As discussões sobre o retorno dos jogos com torcidas mistas sempre voltam à tona entre os torcedores, dirigentes e autoridades quando começam os Campeonatos Estaduais. Nesta semana, a Federação Pernambucana de Futebol determinou a implementação da torcida única, com arquibancadas ocupadas apenas pelos torcedores do time mandante, para os próximos clássicos do torneio estadual. A medida veio logo após uma grande confusão entre organizadas do Santa Cruz e do Sport. O Náutico também será impactado pela medida.
Por aqui, Bahia e Vitória devem se encontrar agora em 18 de fevereiro, pelo Campeonato Baiano, com mando de campo do Rubro-Negro, e sem torcida visitante, graças a uma recomendação do Ministério Público Estadual, que ainda não vê um clima totalmente seguro.
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A depender dos avanços de cada um nos torneios a serem disputados, os dois times podem se rever mais à frente no Campeonato Estadual, também na Copa do Nordeste e, até quem sabe, na Copa do Brasil. O ano ainda reserva mais dois clássicos pelo Campeonato Brasileiro. Resta saber se a medida valerá até o final deste ano e teremos um espetáculo presencial para apenas uma torcida ou para as duas.
A implementação da torcida única no Ba-Vi se deu em 2017, quando a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) acatou a recomendação do Ministério Público da Bahia após confusões registradas no clássico, que resultou na morte de um torcedor.
No ano seguinte, após seis confrontos nesse formato e levando-se em consideração que os casos de violência diminuíram, Bahia e Vitória se reencontraram com a presença das duas torcidas, naquele jogo que foi aguardado e tratado como o "Ba-Vi da Paz". Porém, o que se viu em campo e fora dele foi algo totalmente oposto a isso e a torcida única foi novamente resgatada. Desde então, o tema vem dividindo opiniões por aqui.
Em seu último posicionamento, em dezembro do ano passado, o Ministério Público da Bahia recomendou que os clássicos entre Bahia e Vitória sigam com torcida única em 2024. O órgão informou que a manutenção da medida foi defendida por representantes da FBF, dos dois clubes envolvidos e da Polícia Militar durante uma reunião realizada em novembro.
A recomendação relembra que, em 2023, mesmo com torcida única, houve significativo número de relatos e registros de violência durante as partidas, inclusive de vandalismo, com prisão de torcedores e apreensão de pedaços de madeira, soqueiras, fogos de artifício, facas, máquinas de choque elétrico, entre outros instrumentos utilizados como armas para atos violentos. Além de mostrar que ainda não há um ambiente favorável, este é somente um sinal de que a proibição de visitantes nos jogos, por si só, não consegue conter as agressões e a violência fora e dentro dos estádios.
Dirigentes paulistas voltam a defender o retorno das torcidas mistas
Em São Paulo, estado que é pioneiro em políticas de restrições nos estádios desde o início dos anos 1990, a proibição de torcedores visitantes nos clássicos começou pra valer e de forma radical em 2016. Porém, a volta dos grandes jogos com duas torcidas ganhou nesta semana o reforço de Leila Pereira, presidente do Palmeiras.
Em entrevista na imprensa, a dirigente disse ser totalmente contra a torcida única e aponta o reconhecimento facial nas arenas como uma medida muito mais eficaz para aumentar a segurança: “Se algum brigão cometer alguma violência, dentro ou fora [do estádio], é só a polícia dizer quem é que não entra mais [no Allianz Parque]”. Segundo ela, é preciso haver punição, pois a impunidade é a semente do próximo crime.
Mayra Lopes
Mayra Lopes
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