Representantes da Prefeitura Municipal, Governo do Estado, Federação Bahiana de Futebol (FBF) e Arena Fonte Nova se reuniram com representantes da FIFA neste mês. O objetivo do encontro foi apresentar as potencialidades, a infraestrutura e a logística da capital baiana para recepcionar a Copa do Mundo de Futebol Feminino e garantir que Salvador está plenamente preparada para ser uma das cidades-sede da competição, em 2027.
Mas enquanto Salvador se mobiliza para fazer história no futebol feminino mundial, paira no ar uma sensação de que os torcedores locais pouco sabem sobre o atual cenário do Campeonato Baiano que está sendo disputado, em termos de visibilidade midiática e valorização da categoria. Trata-se de um paradoxo, pois o futebol feminino já é disputado há exatos 40 anos na Bahia, com marcos históricos de participação popular, sucesso de público e revelação de atletas.
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História e ranking dos campeões
A primeira edição do Campeonato Baiano de Futebol Feminino ocorreu em 1984 e contou com a incrível participação de cerca de 200 equipes, demonstrando uma grande mobilização. Produções jornalísticas revelam que a competição não contou com o apoio da FBF e teve uma emissora de televisão como patrocinadora e organizadora da então Copa Baiana de Futebol Feminino. Há relatos de que a edição de 1984 teria sido suspensa quando o torneio se encaminhava para a decisão do segundo turno. Mesmo com tantos entraves, o público da final do campeonato, vencido pelo Bahiano de Tênis contra o Flamengo de Feira, foi superior a 10 mil pessoas, evidenciando o interesse do público.
Outra edição que ficou marcada pela incrível participação popular foi a de 1987, que, segundo consta, contou com 65 mil pessoas presentes no jogo de abertura, no estádio da Fonte Nova.
Em seus 40 anos de existência, a hegemonia é do tetradecacampeão São Francisco do Conde Esporte Clube, o maior vencedor estadual, com 14 títulos consecutivos (2001 a 2015), incluindo a não realização do torneio ocorrida, em 2007. De acordo com a contagem da FBF, seguem abaixo do São Francisco, o Bahia, com sete títulos (1989, 1990, 1991, 2019, 2021, 2022 e 2023), o Flamengo de Feira, com cinco conquistas (1986, 1987, 1988, 1998 e 2000), e o Euroexport, com três títulos estaduais (1993, 1994 e 1995). Com dois títulos cada um, Bahiano de Tênis (1984 e 1985) e Vitória (2016 e 2018) se juntam aos campeões de uma única edição: Galícia, em 1999, e Desportiva Lusaca, de Dias Dávila, em 2017.
Estes são os 35 troféus distribuídos até então, pois o torneio não foi realizado nos anos de 1992, 1996, 1997, 2007 e 2020, este último por causa da pandemia de Covid-19. Não há informações disponíveis sobre os vice-campeões antes do ano 2000.
Primeiro Ba-Vi numa final
A decisão do Campeonato Baiano de Futebol Feminino foi disputada entre Bahia e Vitória pela primeira vez em 2023, com as Mulheres de Aço sagrando-se campeãs da edição e conquistando seu tetracampeonato consecutivo. A partida terminou em empate sem gols, mas o Bahia confirmou o título invicto devido à sua melhor campanha na competição. A decisão foi transmitida pela TV Brasil e pela internet, ampliando a visibilidade da competição.
Repeteco do clássico em 2024?
Neste ano, Bahia e Vitória terminaram a Primeira Fase com goleadas e 100% de aproveitamento. As Leoas terminaram na liderança do Grupo 1, formado ainda por FSA Esporte Clube, Lusaca, Jacobina e Juazeirense, com oito jogos, oito vitórias, 83 gols marcados e apenas dois sofridos. Na semifinal, o Vitória vai medir forças com o Atlético de Alagoinhas.
Pelo Grupo 2, que contou com Atlético, Jequié, Jacuipense e Barcelona de Ilhéus, a liderança ficou com as Mulheres de Aço, também com oito vitórias em oito jogos, 94 gols marcados e apenas um sofrido, fechando com o melhor ataque e a melhor defesa da primeira fase. Na semifinal, o Bahia enfrenta o FSA Esporte Clube, estreante na competição.
Em resumo, o Campeonato Baiano de Futebol Feminino passou por diferentes fases, com momentos de grande participação e popularidade, intercalados com períodos de interrupção e menor visibilidade. A hegemonia do São Francisco do Conde foi desafiada nas últimas décadas por outras equipes, como o Bahia, que conquistou o tetracampeonato mais recente. Que o espírito da Copa do Mundo se faça presente a partir de agora e aponte para um futuro promissor para o futebol feminino na Bahia. A torcida agradece.
Sílvio Tudela
Sílvio Tudela
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