Nesta semana, um vídeo que viralizou nas redes sociais mostrava uma lésbica relatando diversas ações que, na sua opinião, eram “obrigação” da lésbica caminhoneira. Ela citava que, ao namorar uma sapapaty (sapatão patricinha/lésbica feminilizada), a desfem seria, necessariamente, responsável por fazer churrasco, dirigir, trocar resistência do chuveiro, arrastar móveis e carregar peso.
Se o machismo já é opressor com os homens ao exigir deles esses comportamentos “masculinos”, o que dizer quando se espera que uma mulher cumpra esses papéis? A heteronormatividade (que determina que todos se comportem como hetero) é uma praga na sociedade e permitir que ela se faça presente também no relacionamento lésbico é violento com ambas as envolvidas.
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Exigir que, em um casal lésbico, uma performe masculinidades e a outra, feminilidades, é apagar a subjetividade desses indivíduos e subjugá-los a uma lógica opressora que deslegitima a sua identidade, decisões e desejos. É mais que urgente relembrar o óbvio: há muitas lesbianidades e muitas mulheridades possíveis e todas são válidas.
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Ser feminina não te torna menos lésbica, ser caminhoneira não te torna menos mulher; nossa expressão de gênero não dita nossas preferências, nossos comportamentos e nossas relações.
Se relacionar com uma desfem não significa esperar que ela abra a porta do carro; namorar uma “sapapaty” não é uma obrigação se você é caminhoneira. Que esse texto seja um lembrete de que podemos, sim, ser quem somos e amar quem amamos, apesar das pressões e opressões externas. Vamos nos unir e nos fortalecer, sapatonas!
Gisele Palma
Gisele Palma
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