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Tabus, tretas e troças

Qual sua nova emoção quando relembra os exatos 10 anos do 7 a 1?

Ainda hoje, o placar é utilizado como metáfora de uma derrota devastadora e como motivo de chacota para relembrar algo muito ruim

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Sílvio Tudela

08/07/2024 às 9:00 - há XX semanas
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Alegria, ansiedade, tristeza, medo, raiva, nojinho, inveja, vergonha e tédio, além de muitas outras emoções se misturaram naquele final de tarde de uma terça-feira, 08 de julho de 2014, durante a semifinal entre Brasil e Alemanha pela Copa do Mundo. Quase todo mundo se lembra o que passou e o que sentiu enquanto se desenrolava o jogo que poderia colocar o Brasil novamente numa final, desta vez valendo o Hexacampeonato e ainda em casa.


				
					Qual sua nova emoção quando relembra os exatos 10 anos do 7 a 1?
Qual sua nova emoção quando relembra os exatos 10 anos do 7 a 1?. Foto: Reprodução/Sad Brazilians on Tumblr

A torcida brasileira experimentou uma montanha-russa de emoções, que misturavam expectativa e ansiedade pelo início do jogo, alegria de presenciar aquele momento, otimismo, esperança, preocupação e medo pelo que poderia vir. Na verdade, quase ninguém, à exceção de uma jovem brasileira que sonhou com o resultado e de alguns poucos e sortudos apostadores pelo mundo, estava preparado para testemunhar o que viria a ser a maior humilhação do futebol brasileiro.

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Até hoje aquela partida parece um pesadelo que nunca aconteceu ou que ainda não terminou. Como nas fases de um luto, o torcedor viveu a negação, a raiva, a depressão e finalmente a aceitação, talvez porque não seja possível explicar racionalmente o que se viu em campo por ter sido algo tão surreal. Naquele dia, em uma certa medida e de alguma forma, a Seleção Brasileira e o Brasil morreram juntos!


				
					Qual sua nova emoção quando relembra os exatos 10 anos do 7 a 1?
Foto: Jefferson Bernardes (VIPPCOM)

Atmosfera do jogo

A adversária do Brasil na semifinal era a Alemanha e o jogo seria o segundo reencontro entre as duas seleções em Copas do Mundo. O inesquecível Pentacampeonato foi conquistado em cima dos alemães, em 2002, no torneio realizado na Coreia do Sul e no Japão, com o Brasil vencendo por 2 a 0. Para a equipe verde e amarela bastava uma vitória para encarar Argentina ou Holanda na grande final no Maracanã. A Alemanha buscava uma oportunidade da revanche e de conquistar seu Tetracampeonato, o que acabou acontecendo frente aos argentinos. Assim como em 2002, a Seleção Brasileira também era dirigida por Luiz Felipe Scolari e Miroslav Klose era um dos titulares da equipe alemã.

Sem muito brilho e convencimento, Brasil e Alemanha chegaram às semifinais com campanhas invictas na competição e o que todos esperavam era uma partida bem equilibrada, com estratégias bem estudadas e táticas de escolas de futebol muito diferentes. Consideradas sempre como favoritas e vistas como forças tradicionais do esporte, as duas seleções chegaram ao Estádio do Mineirão, em Belo Horizonte, somando oito títulos conquistados, e qualquer resultado seria histórico entre tamanhas potências. Antes desta partida, Brasil e Alemanha haviam se enfrentado 21 vezes, com 12 vitórias para os brasileiros, 04 para os alemães e 05 empates. O retrospecto gerava otimismo.

Algo surreal foi acontecendo e pintou um clima terrível

O Brasil começou melhor a partida, mas tudo começou a ruir repentinamente e numa progressão jamais vista. Thomas Müller marcou o primeiro gol da Alemanha aos 11', Miroslav Klose ampliou aos 23', Toni Kroos fez dois – aos 24' e 26' - e Sami Khedira aumentou aos 29'. Já perdendo pela contagem mínima, a Seleção Brasileira se desestruturou totalmente ao levar outros quatro gols em um intervalo de seis minutos, tempo em que não deu um único chute a gol. Completamente perdido e descontrolado em campo, o Brasil perdia de inacreditáveis 5 a 0 antes da partida chegar à marca dos 30 minutos do primeiro tempo.


