Entra dia e sai dia e a violência entre torcidas organizadas no futebol brasileiro continua sendo uma preocupação recorrente, com episódios cada vez mais graves e recentes que ressaltam a seriedade do problema. Um caso emblemático ocorreu recentemente no Recife, onde confrontos entre torcedores do Santa Cruz e do Sport resultaram em brigas generalizadas, diversos feridos e muitas detenções. Não faltaram imagens divulgadas nas redes sociais que exibiram agressões extremas, inclusive de cunho sexual, levando o governo de Pernambuco a proibir a presença dessas torcidas nos próximos jogos entre os clubes.

Estudando a fundo essa situação, é possível afirmar que as razões para esses conflitos são diversas. A rivalidade histórica e cultural entre times é um elemento central, intensificada por sentimentos de revanche e disputas por território e status em certos grupos. E nesse contexto ainda entram fatores diversos, como conflito de identidades, questões socioeconômicas, brigas por poder e arranjos políticos por verbas nas diretorias dos clubes e das torcidas, exclusão e marginalização e discurso e propaganda da violência nas redes sociais. Tudo isso contribuindo para a perpetuação desse cenário, especialmente nos grandes centros urbanos.
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A responsabilidade pelo controle da violência nos estádios e nos seus arredores é compartilhada entre diversos agentes, como autoridades governamentais e a Polícia Militar, encarregadas da segurança e da prevenção de tumultos. Contudo, em muitas situações, mesmo com o conhecimento prévio de possíveis embates, as medidas adotadas estão se mostrando ineficazes.
Para minimizar essa mancha no futebol brasileiro é preciso que clubes e federações passem a investir em campanhas de conscientização e a implementar ações que desencorajem comportamentos agressivos. Até porque a legislação brasileira prevê a responsabilização das torcidas organizadas e dos clubes por eventuais danos causados por seus membros. A mídia e as organizações que compõem a sociedade civil também desempenham um papel essencial na promoção de uma cultura de paz nos eventos esportivos.
Mas para conter a violência entre torcedores, é imprescindível uma abordagem ampla e coordenada. Embora o Estatuto do Torcedor estabeleça normas, sua aplicação ainda enfrenta desafios. E a cooperação entre órgãos públicos, federações, clubes e lideranças de torcidas, fundamental para educar e sensibilizar os torcedores, ainda patina e não consegue promover uma cultura de não violência realmente significativa.

Existem também medidas eficazes para reduzir a violência nos estádios, como o monitoramento por câmeras, a proibição de entrada de torcedores violentos previamente identificados e campanhas educativas de massa.
A solução para esse problema exige ações conjuntas entre governo, forças de segurança, clubes, federações e sociedade. É essencial enfrentar as raízes do conflito, que vão desde rivalidades históricas e desigualdade social até o impacto das redes sociais. Investir em inclusão social, fortalecer a legislação e fomentar o diálogo e a educação são caminhos essenciais para transformar os estádios em espaços seguros e harmoniosos para todos.
Experiências bem-sucedidas fora do Brasil mostram que uma combinação de repressão, prevenção e reabilitação pode construir uma cultura esportiva baseada no respeito e na tolerância. Adaptar essas estratégias à realidade brasileira pode trazer inúmeros benefícios.
Assim, combater a violência entre torcidas organizadas requer um esforço coletivo para transformar o futebol em um ambiente mais pacífico e integrador para todos. A civilização agradece!

Sílvio Tudela
Sílvio Tudela
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