Mangue Seco é um paraíso singular que fica na divisa da Bahia com Sergipe. Após ganhar fama na década de 90 quando serviu de locação para algumas cenas da novela Tieta, baseada na obra de Jorge Amado, o povoado baiano de apenas 200 habitantes atraiu turistas de todas as partes do país. Hoje, mais de 20 anos depois da exibição original do folhetim (1989), com reprise em 1994, Mangue Seco ainda atrai olhares pelas suas belezas, como seus coqueiros e as famosas dunas que embelezam a paisagem entre o Rio Real e a praia.
É fato que Mangue Seco é um local pacato, sem muita badalação, ideal para quem busca paz e uma conexão com a natureza. Embora esteja localizado a apenas 2h45 de carro saindo do Aeroporto de Salvador (1h30 saindo de Aracaju), Mangue Seco recebe bem menos visitantes do que outras praias famosas do Litoral Norte da Bahia. Tem muita gente que não sabe nem como chegar a Mangue Seco. Se você está nesse time, essa é hora de desvendar esse mistério.
Como chegar?
É super fácil! Saindo de Salvador, basta dirigir pela conservada e pedagiada BA-099 até a divisa com Sergipe. Ao chegar em terras sergipanas, siga o GPS até o Atracadouro do Pontal, no povoado de mesmo nome. Lá, o visitante deve deixar o carro em um dos estacionamentos locais, com diárias por R$ 15, e fazer a travessia de lancha, que tem duração de apenas 10 minutos.
Não precisa se preocupar com vagas para estacionar, pois são muitos estacionamentos disponíveis. A mesma coisa sobre a travessia. Zero preocupação! Sempre vai haver algum barqueiro pronto para te levar até Mangue Seco. O valor vai depender da quantidade de pessoas. Normalmente, estando em 5 pessoas, cobra-se R$ 70 pela travessia. Esse valor já inclui ida e volta, bastando pegar o contato do barqueiro para combinar horário de retorno. Alguns barqueiros também cobram R$ 20 por pessoa. Tudo é negociável.
Existe outra forma de chegar a Mangue Seco? A resposta é sim! A questão é que essa outra forma só vale para pessoas que estiverem em veículos 4×4, já que implica entrar pelo Povoado Costa Azul, ainda na Bahia, com acesso pela própria BA-099, seguindo pela areia da praia até Mangue Seco. É uma opção de aventura e um pouco mais demorada para quem estiver com o veículo indicado acima.
Para quem parte de Aracaju, basta dirigir pela SE-100 até o Atracadouro do Pontal. Existe ainda a possibilidade de sair de Aracaju até o Atracadouro Porto do Cavalo, que fica na região da Ponte Gilberto Amado, com travessia de barco e duração de 30 minutos.
Algumas pessoas fazem excursão com agências partindo de Salvador, Praia do Forte ou Aracaju. Tenha em mente que esta opção tornará a viagem um pouco mais cansativa e não permitirá que você desfrute de toda a paz que Mangue Seco tem a oferecer. Eu recomendo um final de semana inteiro no povoado para que você possa curtir a praia, tomar banho no Rio Real, se aventurar pelas dunas, seja a pé, de quadriciclo ou buggy, além de fazer o popular ‘esquibunda’.
Onde ficar?
Agora que você já sabe como chegar a Mangue Seco, também deve estar ciente que as opções de hospedagens são poucas e muitas delas não estão disponíveis pelos tradicionais sites de busca, cabendo ao visitante, na maioria dos casos, fazer o contato diretamente com a pousada por telefone ou redes sociais. Eu me hospedei na Pousada Grão de Areia, que é dividida em duas unidades, uma à beira do rio, outra próxima a primeira unidade. Esta pousada conta com quartos para duas ou três pessoas, possui café da manhã e Wi-Fi gratuito. Os valores da diária, em julho de 2021, estavam em torno de R$ 170 o casal.
Outras opções de hospedagem em Mangue Seco são as pousadas O Forte, Pouso das Garças, Mangue Seco Hostel, Eco Resort Recanto da Natureza, Algas Marinhas, Fantasias do Agreste e Asa Branca. As diárias, sempre levando em consideração duas pessoas por quarto, podem variar entre R$ 140 e R$ 400.
Quando ir?
É comum dizerem que na Bahia faz sol o ano inteiro, mas não é bem assim. Embora realmente tenhamos tempo firme boa parte do ano, alguns meses são mais propícios à chuva. Isso não quer dizer que se você pegar um mês chuvoso vai ficar o dia todo dentro da pousada sem fazer nada. Longe disso! Até porque, aqui na Bahia, sol e chuva gostam de se revezar várias vezes ao dia nos meses mais chuvosos. E quais são esses meses? Abril, maio, junho e julho. Os outros meses, normalmente, o tempo é mais firme, com o sol aberto.