				
					Qual sua nova emoção quando relembra os exatos 10 anos do 7 a 1?
Foto: Reprodução/Tumblr

Com o placar em 1 a 0, ainda se acreditava que bastava marcar um gol no primeiro tempo e um outro no segundo para fecharmos em 2 a 1 e avançar. Quando Miroslav Klose ampliou, os mais otimistas aumentaram o score a ser feito, mas continuaram acreditando num empate e numa prorrogação com pênaltis. Mas quando a porteira se abriu e os gols alemães foram acontecendo como um ataque de artilharia pesada, por todos os cantos as pessoas começaram a se perguntar se aquilo era real, se era replay ou até mesmo uma pegadinha.

O público que assistia ao jogo no Estádio do Mineirão e a torcida brasileira que se espalhava pelas suas casas e lotava as ruas de todo o Brasil parecia não acreditar no que via. O estado de choque que tomou conta dos torcedores brasileiros era visto nos olhares de surpresa, espanto, estupefação, perplexidade e descrédito. Boquiaberto e em lágrimas, o público estava abalado, atordoado, atônito, estarrecido, pasmo e completamente transtornado. Nas fanfests espalhadas nas cidades-sede, como em Salvador, o desânimo e o silêncio já haviam tomado conta, pois ninguém, em sã consciência, sonhava em virar aquele jogo. A sensação de desalento e desatino eram tamanhas que as pessoas começaram a voltar para casa e já previam uma catástrofe ainda maior, com a Alemanha aumentando ainda mais o placar, e ainda começaram a se preocupar com a própria segurança. O receio de possíveis manifestações de protestos da torcida brasileira fez a Polícia Militar aumentar seu efetivo no estádio e em todos os cantos do país, mas a humilhação havia sido tão grande que não parecia haver nem mesmo mais força para se indignar.

Intervalo: Equilibrar o jogo e não humilhar os brasileiros

Relatos da imprensa afirmam que, no intervalo de jogo, o clima de velório tomava conta do vestiário brasileiro e a aceitação da derrota era unânime por parte dos atletas e da comissão técnica. Carlos Alberto Parreira pediu cautela e equilíbrio emocional aos jogadores para a conclusão da partida. O técnico Luiz Felipe Scolari já via o jogo definido e pediu aos jogadores que assumissem posições defensivas de organização tática, com calma para tentar deixar o jogo "mais equilibrado", porque não seria possível virar um placar de 5 a 0 em um jogo internacional. Ou seja, estratégia de redução de danos.

Conta-se que, no intervalo, o treinador alemão Joachim Löw disse que o importante era não humilhar os brasileiros. Ele falou com cada um dos jogadores e exigiu que evitassem a arrogância para com os derrotados e que se alguém diminuísse seu desempenho ou fizesse piadas sobre estar vencendo por 5 a 0, seria substituído imediatamente e não jogaria a final. Disciplinados, os alemães decidiram se concentrar e levar o jogo a sério, evitar qualquer princípio de humilhação ou arrogância, respeitar a Seleção Brasileira e, mais do que isso, os torcedores e o país.

A segunda etapa de um jogo que nunca acabava


				
					Qual sua nova emoção quando relembra os exatos 10 anos do 7 a 1?
Foto: Reprodução/Tumblr

Com as substituições brasileiras, o Brasil voltou um pouco mais forte no início do segundo tempo, obrigando o goleiro alemão Manuel Neuer a salvar perigosas finalizações. Mas aí, André Schürrle marcou o sexto gol alemão aos 24 minutos (69') e fez o sétimo dez minutos depois, aos 34 (79'). Neste momento, os torcedores brasileiros que ainda permaneciam no estádio aplaudiram de pé a equipe alemã. Próximo do fim, a Alemanha quase marcou aquele que seria o seu oitavo gol. Segundos depois, já na Bacia das Almas, Oscar Júnior marcou no 45º minuto (90'), para finalizar a partida em um assombroso 7 a 1. Os jogadores brasileiros deixaram o gramado em lágrimas e sob vaias.

A vitória avassaladora da Alemanha sobre o Brasil por 7 a 1 repercutiu mundo afora como totalmente inacreditável e foi descrita e sentida como uma humilhação nacional. O episódio foi apelidado de "Mineiraço", evocando um “espírito de vergonha nacional" anterior, ocorrido no dia em que a Seleção Brasileira perdeu a Copa do Mundo de 1950 em casa, para o Uruguai, no episódio que ficou conhecido como "Maracanazzo". Ainda hoje, dez anos depois, "7 a 1" vem sendo utilizado como metáfora de uma derrota esmagadora e como motivo de chacota.

Impossível esquecer!


				
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Foto: Reprodução/Tumblr
Imagem ilustrativa da coluna TABUS, TRETAS E TROÇAS COM SÍLVIO TUDELA
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