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LUZ, ALFAZEMA E AÇÃO

Com 25 premiações, curta baiano 'Quanto mais' é exibido em festival na Califórnia (EUA)

Com roteiro, direção e montagem feita por Lucas de Jesus Ferreira, o filme fala sobre violência que acomete corpos negros

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Vanessa Aragão

15/06/2022 às 10:30 • Atualizada em 26/08/2022 às 22:52 - há XX semanas
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					Com 25 premiações, curta baiano 'Quanto mais' é exibido em festival na Califórnia (EUA)
Foto: Divulgação / Acervo Vanessa Aragão

Quantos mais? Esta pergunta ecoa a cada dia que vemos a violência que acomete os corpos negros, infelizmente, nesse Brasil e no mundo. E esse questionamento virou um curta-metragem de ficção que imita essa triste realidade para nos fazer refletir cada vez mais. Com roteiro, direção e montagem feita por Lucas de Jesus Ferreira, que é do Espírito Santo e pisou em Salvador pela primeira vez para gravar este filme, “Quantos Mais” já foi selecionado para 72 festivais, circulou em mais de 15 países e recebeu mais de 25 premiações entre Cannes, Los Angeles, Brooklyn, Hamilton, Atlanta, Ibiza, Istambul, Nova Jersey, Índia, Portugal e também, claro, em terras nacionais.

Nesta semana, o filme representa o Brasil na 24ª edição do San Francisco Black Film Festival, um dos maiores festivais de cinema preto da Califórnia, que ocorre do dia 16 ao dia 19 de junho, de forma presencial, e do dia 17 ao dia 25 de junho, de forma on-line. O curta conta com um elenco baiano formado por Wesley Guimarães, Heraldo de Deus, Sérgio Laurentino, Andréia Fábia e Adili Pita, entre outros.

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					Com 25 premiações, curta baiano 'Quanto mais' é exibido em festival na Califórnia (EUA)
Foto: Divulgação / Acervo Vanessa Aragão

Para Lucas, o filme rodando o mundo “é reafirmar mais uma vez que nosso cinema preto é potente, é potência e é urgente”. Confira abaixo como foi a ideia, realização do filme e a perspectiva do diretor e roteirista do “Quantos Mais?” sobre o cinema negro atual.

1) Como foi a ideia e criação do curta?'

L: A construção do roteiro do filme vem da necessidade de escrever algo sobre as mortes reais e violentas sofridas pela comunidade negra, principalmente pelas forças policiais. Existia um roteiro para um micro-curta falando sobre a morte de Marcos Vinicius, a criança morta pela polícia do Rio de Janeiro, mesmo estando de uniforme escolar, em 2018. Mas, o projeto ficou na gaveta e só ganhou um novo destino, quando eclodiu forte o movimento do Black Lives Matter com a morte de Jorge Floyd e com outras diversas mortes e violências ocorridas no Brasil, no ano de 2020, aí surge o roteiro de “Quantos Mais?”. Um roteiro fílmico que retrata as mortes e violências reais que vivenciamos diariamente.


				
					Com 25 premiações, curta baiano 'Quanto mais' é exibido em festival na Califórnia (EUA)

2) E a realização do filme como foi feita?

L: O filme acontece por uma construção do destino. Na época eu estava em São Mateus/ES, minha cidade natal, e eu tinha conseguido uma bolsa para fazer uma pós-graduação, em uma escola de cinema no México e acabei vendo uma postagem de Heraldo de Deus no Instagram, sobre um vídeo que o coletivo Ouriçado Produções tinha acabado de lançar. Heraldo era uma das poucas pessoas que eu conhecia da Bahia, e conversando com ele, decidi vir pra Salvador para gravar o filme aqui. O filme foi realizado de forma independente, com um recurso mínimo e pessoal, apenas com o desejo de fazer cinema e com a urgência de se falar sobre essa temática no cinema. Estruturamos toda a logística para gravar tudo, em apenas dois dias no meio da pandemia, e assim foi feito.

3) Como você vê as narrativas fílmicas que mostram a voz, a luta e a violência que as pessoas negras passam?

L: É um espaço a mais que a gente tem conquistado diariamente, fazer um cinema que fale e questione nossas dores e violências cotidianas, fazer um cinema que também fale de nossos sonhos, culturas e ancestralidades. Estamos cada vez mais, conseguindo se ver em cena e se identificando cada vez mais com as narrativas contadas. É um processo demorado, mas estamos batalhando e ganhando esse espaço e essa voz no cinema, e isso não apenas na Bahia, mas de um modo geral no Brasil e no mundo todo. Sinto que há uma ascensão, falar sobre narrativas pretas e que ela vai sim se consolidar, porque a gente produz um cinema que é riquíssimo e genuinamente poderoso.


				
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