Campeão com amargura, Santos conquista título que pouco orgulha

Existem algumas razões pelas quais alguns clubes podem não comemorar abertamente a conquista da Série B do Campeonato Brasileiro, mesmo representando um grande feito esportivo e financeiro, dada a acirrada disputa que se vê em campo. Os que comemoram entusiasticamente são geralmente aqueles clubes que nunca ou pouco tiveram a oportunidade de disputar a elite do futebol nacional. O sentimento agridoce do título da Segunda Divisão é geralmente mais sentido por aqueles clubes que se consideravam “incaíveis” e predestinados a estarem no Olimpo dos grandes e vitoriosos esquadrões nacionais, junto aos que consideram seus pares.

O campeão da Segunda Divisão deste ano, o Santos, parece ser um destes casos de campeão com amargura. Tão logo conquistou o acesso à Série A, com uma vitória de 2 a 0 sobre o Coritiba, no Estádio Couto Pereira, no dia 11 de novembro, o Alvinegro Praiano garantiu o título sem entrar em campo, graças ao empate do Novorizontino contra o Paysandu, no dia 16. O time da Baixada Santista parece ter feito questão de carimbar a faixa ao perder as duas partidas seguintes. A do dia 17, quando jogou com o CRB, na Vila Belmiro, e levou 2 a 0, e a do dia 24, quando saiu derrotado pelo Sport, em Recife, por 2 a 1.

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Com uma campanha marcada por altos e baixos na Série B, o Santos começou a competição de forma avassaladora, vencendo cinco dos primeiros seis jogos. Mas vieram momentos de oscilação, com uma sequência de quatro derrotas consecutivas, a reação com dez jogos invictos (o que o recolocou na liderança) e a administração da vantagem na reta final, sem encantar e ainda sofrendo pressões da torcida.

O Santos é o 12º campeão brasileiro a bater na Série B e voltar para a Série A, mas esta rápida passagem rendeu momentos conturbados e conflituosos durante todo o ano, pois seus torcedores não assimilaram bem o rebaixamento do até então considerado (por eles) como o Melhor Time do Mundo sendo obrigado a jogar contra adversários que consideravam inferiores e de baixo nível técnico. A torcida santista protestou durante todo o torneio, virando as faixas de cabeça para baixo e eliminou, durante a Queda, a camisa de número 10, imortalizada pelo Rei Pelé. Mais ainda, não fez grande festa para o time campeão.

A verdade é que o Santos foi campeão com 68 pontos, um a mais que o segundo colocado, o Mirassol, com 67. O Peixe terminou o campeonato com dois à frente que o Sport, com 66, e apenas quatro a mais que o Ceará, com 64, que teve o acesso garantido por ter uma vitória de vantagem sobre o Novorizontino. Ou seja, os números mostram que o time não foi teve uma campanha tão vitoriosa como se esperava.

Campeão da Série B, o Santos encerrou um jejum de oito anos sem títulos. A última conquista havia sido em 2016, quando venceu o Campeonato Paulista sob o comando do técnico Dorival Júnior. Desde então, bateu na trave em competições importantes, como a final da Libertadores de 2020 e o Campeonato Paulista de 2024, parando no Palmeiras.

Nos Campeonatos Brasileiros desde seu último título, o Santos oscilou muito e, em muitas vezes, flertou com o rebaixamento, mas se safou nas rodadas finais. Foi o terceiro colocado em 2017, 10º em 2018, vice em 2019 (mas com 16 pontos atrás do campeão Flamengo), 8º em 2020, 10º em 2021, 12º em 2022, e 17º em 2023 quando finalmente foi rebaixado.

Times considerados gigantes, como o Santos, realmente não veem o título da Série B como ideal, mas como uma mancha inapagável na história do clube. Mas se continuar se apegando ao passado que não voltará, não superar o trauma e o ressentimento, e não mudar sua gestão, pode retornar mais rápido que imagina à Segunda Divisão.