundamental para a representatividade e os direitos da comunidade trans no esporte brasileiro

foto autor

Sílvio Tudela

05/05/2025 às 9:00 - há XX semanas
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No feriado de Primeiro de Maio de 2025, o Ginásio do Ibirapuera, na capital paulista, foi palco não apenas de uma final emocionante da Superliga Feminina de Vôlei, mas também de um momento histórico para o esporte e a luta por igualdade. Diante de mais de 10 mil torcedores, o Osasco / São Cristóvão Saúde venceu o Sesi - Bauru por 3 sets a 1 (26-24, 19-25, 28-26 e 25-20), encerrando a temporada 2024/2025 com a conquista da Tríplice Coroa - Campeão Paulista, da Copa Brasil e da Superliga, principal divisão do Campeonato Brasileiro de Voleibol. Um feito memorável que recoloca o tradicional clube paulista no topo do vôlei nacional, doze anos após sua última conquista na principal competição do país.

Mas além do troféu, a final consagrou também um nome que transcende o esporte: Tifanny Abreu. Aos 40 anos, a oposta e ponteira do Osasco se tornou a primeira atleta trans a disputar e vencer uma final de Superliga Feminina, um marco que ressoa muito além das quadras. Sua trajetória, de coragem e resistência, é símbolo de inspiração para a comunidade LGBTIQAPN+ e para todos que acreditam em um esporte mais inclusivo.

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Tifanny Abreu iniciou sua transição de gênero em 2012 e antes de atuar em campeonatos femininos, jogou na Superliga A e B do Brasil e em ligas masculinas de países como Indonésia, Portugal, Espanha, França, Holanda e Bélgica. Em 2014, enquanto jogava pelo JTV Dero Zele-Berlare, na Bélgica, decidiu concluir sua transição de gênero e deixou o esporte, sem saber que poderia competir em equipes femininas. Em 2017, após a Federação Internacional de Vôlei (FIVB) autorizar atletas trans a atuarem em ligas femininas, defendeu o Golem Palmi, da segunda divisão italiana. Depois, retornou ao Brasil, treinou com o Vôlei Bauru e recebeu proposta para jogar pelo time do interior paulista.


				
					Tifanny faz história e é primeira atleta trans campeã da Superliga
Foto: Vôlei Bauru

Desde então, enfrentou inúmeros questionamentos e ataques transfóbicos, que se intensificaram à medida que sua notoriedade crescia. Mesmo assim, manteve-se firme. “Eu tenho que lutar fora de quadra, tenho que lutar dentro de quadra”, disse, emocionada, após a conquista da Copa Brasil, semanas antes da final da Superliga.

Na decisão contra seu ex-time, o Sesi-Bauru, Tifanny Abreu foi uma das protagonistas do Osasco, assim como já havia sido na semifinal contra o Gerdau Minas, quando marcou impressionantes 27 pontos em uma virada histórica. Mais do que números, sua presença representa resistência, visibilidade e esperança para muitas pessoas trans que enfrentam barreiras sociais, preconceito e falta de oportunidades. “Nós merecemos respeito”, reforçou a atleta, que frequentemente usa sua voz para denunciar a transfobia e exaltar o direito de existir com dignidade.

A vitória do Osasco e o protagonismo de Tifanny Abreu reacendem o debate sobre a inclusão de pessoas trans no esporte, tema que ainda gera resistência em muitas esferas. O Comitê Olímpico Internacional (COI) e outras entidades seguem discutindo políticas e critérios, e a trajetória da atleta se impõe como argumento vivo da importância da representatividade com responsabilidade e empatia.

Importante destacar que Tifanny Abreu, que não foi contratada inicialmente como titular, lutou por seu espaço dentro do time e fechou a temporada como peça-chave na campanha do título. “Hoje tem representatividade dentro das quadras, para o esporte brasileiro e para o esporte mundial”, disse. “Eu sou uma mulher trans que não afina.”

A presença de Tifanny na final da Superliga é uma conquista coletiva: da equipe que a acolheu, da torcida que vibrou com seus pontos decisivos, e de todas as pessoas trans que se veem nela. Em um país onde a expectativa de vida de mulheres trans gira em torno dos 35 anos, o feito de uma campeã de 40 anos é, por si só, um ato de resistência.


				
					Tifanny faz história e é primeira atleta trans campeã da Superliga
Foto: Carol/Osasco

				
					Tifanny faz história e é primeira atleta trans campeã da Superliga
Quem é Tiffany, primeira mulher trans campeã da Superliga. Foto: Carol/Osasco
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