Uma vivência muito comum entre nós, mulheres lésbicas, é a sensação de solitude. Em meio a uma sociedade cisheteronormativa, as nossas pautas, inseguranças, descobertas e afetos parecem ser irrelevantes e nos sentimos desajustadas. Se não reagirmos, a nossa autoestima vai sendo, pouco a pouco, minada. Como combater isso?
Quando saio com amigas hétero, a palavra “boy” é a que mais escuto. As relações delas com seus alecrins dourados dominam os assuntos entusiasticamente. Mas, mesmo sem ninguém perguntar, eu falo as minhas sapanovidades também.
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Independentemente de quão suculentas sejam as minhas histórias (como quando contei sobre o meu primeiro sexo anal com a minha namorada e sobre um menage com outras duas sapatonas), a reação delas geralmente é ou um “humm” desinteressado ou diversos questionamentos em tom de chacota.
“Como é que dá o cu sendo lésbica?”, “Tem certeza de que você não sente falta de nada?”, “Qual é a graça de usar um pau de borracha?”, “Foi só oral, nem teve sexo?”, “Quem é o homem da relação?”, “O bom é que não passa ISTs”, “Você tem coragem de chupar buceta mesmo?”... Sim, eu já ouvi tudo isso.
Letramento lésbico no mundo 'machocentrado'
As pessoas hétero, em sua maioria, têm uma falta de letramento preocupante com as questões de sexualidade. Adotam as suas realidades como padrão e válidas e ignoram as demais. Para não se sentir inferiorizada, em meio a tanta opressão (muitas vezes vinda do nosso próprio núcleo de amizades e família), é fundamental buscar se lesbocentrar.
Recomendo que você se entretenha com filmes, séries, livros e músicas que visibilizem a lesbianidade - nesta minha coluna, dei várias dicas, vale a pena conferir. Além disso, busque acompanhar influencers lésbicas no Instagram, contratar profissionais lésbicas, construir amizades com lésbicas e frequentar locais pensados para lésbicas.
Eu amo o “privilégio” de ser sapatão e espero que você possa, para além de se aceitar, encontrar esse amor dentro de você também. A lesbianidade é um motivo de orgulho, não de vergonha. Sigamos juntas na desconstrução dos preconceitos e na conquista dos nossos espaços.
Gisele Palma
Gisele Palma
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