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ÓPRAÍ WANDA CHASE

Ópraí Wanda Chase: os homens da vida de Gal Costa                        

No auge da juventude, todos eram loucos por ela, todos se rendiam aos seus encantos. Amigos no palco e nos bastidores da vida.

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Wanda Chase

17/11/2022 às 12:07 • Atualizada em 27/11/2022 às 13:08 - há XX semanas
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					Ópraí Wanda Chase: os homens da vida de Gal Costa                        
Foto: Divulgação

Compositores, cantores, produtores…muitos homens passaram e viveram grandes histórias com Gal. Ouvi algumas delas, delicadas, afetuosas, contadas por eles. No auge da juventude, todos eram loucos por ela, todos se rendiam aos seus encantos. Amigos no palco e nos bastidores da vida.

Era 1991. No bairro Barris, em Salvador, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Tom Zé e Roberto Santana se reuniam para discutir a Bossa Nova. Não demorou muito e foram convidados pela atriz Maria Simões para se reunirem na casa dela. Maria tinha uma preciosidade em casa: uma vitrola. O convite foi aceito de primeira, sem pestanejar. Ali, aos sábados, eles ouviam João Gilberto, Carlos Lira, Tamba Trio, Zimbo Trio, Sérgio Ricardo e todos da turma da bossa  nova. Era uma festa.

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Roberto Santana e Gilberto Gil moravam nos Barris. Caetano e Maria Bethânia no bairro Nazaré. Até então, não conheciam Maria das Graças Penna Burgos, a Gracinha, para a família e os amigos. A casa de Gracinha ficava na rua Rio São Pedro, na Graça. Eram três casas iguaizinhas e lindas, que tempos depois, foram demolidas e deram lugar à Mansão Vila Velha.                      

Roberto Santana vai tecendo as histórias com riqueza de detalhes, cada uma é melhor que a outra. Como aconteceu a estreia de Gal? Estava escrito nas estrelas? Foi o destino? 

"O Teatro Vila Velha ia ser inaugurado. O diretor José Augusto me chamou e disse que o espetáculo que inauguraria o Vila não estava pronto e me incubiu de formar uma banda para se apresentar lá."


				
					Ópraí Wanda Chase: os homens da vida de Gal Costa                        
Foto: Divulgação

Roberto achou interessante e o grupo ‘Nós , por exemplo foi formado. A Banda ficou assim: Gilberto Gil no violão, Perna Froes no piano, Djalma Correia na percussão, no baixo Alcyvando Luz. Foi Caetano quem deu nome à banda. Roberto não queria, mas foi voto vencido. Quem ia cantar? Esse era o dilema.

O destino quis que fosse Gracinha. Imaginem que ela era amiga de Dedé, que por sua vez mais tarde se tornaria mulher de Caetano e mãe de Moreno. Gracinha chegou toda “acanhada“ como falava o povo de antigamente. Tímida foi apresentada e logo notada por sua beleza estonteante. Gal cantou um samba canção.

Santana não lembra quem era o compositor, nem tão pouco o intérprete. Mas, não esqueceu que Maria das Graças se escondeu atrás de uma pilastra do apartamento. Foi aprovada na hora. "Quando ela abriu a boca" - conta Roberto Santana - "vimos que era uma tempestade de talento. Todos nós ficamos de queixo caído. Gilberto Gil queria tocar para ela a noite toda. Foi uma celebração. E no dia 22 de agosto de 1964, em plena ditadura, o Vila Velha foi inaugurado. Era para ser só um show, mas deu tanta gente que o ‘Nós, por exemplo’ fez uma semana de casa lotada."

Começava aí a revolução musical na Bahia e no Brasil. Foi um levante!! As cantoras do grupo eram Maria Bethânia e Gal, que gravou o primeiro compacto ainda como o nome de batismo: Maria da Graça. Só depois o produtor Guilherme Araújo usou  Gal Costa, sob o argumento que Maria da Graça não era nome de artista. 

O cantor e compositor Roberto Mendes também foi ‘abduzido’ pela voz e a figura de Gal Costa. Em parceria com Jorge Portugal, que não está mais entre nós, Roberto fez 'Filosofia Pura', a pedido de seu Zezinho, marido de dona Canô. Gal e Bethânia gravaram a música juntas, em 1983, no disco Ciclo da cantora santo-amarense e dedicaram a ele. Para Roberto Mendes a voz de Gal não saía da garganta. Ela não fazia esforço pra cantar. Ao saber da partida da cantora, com voz embargada ele me disse: “ Estou mais perto dela, estou mais perto de mim. Não consigo mais chorar com mortes. Agora, só o silêncio."

Para Jota Velloso, sobrinho de Caetano e Bethânia, fica na memória as tardes varando pela noite em que seus tios e Gal chegavam em Santo Amaro da Purificação. Era uma festa e a infância dele era mais feliz, contente, lúdica.

"Gal era luz, doce, cantou rock, bossa nova, Luís Gonzaga e pagode também" - a declaração é do percussionista e compositor Leonardo Reis. Preta Gil, afilhada de Gal, pediu uma música dele pra gravar. Léo deu o pagode 'Vá se Benzer', em parceria com Sergio Rocha. Só depois veio saber que Preta tinha gravado a música com a participação de Gal. "Quando ouvi, fiquei emocionado. A canção é um pagode com bacurinha, instrumento criado por Brown.“

Léo é daqueles artistas formados em barzinho. Pra alegria dele, 'Vá se Benzer' está no repertório da Família Gil. O percussionista e violonista tem orgulho em dizer que fez alguns shows com Gal e ela era puro carinho. Fica a lembrança e a voz, forte e encantadora que nos deixou. São inúmeros depoimentos de quem conviveu e amou Gal. Que nos chamou pra tomar um sorvete e muitas outras coisas boas da vida. O nome dela era Gal!!!


				
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