A Exposição Uanga, que significa encantamento em Bantu - língua africana de povos da África Central, como Angola, Congo, Gabão- vai ser aberta dia 29 deste mês, data em que Salvador da Bahia completa 474 anos. O evento é uma retrospectiva da vida do artista baiano J Cunha, de 1960 a 2023. Ele é considerado um artista de múltiplas linguagens que atua como artista plástico, figurinista, coreógrafo e designer.
Cunha nasceu na Cidade Baixa, na Ponta do Humaitá. Ele iniciou a vida artística em 1960, no Serviço Nacional da Indústria - SENAI - como torneiro mecânico, mas em pouco tempo mudou de área e ingressou na Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia – UFBA. “Jota queria mesmo era tinta na cara e não óleo“, diz o próprio.
Na ditadura, o artista foi preso duas vezes. Interrogado pela Polícia Federal, quando perguntaram a profissão dele, respondeu: “faço arte social’’. O policial ficou intrigado com a resposta. Naquela época - pontua ele - até a “roupa que vestíamos, definia a que corrente seguíamos. Eu usava bata africana, camisa caque e aberta no peito, meu cabelo era no estilo black power. Enfim, tinha todo um contexto, nós éramos marcados, perseguidos”.
O artista criou figurinos para o Grupo Viva Bahia, fundado pela etnomusicóloga e pesquisadora de manifestações culturais e tradicionais da Bahia, Emília Biancardi. Sua trajetória foi bem construída. Negro, Cunha também faz parte da história do Bloco Afro Ilê Aiyê. Durante 25 anos criou fantasias para o afro do Curuzu. Viajou várias vezes para o Continente Africano pesquisando a cultura, comportamento dos povos de África e traduziu isso em suas fantasias.
A Exposição Uanga vai ter vários momentos. Isso quer dizer que, de 29 de março até setembro, baianos e turistas vão ter acesso a uma exposição em movimento. O acervo de Cunha é riquíssimo. Só pra você ter uma ideia, foram retirados da casa dele três caminhões de obras: telas, documentos, instalações. São obras gigantescas referentes à cultura negra e indígena desse artista singular que sente saudade de uma Salvador que se vestia, ou melhor, era decorada para o carnaval. Lembra também das festas de Largo e das barracas tradicionais, pontos de encontro de gente da terra e estrangeiros.
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“Barracas clássicas como a da Índia, Comigo ninguém pode, do Juvenal, do Vitória … Tinham nomes bucólicos, agregavam, ligavam povo e artistas da terra, ponto de encontro onde se conversava tudo e nos enchia de orgulho. Digo sempre e não me canso de dizer: a Bahia é uma nação”.
Por isso e muito mais, dia 29 vá ao MAM - Museu de Arte Moderna, na Avenida Contorno, e reviva um pouco da nossa Bahia. Museu é cultura. Vamos conhecer um pouco mais da nossa Bahia.
Ópraí Wanda Chase
Ópraí Wanda Chase
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