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Tabus, Tretas e Troças

Queda do Brasil derruba também os culpados de sempre pelo fracasso

Discussão sobre o rendimento esportivo em si finalmente deve superar narrativas sobre a falta de apoio à modalidade, de investimento e de estrutura

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Silvio Tudela

07/08/2023 às 10:06 - há XX semanas
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					Queda do Brasil derruba também os culpados de sempre pelo fracasso
Foto: Thais Magalhães/CBF

A eliminação precoce da Seleção Brasileira Feminina de Futebol na Copa do Mundo foi um balde de água muito fria na expectativa criada pela torcida brasileira, que acreditou piamente, sem trocadilhos, que desta vez, a taça finalmente viria. A equipe verde e amarela disse adeus à disputa, com três jogos em apenas dez dias de competição, e obteve o pior resultado em Mundiais desde 1991 e 1995 - quando também caiu na fase de grupos, e somente 12 seleções disputavam o torneio.

Se para a imensa torcida brasileira o gosto da desclassificação foi extremamente amargo, ao menos, desta vez, não houve, por parte da imprensa, uma “passada de pano geral” para a decepcionante campanha da Seleção Brasileira e a piedosa, novamente sem trocadilhos, “mãozinha na cabeça” para as nossas jogadoras reclamarem da falta de apoio à modalidade, de investimento, de estrutura e tanto blá-blá-blá extracampo. Diferentemente de competições passadas, as equipes de transmissão adotaram um tom bastante crítico quanto ao efetivo desempenho do time e cobraram resultados sem dó nem piedade.

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As críticas justas e necessárias foram uma sinalização clara da evolução que o esporte teve no país e que as cobranças agora serão mais intensas, até porque, se o Brasil não era franco favorito ao título, esperava-se ao menos que conseguisse vencer uma seleção considerada tecnicamente inferior e sem maiores pretensões, como a Jamaica, e avançar de fase.

Que as nossas jogadoras se acostumem com o fim desta lua-de-mel com a imprensa e a generosidade da torcida, pois essa Copa do Mundo representou definitivamente um ponto de inversão nas transmissões da mídia esportiva brasileira, que parecem ter abandonado de vez o tom ufanista e de idealização das nossas atletas e não venderam ao telespectador, pelo menos durante as partidas, uma realidade que insistia em não se materializar em campo. Ao apito final do empate sem gols que eliminou a Seleção, as imagens mostraram realidades distintas: o choro realmente sincero das brasileiras e a justa e efusiva comemoração das ‘Reggae Girlz”, em tons de lamentos e críticas da imprensa.

Isso sem tirar qualquer mérito das jogadoras jamaicanas que mereceram a classificação, até porque Copa é Copa e o Brasil não foi o único país entre os dez primeiros do ranking da FIFA a ser eliminado já na primeira fase. As favoritas Alemanha, bicampeã mundial, e Canadá, atual equipe campeã olímpica, já voltaram para casa, por obra de equipes africanas. Até o time dos Estados Unidos conseguiu a sua classificação para as Oitavas no sufoco e graças a uma trave salvadora nos minutos finais de sua partida decisiva.

Da mesma forma que a Seleção Brasileira Masculina é extremamente criticada por não ganhar uma Copa do Mundo desde 2002, é preciso também, até por respeito e sentimento de igualdade, utilizar a mesma régua para as nossas jogadoras, que tinham tudo para chegar mais longe. Isso para que o futebol feminino brasileiro deixe de ser o “patinho feio” e evolua ao nível de se tornar o melhor do mundo, posto que será alcançado certamente um dia.

Evidentemente ainda não chegamos ao melhor dos mundos no futebol feminino, pois é preciso melhorar o prêmio pelo título, que é muito inferior em comparação ao futebol masculino, tanto por parte da CBF como da FIFA. Se os salários pagos pelos clubes a elas ainda não chegam aos níveis astronômicos feito aos homens, a visibilidade da modalidade, o crescimento da audiência, o engajamento da torcida e dos patrocinadores já começa a se equiparar ao masculino. Sem autocomiserações, é preciso entender que também no futebol masculino há diferenças abissais, bastando ver o que se recebe jogando nos times europeus e nos brasileiros, o nível de desigualdade entre os clubes das séries A e D em nosso país, por exemplo, e a estrutura quase amadora de alguns campeonatos estaduais.

Para o bem do futebol brasileiro, feminino ou masculino, é saudável diagnosticar os erros e atribuir as devidas responsabilidades pela má campanha a fim de corrigir os rumos, seja de quem entra em campo, de quem comanda a equipe ou de quem dirige o esporte como um todo. Só teremos a ganhar com isso


				
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