Enquanto cinco clubes (Palmeiras, Botafogo, Atlético-MG, Flamengo e Grêmio) ainda sonhavam com o título de campeão brasileiro deste ano e outros cinco (Bahia, Vasco, Santos, Cruzeiro e Corinthians) faziam contas para não ficar com a última vaga do rebaixamento, uma notícia abalou o noticiário esportivo na sexta-feira (1º).
A Fatal Model acenou com uma oferta de R$ 200 milhões para que o Esporte Clube Vitória mude seu nome para Fatal Model Vitória e de mais R$ 100 milhões pelo naming right do estádio, que pode vir a se chamar Fatal Model Arena Barradão.
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O site de acompanhantes já é o patrocinador master da equipe, que acabou de voltar à elite do futebol brasileiro e conquistar o título da Série B. Satisfeitos com a parceria bem sucedida entre a Fatal Model e o Vitória, os torcedores do Leão mostram-se bastante divididos com esta proposta nas redes sociais, pois muitos sabem que o clube mais que centenário continuará a ser chamado pelo nome original e que apenas a grafia mudará na comunicação do time. Mas, muitos outros entendem que nem tudo é negociável quando se trata de uma paixão tão intensa e que beira o sagrado.
Situação semelhante foi experimentada pelos torcedores do Bahia neste ano, quando o Grupo City fez um aporte milionário no clube e surgiram especulações sobre uma possível mudança do nome do clube para Bahia City com a adoção de novas cores nas tonalidades da marca da holding nos uniformes oficiais. Verdade ou não, parece que a maioria da torcida se preocupa muito mais com os resultados em campo e a conquista de títulos do que com essas questões de identidade.
Seja por grandes jogadas de marketing ou por pressões políticas e econômicas, a raríssima mudança do nome de um clube não é um fenômeno tão recente assim, seja no Brasil ou no exterior.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os times chamados Palestra Itália (paulista e mineiro) foram obrigados a mudar de nome por causa de uma lei do governo de Getúlio Vargas, que proibia qualquer referência ao país que vivia o regime fascista e era inimigo do Brasil no conflito. Surgiram o Palmeiras, como homenagem a um clube extinto da época, e o Cruzeiro, em referência à constelação vista em todo o Hemisfério Sul. Os clubes não retornaram aos seus nomes originais.
Outro clube que tem mudança de nome em seu DNA é o Criciúma, que foi fundado como Comerciário, em 1947. Para não ter o mesmo destino dos rivais de sua cidade que acabaram extintos (Ouro Preto, Atlético Operário, Próspera, Boa Vista e o arquirrival Metropol), os dirigentes da equipe sobrevivente resolveram atrair os torcedores órfãos para um único clube, rebatizado com o nome da cidade, em 1978.
Se alguns clubes surgiram por substituição obrigatória do nome ou pela extinção de rivais, um caso diferente remonta ao nascimento do Paraná Clube, em 1989. O time nasceu a partir da fusão dos tradicionais Colorado e Pinheiros, que passavam por uma crise simultânea. Como forma de diminuir rivalidades, o nome escolhido recaiu sobre o estado de origem.
Já o Rio Branco, fundado em 1914, foi rebatizado de Ceará com apenas um ano de existência. Se o nome original desapareceu praticamente por completo e foi mudado para homenagear o estado, as cores iniciais em branco e roxo ainda aparecem em algumas ações do clube.
Mais recentemente, ao final de 2018, a gestão do Atlético Paranaense, projetando ganhar contornos e importância nacionais, passou por um rebranding, alterou seu nome e sua logo e distanciou-se do seu quase xará mineiro, passando a chamar-se simplesmente Athletico.
Experiências fora do Brasil
Pelas mesmas razões que o Palestra Itália, porém com desfecho oposto, o Athletic Club foi proibido de usar seu nome porque a ditadura de Francisco Franco baniu do país todas as línguas que não fossem o espanhol e o clube passou a ser chamado de Atlético de Bilbao. Logo após o fim do regime ditatorial, o Athletic Club, defensor da independência do povo basco, voltou a ostentar o seu nome original.
Seguindo o mesmo princípio de valorizar seu local de origem, assim como Criciúma, Ceará e Paraná Clube, o Real Garcilaso trocou de nome e passou a se chamar de Cusco Fútbol Club, nome da histórica cidade peruana que sedia o time, no final de 2019.
O RB Leipzig se chamava SSV Markranstädt até 2009, quando a Red Bull comprou o time da quinta divisão do campeonato alemão e o levou ao principal torneio do país com resultados espetaculares.
Curiosamente, RB Leipzig não significa Red Bull Leipzig, mas RasenBallsport Leipzig, porque a lei alemã não permite que uma empresa possua mais de 50% de um time de futebol. Já no Brasil, numa parceria muito maior do que simples patrocinadora, a mesma multinacional austríaca assumiu completamente o departamento de futebol do Bragantino, fundado em 1928, mudou o nome do clube para Red Bull Bragantino e acrescentou o vermelho em seu tradicional uniforme alvinegro, desde 2020.
A conferir o que virá pela frente com o Esporte Clube Vitória, pois a negociação está em curso e a decisão vai passar pelo crivo dos sócios-torcedores. Se o "sim" ganhar, as conversas devem avançar e o clube deve mudar de nome em todos os lugares, inclusive na tabela de classificação.
Até o momento, as informações veiculadas nas redes sociais garantem que não haverá troca nas cores, no escudo, no mascote ou em outro item do clube e afirmam que a gestão da equipe seguirá independente. Aguardemos!
Silvio Tudela
Silvio Tudela
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