Neste domingo, quem for ao Guetho Square vai se surpreender com o espaço físico. Carlinhos Brown fez uma reforma que está dando o que falar. Eu sabia que a reforma estava sendo feita, mas fiquei surpresa.
— Carlinhos, entrei em outro Guetho?
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— Ah! Você gostou? Que ótimo! A gente sonha grande, mas , às vezes demora para que a grandeza do sonho nos alcance. Estava em meus sonhos esse desejo de que poderíamos ter uma casa mais bonita e confortável para receber as pessoas. Essa ideia venho amadurecendo há muito tempo, mesmo antes de inaugurar o Museu du Ritmo. Já adianto que vocês vão se surpreender com o que vou fazer no Museu, mas falando do Gueto o que me deixou muito feliz foi eliminar os banheiros químicos. Esse negócio de banheiro químico não é comigo, muito me incomoda. Na rua até resolve, mas nem sempre está limpo como merece. Sou um auxiliar de limpeza. Banheiro limpo é comigo, cerveja gelada é comigo. (Brown foi auxiliar de serviços gerais na Embrasel, na avenida Paralela. A empresa não existe mais.) Sou muito exigente, então tenho que servir as pessoas a partir da minha experiência. Aqui não tem mais banheiro químico. Salvador é carente de casas de show. O Guetho ainda não está pronto, vou acrescentar mais algumas coisas. Outra novidade é que vai ser aberto para visitações. Na parte superior do lounge temos camarotes. Na chamada casa de vidro, um Studio de tv com capacidade para receber 300 pessoas. Eu me propus a colocar o Candeal com tecnologia de ponta. Agora são cinco studios que se comunicam o tempo todo. Hoje temos um Studio que poucos artistas do Brasil têm. Resolvi fazer um Studio só para mim, é personalizado, ali estão guardados meus instrumentos. O Guetho é uma galeria.
- E essas duas telas?
- Ah! Uma é Nelson Maleiro.
- A outra, quem é este homem?
- Meu Deus, é Joãozinho da Colmeia, o rei do candomblé, o homem que levou a religião de matriz africana para o Rio de Janeiro. Joãozinho era um sacerdote respeitado. Foi dele a iniciativa de criar a ala das baianas nas Escolas de Samba. As pessoas vinham do Sudeste pra falar com ele. Joãozinho vivia nessa ponte Rio de Janeiro / Salvador. Já Nelson Maleiro, veio do recôncavo pra fazer história aqui. Ele nasceu em Saubara, fazia alegorias fantásticas, criou os Blocos Cavaleiros e Mercadores de Bagdá. Nelson Maleiro foi um expoente. Ele me abriu os olhos para a cultura árabe na Bahia.
– Brown, você se inspirou no Maleiro para criar o Zarábe?
- Total! O Zarábe é o Cavaleiros de Bagdá. Nelson vinha dos carnavais de Clube, tinha um bloco de caboclo com fundamento, foi ele quem me abriu os olhos para a cultura árabe na Bahia.
Wanda Chase
Wanda Chase
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