O início de um novo ano é sempre um convite à mudança. Fazemos listas, traçamos metas e prometemos nos tornar “melhores”. Muitas vezes, essas promessas vêm com toda a intenção de cumprirmos. “Vou emagrecer”, “vou guardar dinheiro”, “vou ser mais paciente”. Contudo, ao longo do ano, quantas dessas resoluções realmente saem do papel? Essa dificuldade não acontece porque somos “fracos” ou “sem foco”, mas porque nossas decisões estão muito mais ligadas ao que sentimos do que ao que pensamos.
Como psicólogo, vejo isso o tempo todo – seja em atendimentos, seja em conversas do dia a dia. Ao revisarem o ano que passou, muitas pessoas percebem que, por trás de cada grande decisão, havia uma emoção conduzindo o processo. O neurocientista António Damásio já dizia: “não somos máquinas de pensar, somos máquinas de sentir que pensam.” Ou seja, o sentir vem primeiro, e o pensar organiza depois.
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Pense em 2024: quantas vezes você tomou decisões movido pelo medo, pela raiva ou pelo desejo de se sentir melhor? Em algumas situações, como em um relacionamento, quantas pessoas decidem terminar por medo de serem abandonadas? Esse medo, que nasce do impulso de evitar a dor, pode nos levar a decisões precipitadas, que depois tentamos justificar racionalmente. Mas essa “racionalização” muitas vezes esconde o que realmente está em jogo: uma emoção que, mal compreendida, distorce nossa percepção da situação. Isso é completamente humano, mas também pode ser limitante.
Em vez de simplesmente rejeitar as emoções, precisamos aprender a entendê-las. Elas não são obstáculos; são guias que indicam o que queremos evitar ou alcançar. Quando ignoramos esse aspecto, corremos o risco de tomar decisões que não refletem nossos verdadeiros desejos, mas sim uma reação imediata às emoções não compreendidas.
Por isso, o segredo não está em tentar ser 100% racional, mas em integrar o sentir ao pensar. O autoconhecimento é a chave para que possamos distinguir o que estamos sentindo de uma reação impulsiva, permitindo que nossas escolhas se alinhem com os nossos valores mais profundos. Reconhecer a emoção é o primeiro passo para tomar decisões mais conscientes.
Ao entrar em 2025, em vez de se concentrar apenas no que fazer, que tal perguntar: “Como minhas emoções podem me ajudar a ser mais verdadeiro comigo mesmo?” Promessas feitas apenas pela lógica muitas vezes falham, pois não tocam o núcleo do que sentimos de verdade.
Por isso, acolha suas emoções – sejam elas medo, entusiasmo ou insegurança – como partes essenciais do seu processo de mudança. Ao integrar essa percepção emocional com suas decisões, você poderá viver de forma mais autêntica e construir um ano realmente transformador.
Que 2025 seja um ano em que você escute o que sente, reconheça o que pensa e aja de maneira mais plena e consciente. Afinal, viver bem não é ignorar as emoções, mas aprender a respeitá-las como guias do nosso caminho, ajudando-nos a fazer escolhas que realmente nos conectem com quem somos e com o que realmente queremos.
Fabiano Lacerda
Fabiano Lacerda
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