Onde comer?
A culinária baiana é famosa em todo o Brasil. E onde há mar, também há muito sabor. Agora você vai perguntar se é caro comer em Mangue Seco. Veja bem! Os valores são bem próximos de qualquer lugar turístico em praias mais isoladas, como é o caso deste povoado. Isso significa que você vai encontrar pizzas, hambúrgueres, moquecas, peixes e beiju/tapioca para grupos ou pratos individuais. Entre as sugestões, indico o hambúrguer gourmet com batata frita por R$ 38 no Bar.Co (no Mangue Seco Hostel). Lá também tem um brownie delicioso.
A moqueca de camarão para duas pessoas saiu por R$ 100 no Restaurante Asa Branca, tanto o que fica do lado da praia quanto o que está à beira do rio. Você também pode comer tapiocas com recheios diversos, como frango com catupiry por R$ 18 na lanchonete colada à Pousada Grão de Areia. Esse lugarzinho vende ainda sorvete a quilo, sendo que paguei R$ 9 por duas bolas. A sempre concorrida pizza pode ser encontrada em vários restaurantes, por valores que variam entre R$ 40 (grande) e R$ 70 (família). O preço das bebidas vai variar um pouco de um lugar para outro, mas nada que fuja ao comumente praticado em bares e restaurantes. Outro restaurante com preços razoáveis é o da Pousada Fantasias do Agreste.
O melhor negócio aqui é relaxar e apreciar o inconfundível sabor da Bahia. Frutos do mar são maioria, como camarão, peixe, lambreta, siri, caranguejo, dentre outros. Ah! Ainda tem a Sorveteria Recanto Dona Sula, que pertence a uma prima distante de Jorge Amado e fica na Praça da Igreja.
O que fazer?
Embora seja um vilarejo pequeno, você terá muito o que apreciar em Mangue Seco. Além do Rio Real, com suas águas calmas, é possível aproveitar a praia em um restaurante à beira mar. Cartão-postal de Mangue Seco, as dunas são obrigatórias a qualquer visitante. Você até pode explorá-las a pé, mas eu recomendo que escolha fazer de quadriciclo ou buggy. Para isso, basta alugar o veículo na Associação de Bugueiros.
Normalmente, o passeio de buggy ou de quadriciclo custa R$ 170 e é sempre acompanhado por guia. Com duração estimada de 40 minutos, você vai subir e descer dunas e realizar algumas paradas para fotos em pontos estratégicos. Ao final do tempo, o guia te deixa na praia, bastando combinar o horário da volta. Se o mar não te agradar, você também pode pedir para ficar no restaurante à beira do rio, curtindo águas mais tranquilas. O retorno é no mesmo esquema de combinar o horário.
Apesar de ser dito que o passeio dura 40 minutos, nos aventuramos por quase 1h e ficamos pelo rio, pois a maré estava revolta por conta dos fortes ventos. Não deixe de pechinchar! Nós pagamos R$ 150 por cada quadriciclo. Lembrando que diferente do quadriciclo, que costuma levar duas pessoas, o buggy pega até 4. Tudo vai depender do seu gosto. Há passeios de até 1h30 com o próprio buggy. Algumas opções ainda mais longas podem te levar a outros paraísos baianos, como Barra de Siribinha e Praia Costa Azul.
E não esqueça que Mangue Seco também tem um lindo encontro do rio com o mar, o que rende um passeio de barco inesquecível. Outra boa pedida por aqui é o Pôr do Sol, que pode ser apreciado nas dunas ou à beira do rio. Um dos melhores ângulos fica na grande duna do lado da torre. Ali também costuma ser praticado o esquibunda, tradicional brincadeira de locais nordestinos onde as dunas dominam a paisagem.
Lembre-se de andar um pouco pela vila e prestigiar o artesanato local, que, além de lindo, é super barato. Você vai encontrar várias lojinhas e um “shopping”. Calma! Não se trata de um grande centro de compras, mas de uma lojinha que foi nomeada como “Shopping Mangue Seco”. Esse lugar inusitado fica logo em frente à igrejinha Bela Vista de Santa Cruz, onde missas são realizadas para receber os mais fiéis.
Outros pontos famosos por aqui são os coqueiros Romeu e Julieta e o Morro do Cajueiro. Os nativos costumam dizer que a abertura da novela foi gravada nestes coqueiros, mas há quem diga que os coqueiros originais desapareceram há anos por conta do turismo predatório. Certifique-se com o guia e avise que gostaria de passar por esses dois lugares, pois alguns passeios podem fazer outra rota.
*Erick Issa
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